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Filosofia

Sua obrigação de sentir dor, derrapar nas curvas e ter cáries

08/03/2010

Sua obrigação de sentir dor, derrapar nas curvas e ter cáries

O demiurgo que reside no Palácio da Alvorada desentendeu-se com o iluminado que habita a Casa Branca.  O primeiro, que surrupia nosso dinheiro, não gostou da maneira como o último está gastando o dinheiro que surrupia dos americanos.  Por causa disso, decidiu punir a todos nós, que não temos nada a ver com essa briga de gangues.

Explicando: o Brasil "ganhou" na Organização Mundial de Comércio (OMC - a quadrilha suprema que determina as regras que as quadrilhas nacionais devem impor a seus súditos, caso estes queiram incorrer em alguma prática comercial internacional) o direito de retaliar os EUA, já que o país concede subsídios à produção e à exportação de algodão.  Por retaliar, leia-se "encarecer o acesso dos brasileiros a produtos vendidos pelos americanos".

Entre os produtos que constam da "lista de retaliação", estão metanol (com alíquota de 22%), paracetamol (28%), soro de leite (48%), trigo (30%), batatas conservadas (34%), bebidas não alcoólicas (40% - ainda bem que meu Red Bull vem da Áustria), dentifrícios (36%), pneus novos (32%), produtos de beleza (36%), leitores de códigos de barras (22%), fones de ouvido (40%), óculos de sol (40%) e veículos de até mil cilindradas (50%).  Veja a lista completa aqui.

Além do soro de leite (alimento protéico de alto valor nutritivo), do paracetamol (substância usada para reduzir febre e aliviar dores) e do trigo (que pode impactar o preço do pão), note que os celerados incluíram na lista pasta de dente e pneus novos - afinal, esse negócio de escovar dente e dirigir em segurança são afetações burguesas.

Até onde se sabe, Don Corleone se preocupava em poupar inocentes durante seus acertos de contas com outras quadrilhas.  Mais ainda: o Chefão prosperou justamente porque atendia à demanda dos consumidores, fornecendo-lhes bens e serviços que o estado havia proibido.

Já o moderno formato das máfias, que agora operam livremente em âmbito mundial, é exatamente o inverso: os chefões trocam tapinhas nas costas e punem justamente os idiotas inocentes que os sustentam, encarecendo artificialmente seu acesso a vários produtos essenciais.  Ou vai me dizer que soro de leite, paracetamol, pneus e dentifrício são itens supérfluos?

E o pior é ver gente dizendo que, se o estado for abolido, quadrilhas despóticas assumirão o poder...

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Mais sobre o assunto: A indústria de calçados e os pobres descalços

Sobre o autor

Leandro Roque

Leandro Roque é editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

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