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Filosofia

Previsões econômicas de Marx: mais de 150 anos de fracasso

10/06/2025

Previsões econômicas de Marx: mais de 150 anos de fracasso

A partir da base falha da teoria do valor-trabalho, Karl Marx fez uma série de previsões sobre o capitalismo que o tempo demonstrou serem incorretas. Entre elas estão o empobrecimento das massas devido à acumulação de capital, a superprodução crônica, o imperialismo impulsionado pelo capitalismo e o inevitável surgimento de monopólios.

 

Empobrecimento

Mesmo durante a vida de Marx, o capitalismo melhorava as condições materiais dos trabalhadores e elevava os padrões de vida. A Revolução Industrial, juntamente com os avanços em tecnologia e produtividade, permitiu que trabalhadores com baixa qualificação alcançassem um padrão de vida que, em outras épocas, seria inimaginável até mesmo para os mais ricos.

Na verdade, o capitalismo concretizou muitas das promessas que antes eram feitas pelo socialismo. Marx imaginava um futuro em que a classe trabalhadora alcançaria prosperidade, tempo livre e desenvolvimento cultural, objetivos que, em grande parte, foram realizados sob sistemas capitalistas. Hoje, os trabalhadores desfrutam de salários reais mais altos, jornadas de trabalho mais curtas, melhores condições no ambiente laboral e maior acesso à saúde e à educação do que em qualquer outro momento da história. Inovações que antes eram consideradas luxos, como encanamento interno, refrigeração e comunicação global instantânea, agora são padrão para grande parte da população mundial.

 

Equipamentos de capital

Marx acreditava que as novas tecnologias:

- Eliminariam empregos e forçariam os trabalhadores a ocupações com salários mais baixos. Ele teorizava que a automação criaria um “exército industrial de reserva” permanente de trabalhadores desempregados, pressionando os salários para baixo.

- Reduziriam os trabalhadores a meros operadores de máquinas. Ele argumentava que a especialização e a mecanização retirariam dos trabalhadores suas habilidades e seu poder de barganha.

- Extraíram mais trabalho em menos tempo. Ele temia que os capitalistas usassem a tecnologia para aumentar os lucros, estendendo os turnos, reduzindo os intervalos e acelerando o ritmo da produção.

No entanto, o que aconteceu foi o oposto: a tecnologia aumentou a produtividade dos trabalhadores, tornando-os mais valiosos para os empregadores, que, por sua vez, passaram a oferecer salários mais altos para atraí-los e mantê-los. Embora alguns empregos tenham sido eliminados, surgiram novas indústrias e ocupações, muitas vezes exigindo níveis mais elevados de qualificação. Hoje, os operários de fábricas realizam menos tarefas repetitivas e mais funções complexas, como programação de máquinas CNC (controle numérico computadorizado), manutenção e supervisão de sistemas automatizados.

Em vez de jornadas de trabalho mais longas, o tempo médio dedicado ao trabalho diminuiu de forma significativa. Na época de Marx, era comum que operários de fábricas trabalhassem de 60 a 80 horas por semana. Hoje, na maioria dos países industrializados, a carga horária semanal varia entre 35 e 40 horas, e benefícios como folgas remuneradas, licenças médicas e planos de aposentadoria são amplamente difundidos. Além disso, a automação eliminou em grande parte as tarefas mais perigosas e fisicamente exaustivas.

Marx via o progresso econômico como um jogo de soma zero, no qual os ganhos dos capitalistas necessariamente representavam perdas para os trabalhadores. No entanto, os avanços tecnológicos ampliaram a produção econômica, criaram novas indústrias, elevaram os salários e melhoraram as condições de trabalho.

 

Superprodução

Marx afirmava que os empregadores capitalistas suprimiriam os salários até o ponto em que os trabalhadores não teriam condições de comprar os bens que produziam, o que levaria a estoques encalhados e ao colapso econômico. No entanto, em nenhum sistema econômico se espera que os trabalhadores comprem tudo o que produzem.

Considere, por exemplo, um sapateiro na Europa medieval que fabricava 30 pares de sapatos por mês. Ele obviamente não poderia comprar todos — precisava vendê-los para adquirir alimentos, roupas e materiais para fazer mais sapatos. Ainda assim, o mercado de calçados não entrou em colapso porque a demanda não se limitava aos sapateiros — outras pessoas também precisavam de sapatos.

Da mesma forma, nas economias modernas, as empresas não dependem exclusivamente de seus próprios empregados como consumidores; elas vendem para um mercado amplo, que inclui consumidores tanto domésticos quanto internacionais. O capitalismo tem conseguido superar, de forma consistente, os desequilíbrios entre oferta e demanda por meio de mecanismos de preços, expansão de mercados e inovação.

 

Imperialismo

Marx acreditava que os capitalistas lucravam ao extrair a chamada “mais-valia” dos trabalhadores, pagando-lhes menos do que o valor que produziam. Ele argumentava que, à medida que a automação e a concorrência reduzissem as margens de lucro, os capitalistas passariam a explorar os trabalhadores cortando salários ou aumentando a carga horária, e buscariam novas fontes de mão de obra barata, recorrendo, por fim, à conquista de territórios para manter os lucros.

Essa previsão falhou em vários aspectos. Primeiro, a capacidade dos trabalhadores de mudar de emprego, negociar salários mais altos ou abrir seus próprios negócios impede que os empregadores reduzam os salários ao nível de mera subsistência, algo que não se pode dizer das sociedades marxistas-leninistas, nas quais o estado é o único empregador.

Segundo, o comércio, e não a conquista, demonstrou ser o caminho mais eficaz para a expansão econômica. Como observou Adam Smith em A Riqueza das Nações, a guerra e a colonização são mais caras, menos produtivas e menos lucrativas do que a troca voluntária. A razão pela qual guerras e imperialismo são, às vezes, associados ao capitalismo é que o estado, aliado a capitalistas favorecidos, se aproveita da riqueza gerada pelo capitalismo para expandir seu próprio poder.

Por fim, o capitalismo incentiva a inovação, criando novos mercados e setores. O crescimento econômico não veio da expansão territorial, mas do desenvolvimento de novos produtos, serviços e modelos de negócios que aumentam a riqueza em toda a sociedade.

 

Monopólio

Marx previu que a concorrência acabaria inevitavelmente levando pequenas empresas à falência, restando apenas um punhado de monopólios com poder suficiente para suprimir salários, controlar preços e sufocar a inovação.

Embora monopólios realmente surjam, eles tendem a ser de curta duração em mercados competitivos. Sempre que um empreendedor lança um novo produto ou serviço, ele pode desfrutar temporariamente de uma posição dominante no mercado, mas logo surgem concorrentes, desde que o governo não impeça a entrada de novos participantes. Na verdade, essa situação nem sequer caracteriza tecnicamente um monopólio, já que monopólios, por definição, envolvem privilégios legais concedidos pelo estado a empresas com conexões políticas.

Além disso, à medida que as empresas crescem demais, frequentemente enfrentam deseconomias de escala, ineficiências que aumentam os custos e reduzem a agilidade. Burocracia, lentidão nas decisões e complexidade organizacional frequentemente enfraquecem grandes corporações, abrindo espaço para concorrentes menores e mais inovadores.

No fim das contas, é a intervenção governamental, e não o livre mercado, que tem sido o principal fator de sustentação de monopólios duradouros. Regulamentações, subsídios e exigências de licenciamento frequentemente atuam como barreiras que protegem empresas já estabelecidas contra a concorrência.

 

Conclusão

As previsões de Karl Marx sobre o capitalismo fracassaram de forma consistente. Em vez de empobrecimento, o capitalismo elevou os padrões de vida. Em vez da destruição de empregos, a tecnologia criou novas indústrias e oportunidades. Em vez do colapso econômico causado pela superprodução, o comércio global prosperou. Em vez da conquista, o capitalismo promoveu a expansão econômica por meio da troca voluntária. E em vez da estagnação monopolista, a concorrência e a inovação continuam impulsionando o progresso econômico, apesar da intervenção dos estados.

As previsões econômicas de Marx não estavam apenas erradas, eram profundamente falhas em sua base. O capitalismo, apesar de suas imperfeições, superou a visão marxista ao proporcionar prosperidade em uma escala jamais vista.

 

Este artigo foi publicado originalmente no Mises Institute.

 

Recomendações de leitura:

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Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.

Sobre o autor

Richard W. Fulmer

É coautor de "Energia: O Recurso Mestre" e de cerca de setenta artigos sobre economia de livre mercado. Ele se formou em engenharia mecânica em 1978 pela Universidade Estadual do Novo México e trabalhou como engenheiro e analista de sistemas antes de se aposentar. Atualmente, ele está trabalhando no livro "Economia do Homem das Cavernas: Economia Básica em 33 Contos Pré-Históricos".

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