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Igualitarismo woke e as elites

24/05/2023

Igualitarismo woke e as elites

No ensaio Egalitarianism and the Elites, publicado em 1995 na Review of Austrian Economics, um dos insights mais brilhantes de Murray Rothbard foi que mesmo a implementação de uma sociedade igualitária requer liderança. Como a queda de um sistema para a implantação de um novo modelo de sociedade não pode surgir do nada, alguém deve comandar e liderar esse processo. E naturalmente, esses líderes ocuparão cargos de poder.

Com efeito, a afirmação de Rothbard demonstra como a existência humana é desigual e como alguns são naturalmente mais qualificados para conduzir os processos sociais. Em uma sociedade de livre mercado, os líderes são os empresários. Com sua capacidade de prever necessidades futuras, geram novas soluções e criam arranjos produtivos. Como consequência, eles criam lucro para si mesmos e valor para seus clientes.

Por outro lado, em uma sociedade centrada no Estado, naturalmente alguém se destacará e comandará a conquista e manutenção do poder. Nesse sentido, há muitos arranjos possíveis, pois há uma grande variedade de situações nas quais os líderes podem estar envolvidos.

Recentemente, a civilização ocidental vive um momento em que o construtivismo social ressurgiu, agora sob o nome de “progressismo”. Porém, mesmo com um novo nome, o progressismo nada mais é do que uma tentativa construtivista de refundação da sociedade.

Para aqueles mais preocupados com as falhas do construtivismo, Ludwig von Mises em seu livro Teoria e História já explicou por que o construtivismo é arbitrário, em contraste com o complexo processo social espontâneo no qual os indivíduos estão envolvidos. Assim, movimentos construtivistas (como Black Lives Matter, por exemplo) nada mais são do que instrumentos utilizados por pessoas que querem alcançar o poder e determinar os rumos da sociedade.

Eles não apenas negam o processo social de desenvolvimento institucional. Os líderes desses movimentos, usando a desculpa da necessidade de criar uma nova sociedade, querem criar um novo cenário em que eles dão as cartas. Se as instituições atuais não permitem que eles estejam no poder, eles querem acabar com as instituições atuais e criar outras que possam controlar.

Na verdade, os líderes desses movimentos estão focados no poder político, que os recompensará com poder e riqueza. As melhorias na sociedade como um todo não importa para eles: eles estão preocupados apenas com as melhorias para o grupo que comanda a massa. E todos esses movimentos “sociais”, geralmente alinhados com a esquerda progressista radical tentam resolver todo e qualquer problema por meio da intervenção do Estado.

Cada problema da vida privada torna-se uma questão pública e, com o tempo, o Leviatã se expande cada vez mais, tanto em termos de renda quanto de influência. Aliados ao governo e ao establishment, os líderes desses movimentos ganham assim relevância no debate público, ocupando cargos e sendo pagos para nada produzir.

Eles são o oposto dos empreendedores: ao invés de produzir bem-estar e melhorar a vida das pessoas, eles disseminam o caos para colher recompensas institucionais enquanto aniquilam as instituições. A família, a religião e a ética do mercado estão cada vez mais sob ataque, e esses movimentos sociais estão trabalhando para substituir esses arranjos privados pela influência do Estado e pela engenharia social.

Também é crucial notar que esses tipos de movimentos são legitimados na esfera pública. Em geral, a grande imprensa os trata como verdadeiros representantes de determinados segmentos de nossa sociedade. Além disso, a mídia apresenta os líderes desses movimentos como especialistas em determinados assuntos, mascarando os reais interesses de suas organizações.

Rothbard não poderia estar mais certo. No movimento progressista woke, existem elites que na realidade não estão preocupadas com a agenda que dizem defender (por exemplo, igualdade racial e de gênero). De fato, esses movimentos geralmente acabam envolvidos na política e parasitam o Estado, enquanto a grande massa é enganada e recebe apenas decepções e piores condições materiais.

Aconteceu no socialismo do século XX, que promoveu os maiores assassinatos em massa da história, em países como China, União Soviética e Cuba. E acontecerá novamente sob o socialismo progressista woke do século XXI: seus líderes querem ser novos reis e usam as massas como infantaria a serem sacrificadas nos campos de batalha.

Sobre o autor

Artur Ceolin

Doutorando em Economia na Universidad Rey Juan Carlos, em Madri.

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