A culpa é sempre dos outros
Lula, obviamente, nunca viu nada, nunca ouviu nada, nunca fez nada.
Com vigor renovado, Lula voltou a exibir toda a sua insipiência ao culpar os portugueses pelo estado do ensino no Brasil -- ensino este definido e controlado pelo Ministério da Educação.
Esse tipo de pensamento não é novo e representa imodestamente certa mentalidade brasileira que pode ser definida como a vanguarda do atraso -- e da qual Lula e os seus representam a "elite" maculada.
Costumo dizer nas minhas palestras que não faz o menor sentido culpar Portugal pelas nossas mazelas do presente, pois não controlam a política brasileira desde 1822 -- e não seria incorreto dizer que nossa independência começa em 1808.
Em meu livro "Pare de Acreditar no Governo" (Editora Record), digo que "os portugueses aqui chegaram para construir um país e deixaram um profundo legado cultural e político que ajuda a explicar a nossa relação com o governo", mas que essa herança não é maldição.
Aquilo que fizemos para que o Brasil se tornasse o que é hoje é exclusividade e responsabilidade nossa e dos nossos antepassados, ao contrário do chavão que culpa os portugueses e a Igreja Católica por todos os nossos infortúnios. Afirmar que ambos continuam a ser responsáveis por nossos problemas atuais é, mais uma vez, atribuir a terceiros uma responsabilidade que é nossa. O hábito faz o monge.
No meu livro tento justamente desfazer essa visão fatalista e determinista da nossa história e estimular o leitor a assumir a responsabilidade que lhe cabe na condução da própria vida e na sua contribuição na vida em comunidade. Se você joga lixo no chão, por exemplo, não será a pessoa mais indicada para reclamar que as ruas estão sujas e cobrar da prefeitura.
Conhecer a nossa história política, assim como as ideias, ideologias e os personagens centrais da cadeia de comando é a maneira mais adequada de descobrir e reconhecer os erros para podermos reformar o que precisa ser reformado e eliminar o que deve ser eliminado.
Isso inclui a mentalidade de personagens como Lula, que, presumo, jamais teria espaço na política portuguesa e brasileira do século XIX.
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