Economia
Esta crucial profissão está para desaparecer na próxima década
Inicialmente, um milhão de homens já estão marcados para serem substituídos
Esta crucial profissão está para desaparecer na próxima década
Inicialmente, um milhão de homens já estão marcados para serem substituídos
Existem 3,5 milhões de caminhoneiros nos EUA. Aproximadamente 2 milhões são caminhoneiros dedicados a viagens longas. [No Brasil, são dois milhões de caminhões em atividade].
Agora veja o comercial abaixo. São apenas 80 segundos (um minuto e vinte). Vale muito a pena.
Uma empresa chamada Plus.ai, voltada para inteligência artificial, criou um caminhão que literalmente "dirige sozinho". Trata-se do primeiro caminhão deste tipo já produzido. Ele cruzou os EUA de costa a costa (da Califórnia até a Pensilvânia), com uma carroceria refrigerada carregada de manteiga. Ele fez paradas apenas para cumprir as regulações federais, que exigem paradas temporárias e um número mínimo de "descanso". O caminhão passou por todos os tipos de estradas e de ruas, e por todos os tipos de clima. Completou a jornada em 3 dias, um recorde.
Por lei federal, é necessário haver um motorista dentro do caminhão. Isso limitou o tempo em que o caminhão podia rodar na estrada: apenas 11 horas para cada período de 24 horas.
Se não fosse exigida por lei a presença de um motorista no caminhão, o veículo poderia ter cruzado o país em aproximadamente um dia e meio.
Isso não é faz-de-conta. Este caminhão está, figurativamente, descendo uma estrada na qual dois milhões de caminhoneiros voltados para jornadas de longa distância serão atropelados. Minha estimativa é que 50% deles já terão sumido até 2025. O ritmo de mudanças tecnológicas nesta área da economia está acelerando incrivelmente.
A empresa que realizou esta façanha foi criada por um pequeno grupo jovens extremamente talentosos com Ph.D. na Universidade de Stanford. Ela surgiu em 2016. Isso mostra quão rapidamente as tecnologias estão avançando. Elas estão surgindo do nada. O site Popular Mechanics relata outras iniciativas semelhantes.
Xos Trucks, em Los Angeles, está trabalhando com a UPS no teste de caminhões inteiramente elétricos. A Pronto.ai, fundada pelo engenheiro Anthony Levandowski, que passou por dificuldades na Uber, desenvolveu um sistema de segurança que oferece um controle de cruzeiro completamente adaptável, frenagem de emergência automática, centralização de faixa pró-ativa. A TuSimple, sediada em San Diego, se aliou aos Correios para transportar trailers entre Phoenix e Dallas. Aurora Innovation, Ike, Einride, Kodiak Robotics e Embark [todas elas startups voltas para caminhões autônomos] também querem um pedaço do bolo.
As tecnologias voltadas para veículos autônomos estão avançando a um ritmo estonteante. A indústria de transporte irá adotar estas tecnologias tão logo o governo federal autorize seu uso. Não creio que irá demorar mais do que três anos. Pode até demorar um pouco mais, mas a tendência é irreversível.
Em algum ponto, o governo federal não mais irá exigir que haja um caminhoneiro na boleia nas autoestradas. Isso irá eliminar a restrição de 11 horas jornada para cada período de 24 horas. [No Brasil são 8 horas, podendo chegar a 12.] Neste ponto, os custos trabalhistas para longas jornadas irão cair dramaticamente.
Para essas jornadas, haverá um caminhoneiro designados para ficar de prontidão perto de um posto de combustíveis. Os caminhões autônomos estarão programadas para se dirigirem para o acostamento quando se aproximarem de um posto. Um caminhoneiro local e um assistente irão se dirigir até este caminhão. O motorista irá descer do carro e entrar no caminhão. Ele então irá dirigir o caminhão até o posto, onde reabastecerá com diesel. E então o motorista irá voltar com o caminhão para a estrada, a partir de onde o computador reassumirá a direção.
Não será necessário haver muitos destes motoristas, que estarão trabalhando próximos das paradas. Quando os carros autônomos também já estiverem massificados, nem sequer será necessário um assistente para dirigir o caminhão até a rodovia.
A concorrência entre caminhões autônomos irá derrubar os custos do frete cobrados não só pelas transportadoras, como também pelas ferrovias. A velocidade de entrega é a chave. Trens não conseguirão concorrer, em termos de tempo de entrega, com caminhões que podem cruzar o país em menos de dois dias quando não mais for necessário haver um motorista na boleia, o que significa que os caminhões poderão estar na estrada 24 horas por dia, sete dias por semana. Isso irá forçar as operadoras de ferrovias a cobrar menos por distância, pois sua entrega será mais lenta. Empresas aéreas (que também transportam encomendas) não passaram incólumes por esta queda de preço. Se caminhões e trens estão reduzindo tarifas, aéreas também terão de fazê-lo para manter sua fatia de mercado.
Conclusão
Os beneficiários de tudo isso seremos nós, os consumidores. A concorrência irá derrubar os custos de entrega, com efeitos nos preços de toda a economia. Mas nossos benefícios virão a um preço: a destruição de toda uma profissão. É isso que você e eu faremos.
Em um mercado livre, são os consumidores que determinam os preços por meio da concorrência. Nós iremos demandar preços menores, não obstante o fato de que toda uma profissão irá desaparecer. Pense em caminhoneiros de longas jornadas como agricultores familiares. A profissão está fadada ao sumiço.
Todos aqueles que estão hoje em uma profissão que lida com a ameaça dos algoritmos e dos robôs manterão a tendência de acreditar que a ameaça não é real. É assim que caminhoneiros pensam hoje. Eles estão errados.
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