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A falácia do "sem uso de trabalho infantil"

25/10/2010

A falácia do "sem uso de trabalho infantil"

Para aqueles que têm sensibilidade artística, a visão e a sensação propiciadas por um tapete oriental original e tecido à mão é uma experiência única.  Esses artefatos são eternos em seu desenho e na sua qualidade, e seu aspecto melhora com a idade e com o uso.  Minha esposa e eu temos uma predileção especial por tapetes do norte do Marrocos, chamados de "kilims", cujos atributos são seus desenhos geométricos elegantes e discretos, ao contrário de seus equivalentes persas, mais extravagantes.

Em uma recente aventura de compras, quando saímos à procura de um acréscimo à nossa coleção de kilims, vi um daqueles selos de controle de qualidade, um certificado de "sem uso de trabalho infantil".  Devo confessar que fui acometido do mesmo tipo de sentimento que me ocorre quando um garçom assegura a meus amigos que o prato pedido não contém glutamato monossódico (usado na indústria alimentícia como intensificador de sabor).  Mas deixando de lado tais detalhes, minha intenção aqui é abordar a bem intencionada porém errônea tendência de boicotar ou banir os produtos feitos com trabalho infantil.

Um dos primeiros obstáculos é definir o que realmente constitui trabalho infantil.  Qual deve ser a idade de corte em sociedades nas quais a vida produtiva e reprodutiva começa muito cedo?  Nas pequenas cidades onde esses tapetes são produzidos, o casamento adolescente é comum até mesmo para os meninos.  E assim como ocorre nas comunidades rurais em vários países do mundo, ajudar nos negócios da família é algo que se aprende desde muito cedo.  Entretanto, isso são tecnicalidades de importância secundária em relação ao principal argumento, a saber: a única razão por que as crianças dos países avançados não precisam fazer esse tipo de trabalho é porque elas são mais ricas, e não por causa de leis contra o trabalho infantil ou porque tais países são de alguma forma cultural ou racialmente superiores.

Alguns anos atrás, quando vivíamos em Winnipeg, Canadá, nossa família teve a honra de fazer amizade com um grupo de ucranianos de ascendência alemã.  Sem dúvida, umas das pessoas mais gentis e adoráveis que você pode imaginar.  A maioria deles, hoje em seus anos dourados, teve de trabalhar muito duramente durante toda sua infância.  E estou me referindo a longas horas de jornada em fazendas ou em fábricas, com os pés descalços e de estômago vazio até o jantar, que era a única refeição do dia.  A Europa havia sido devastada pela guerra; não havia outra opção.

Hoje, se você olhar para seus filhos e netos que cresceram em Winnipeg, que cresceram dentro desse mesmo grupo étnico e com os mesmos valores e crenças, verá um história muito diferente.  O sucesso econômico canadense está refletido na luxuosa infância deles.

Com efeito, o desenvolvimento econômico é o precursor de todas as coisas boas e humanas.  Isso, algumas vezes, inclui até mesmo manifestações tangíveis de amor paternal -- um pai que coloca um filho para operar uma máquina de tear durante dez horas por dia o faz não por uma ganância insensível, mas porque é exatamente isso que trará comida à mesa.

Qualquer proibição ou boicote aos tapetes orientais, ou a qualquer outro produto que utilize trabalho infantil, é algo não apenas totalmente contraproducente, como também potencialmente ameaçador para a vida dessas mesmas pessoas que se está tentando proteger.  Somente o desenvolvimento econômico pode melhorar as vidas dessas crianças, e apenas o livre comércio irrestrito tem esse potencial.


Sobre o autor

Rod Rojas

É corretor de seguros e atua como conselheiro financeiro para assuntos pessoais, corporativos e de políticas públicas. é membro do Partido Libertário de Ontário.Tradução de Leandro Roque

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