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Política

Chávez: o começo do fim

28/01/2010

Chávez: o começo do fim

A crise no governo de Hugo Chávez atinge novos patamares, com o pedido de demissão de seu vice-presidente e ministro da Defesa, Rámon Carrizáles, e sua mulher, ministra do Meio-Ambiente. A economia afunda rapidamente, porque as leis econômicas não podem ser revogadas por decretos estatais. O país enfrenta o racionamento de energia, mesmo sendo exportador do "ouro negro", que existe em abundância no local. A inflação é galopante, e a recente maxidesvalorização da moeda vai apenas jogar mais lenha na fogueira.

Para compensar o fracasso econômico, Chávez intensifica a opressão política. Novos canais de TV foram fechados, despertando a revolta do povo. Houve confronto nas ruas, e dois jovens morreram, além de dezenas que ficaram feridos. O experimento socialista do século XXI está produzindo os mesmíssimos resultados dos experimentos socialistas do século XX: miséria, terror e escravidão. Não há nada de novo aqui. Qualquer liberal já sabia como as coisas seriam na Venezuela.

Já os esquerdistas não. Esses, ou boa parte deles, mostraram enorme empolgação com o "socialismo bolivariano" de Chávez. Eram otimistas quanto aos possíveis resultados "sociais" na Venezuela. Defenderam Chávez, e alguns ainda insistem na estupidez. São cegos por ideologia. No próprio governo não são poucos aqueles que admiram a "revolução bolivariana", e tentam inclusive replicá-la no Brasil. O PNDH-3, assinado pelo presidente Lula, é um esboço nesse sentido. Não dá para mudar os fatos: boa parte da nossa esquerda aplaudiu as medidas de Hugo Chávez.

Mas alguém tem dúvida de que agora, com o declínio acelerado do caudilho venezuelano, a esquerda irá se afastar desse experimento fracassado? Oportunista e hipócrita que só ela, nossa esquerda radical vai fingir que nunca defendeu com unhas e dentes o modelo de Chávez. Vai afirmar que aquilo não era socialismo coisa alguma. No máximo, "socialismo real", ou, melhor ainda, "capitalismo de Estado". Tentará apagar o rastro sujo de apoio ao regime chavista. Vai reescrever a história, como sempre fez. União Soviética? Ora, não era socialista! Afinal, o socialismo que eles pregam é uma Utopia que jamais vai existir. Sempre que os mesmos meios pregados para tal fim forem utilizados, gerando apenas desgraça, eles poderão jogar a culpa para ombros alheios, e alegar que aquilo não era socialismo.

Mas era! Socialismo é justamente isso enquanto meio: a concentração de poder no governo, a estatização da economia e da vida dos cidadãos. Chávez fez exatamente aquilo que os socialistas do governo Lula gostariam de fazer no Brasil, com seu PNDH-3. Reclamar que tais meios levaram a um fim diferente do socialismo idealizado não vale. O fim sempre será esse quando os meios usados forem aqueles defendidos pelos socialistas. Teremos apenas miséria, terror e escravidão. Isso é socialismo na prática! O resto é sonho de idiota útil, massa de manobra dos oportunistas de plantão.
Sobre o autor

Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino é formado em Economia pela PUC-RJ e tem MBA em Finanças pelo IBMEC. Trabalha desde 1997 no mercado financeiro, primeiro como analista de empresas, depois como gestor de recursos. é autor de cinco livros: Prisioneiros da Liberdade.

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