Esse site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você concorda com suas condições.

< Artigos

Filosofia

Da Reforma à Economia Austríaca

26/08/2025

Da Reforma à Economia Austríaca

[Esse artigo é uma adaptação de uma palestra dada pelo autor em 2017 no evento Austrian Student Scholars Conference realizado pelo Mises Institute.]

O início da Reforma Protestante é comumente datado do dia 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero fixou suas “95 Teses sobre o Poder e a Eficácia das Indulgências” na porta da Igreja de Todos os Santos, em Wittenberg. A porta da igreja funcionava como um quadro de avisos comunitário, e a lista de Lutero era uma forma de iniciar um debate público. Em menos de um ano, uma versão em alemão (o original estava em latim) se espalhou rapidamente pela região, e outros panfletos e livros logo surgiram. Hoje, muitas pessoas podem pensar na Reforma do século XVI como uma disputa interna entre cristãos sobre conceitos teológicos obscuros que perderam sua relevância e força. Mas as implicações da Reforma vão além do campo eclesiástico ou teológico. Elas também incluem mudanças no pensamento econômico, e as ideias protestantes tiveram um impacto duradouro em nossa forma de pensar sobre mercados e liberdade.

É claro que nenhum grupo religioso, ou não religioso, pode reivindicar exclusivamente o surgimento da economia austríaca. Protestantes, católicos, judeus, ateus e outros certamente contribuíram para seu desenvolvimento. No entanto, também é evidente que discutir a história dessa escola de pensamento econômico seria lamentavelmente incompleto sem considerar as muitas contribuições que os protestantes, e especificamente os protestantes na tradição de Lutero e Calvino, fizeram ao longo dos últimos 500 anos. Alguns, que são mais conhecidos como teólogos, contribuíram para o pensamento econômico simplesmente ao tratar a atividade mercantil como moralmente aceitável, em vez de demonizar o comércio. E, embora seja um erro pensar em alguém como Lutero ou Calvino como um libertário, vemos no pensamento da Reforma uma contribuição para a imposição de limites morais à autoridade do estado. Essa oposição ao direito divino dos reis deu frutos na Europa. Calvinistas como Samuel Rutherford, autor de Lex, Rex (“A Lei e o Príncipe”), e Philippe du Plessis Mornay, autor de Vindiciae Contra Tyrannos (“Uma Defesa da Liberdade contra Tiranos”), contestaram a suposta autoridade incontestável da monarquia. O impacto também foi sentido deste lado do Atlântico na Guerra de Independência Americana, um conflito que os britânicos apelidaram de “A Rebelião Presbiteriana”.

Uma filosofia de liberdade, é claro, não é economia. Mas restrições morais eficazes ao estado abrem espaço para o florescimento dos mercados e outras interações entre homens livres. Assim, a disseminação da teologia de Lutero, Calvino e outros nessa tradição coincidiu com a disseminação de uma revolução econômica. A contemplação dessa revolução impulsionou (algo superestimado) Adam Smith a escrever sua “Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”. Muito mais tarde, o sociólogo Max Weber considerou a possibilidade de que o pensamento protestante tivesse levado a um “espírito do capitalismo”, ao elevar a administração ascética a uma virtude para todos os cristãos em suas vocações. Ao criar um incentivo moral para a poupança e o consumo pessoal reduzido, a acumulação de capital aumentaria nas regiões protestantes.

Há críticas comuns à tese de Weber. Muito progresso no pensamento econômico foi feito por católicos escolásticos como Biel, Cajetan, Eck e Summenhart, e a história mostra que, por centenas de anos, algumas regiões católicas, como a Antuérpia, prosperaram, enquanto algumas áreas predominantemente calvinistas, como a Escócia, permaneceram relativamente pobres.

Ekelund, Hebert e Tollison responderam a essa crítica ao adicionar considerações do lado da oferta ao argumento da demanda feito por Weber. Em The Marketplace of Christianity, eles escrevem:

“Enquanto áreas católicas que estavam isoladas (por exemplo, Espanha, Portugal e Itália) não progrediram rapidamente rumo ao capitalismo, aquelas áreas contíguas a países que se tornaram protestantes confrontaram-se com atividades econômicas vibrantes e foram forçadas a responder para se manterem competitivas. Por exemplo, comerciantes em países católicos foram forçados a tomar empréstimos com taxas de juros de mercado depois que o protestantismo eliminou as restrições contra a usura” (página 210).

Há aspectos da Reforma que indiscutivelmente aceleraram o progresso da liberdade econômica e da prosperidade na Europa. Sascha Becker, professor de economia na Universidade de Warwick, estudou registros fiscais e dados de censos alemães e “confirmou uma diferença econômica persistente - protestantes alemães ganham mais do que católicos alemães”. Mesmo 500 anos depois, essa diferença permanece. Ele sugere que isso foi, em grande parte, um subproduto da reforma teológica de Lutero — ao espalhar suas ideias, Lutero incentivou a alfabetização entre o povo comum. (E também entre as mulheres. Lutero argumentava que toda cidade deveria ter uma escola para meninas, e a diferença de alfabetização entre os sexos diminuiu em áreas dominadas por protestantes.)

Portanto, eu diria que a Reforma fez duas coisas:

1. Ela incentivou a liberdade, promoveu o trabalho não eclesiástico como uma vocação potencialmente virtuosa e impulsionou o investimento de capital, direta ou indiretamente.

2. Ela incentivou o estudo econômico, à medida que as pessoas observavam e tentavam explicar a crescente atividade mercantil que florescia pela Europa nos anos seguintes à Reforma.

Quero dedicar algum tempo para examinar as ideias econômicas de Lutero, Calvino e um ou dois protestantes modernos. Comecemos com Martinho Lutero.

 

Martinho Lutero (1483-1546)

Não encontramos em Martinho Lutero um defensor consistente do livre mercado, e certamente não um economista. O pensamento de Lutero sobre os mercados era medieval, com frequentes objeções à livre troca. Em seu “Catecismo Maior”, de 1529, Lutero condenou aquele que “faz uso do mercado de maneira intencional, orgulhosa e desafiadora, como se tivesse o direito de vender pelo preço mais alto que quisesse e ninguém pudesse interferir”.

Gary North observou:

“Dada essa disposição de Lutero em reverter muitas declarações anteriores que ele mesmo havia escrito, não é surpreendente que suas declarações econômicas demonstrem, ao longo dos anos, uma falta geral de coerência”[i]. Lutero “se opunha à precificação livre. Os comerciantes não podem seguir a regra de comprar barato e vender caro. ‘Com base nisso, o comércio não pode ser nada além de roubo e furto da propriedade alheia... A regra deveria ser, não: “posso vender minhas mercadorias pelo preço mais alto que conseguir ou quiser”; mas sim: “posso vender minhas mercadorias como devo, ou de forma justa e correta”’” (North, p. 79.).

Para Lutero, havia uma separação entre o preço de mercado e o “preço justo”: “É justo e correto que um comerciante tenha tanto lucro em suas mercadorias quanto o suficiente para reembolsar seu custo e compensá-lo por seu esforço, seu trabalho e seu risco”[ii]. Lutero se opunha, em geral, ao endividamento, e até hoje a palavra alemã para dívidas (Schulden) é a mesma que para culpa. No entanto, ele reconhecia os empréstimos como contratos válidos. Rothbard destacou a visão de Lutero sobre contratos de dívida: “Os juros são ‘uma praga comum que todos assumiram para si. Temos, portanto, que aguentá-los e obrigar os devedores a cumpri-los’”[iii]. Lutero, no entanto, defendia um limite máximo de juros de cinco por cento. Um contrato com taxa de cinco por cento ficou conhecido como “o contrato alemão”. Mais tarde, a Genebra calvinista seguiria essa regra, embora o limite máximo tenha sido eventualmente elevado para 6 2/3 por cento.

Quando surgiram diversas comunas protestantes que negavam o direito à propriedade privada, Lutero se opôs com veemência. Um desses grupos era liderado por um homem chamado Thomas Müntzer, que foi um dos primeiros seguidores de Lutero, mas passou a adotar ideias cada vez mais radicais. Ele chegou a afirmar que estava “se tornando Deus” e foi expulso de cidade em cidade, vagando pela Europa Central por vários anos. Finalmente, em 1525, estabeleceu-se em Mühlhausen e começou a impor um regime comunista. Aqueles que desejavam algo simplesmente iam até um homem rico e o forçavam a entregar. Lutero reagiu com firmeza, chegando ao ponto de recomendar que tais ladrões fossem mortos:

“Portanto, que todo aquele que puder, fira, mate e apunhale, secreta ou abertamente, lembrando-se de que nada pode ser mais venenoso, prejudicial ou diabólico do que um rebelde (...). Pois o batismo não torna os homens livres no corpo e na propriedade, mas na alma; e o evangelho não torna os bens comuns, exceto no caso daqueles que, por sua própria vontade, fazem o que os apóstolos e discípulos fizeram em Atos 4 [:32-37]. Eles não exigiram, como fazem nossos camponeses insanos em sua fúria, que os bens de outros - de Pilatos e Herodes - fossem comuns, mas apenas seus próprios bens. Nossos camponeses, no entanto, querem tornar comuns os bens de outros homens e manter os seus para si mesmos. São ótimos cristãos! Acho que não sobrou um demônio no inferno; todos eles foram para os camponeses. Seus delírios foram além de qualquer medida”[iv].

Rothbard descreve Lutero como “um pensador confuso, contraditório e não sistemático na melhor das hipóteses”, acrescentando que ele foi o menos consistente em economia. Mas a Reforma Protestante que Lutero iniciou teve alguns efeitos poderosos de longo prazo sobre o pensamento econômico e o desenvolvimento econômico.

Sua teologia teve implicações em todos os aspectos da vida, inclusive na relação entre o indivíduo e o Estado. Kenneth Underwood observa que, a partir de suas convicções religiosas:

“[Lutero] elaborou ideias de considerável influência política. Essas ideias tinham a ver com os limites da responsabilidade pessoal e da liberdade nas ações públicas e com a inadmissibilidade das tentativas das autoridades eclesiásticas ou políticas de usar a coerção para obrigar o consentimento. Para Lutero, a concordância obtida dessa forma é destituída de todo valor espiritual; somente a livre adesão se qualifica como fé e moralidade. De importância cultural ainda mais ampla tem sido a convicção luterana de que as dimensões pessoais da consciência e do compromisso, da culpa e do perdão, dos afetos familiares e de parentesco são uma realidade mais básica ou primária do que as estruturas políticas de cargo, status e poder”[v].

 

João Calvino (1509-1564)

O pensamento econômico de Calvino é ambíguo. Assim como Lutero, a ênfase de Calvino era a teologia e a eclesiologia, não a economia. Ele certamente manteve alguns dos erros de sua época. Mas eu diria que o impacto geral do calvinismo foi libertador. Murray Rothbard, que não é fã do calvinismo, culpou Calvino em parte pela teoria do valor trabalho. Adam Smith, seguindo David Hume, aproximou seu pensamento da teoria do valor trabalho e, mais tarde, Karl Marx a incorporou em seu próprio trabalho. A ideia da “vocação” de Calvino, segundo Rothbard, glorificava o trabalho e pode ter contribuído para a teoria do valor trabalho.

“Calvino e seus discípulos colocaram o trabalho no centro de sua teologia social. (...) Todo trabalho nesta sociedade é investido de aprovação divina. Qualquer filósofo social ou economista exposto ao calvinismo será tentado a dar ao trabalho uma posição exaltada em seu tratado social ou econômico, e não há melhor maneira de exaltar o trabalho do que combiná-lo com a teoria do valor, tradicionalmente a própria base de um sistema econômico. Assim, o valor se torna valor do trabalho, que não é apenas um dispositivo científico para medir taxas de câmbio, mas também o vínculo espiritual que combina a Vontade Divina com a vida econômica cotidiana”[vi].

Rothbard também não via com bons olhos a ênfase do calvinismo no ascetismo pessoal e na frugalidade.

Como eu disse, pode ter havido um incentivo à educação nas regiões luteranas e calvinistas, de modo que os rendimentos entre os protestantes são de fato mais altos nos territórios de origem da Reforma. A corrupção também pode ter diminuído. Estudos descobriram que a adesão ao protestantismo e a corrupção são negativamente correlacionadas, enquanto a adesão ao catolicismo está positivamente associada à corrupção.[vii] Talvez a fé protestante, sendo menos hierárquica, seja mais tolerante com desafios à autoridade - o que se traduziria em uma disposição maior para enfrentar abusos do Estado. Ou talvez, em comparação com o protestantismo, o catolicismo minimize a importância da responsabilidade pessoal pela própria situação econômica, enfatizando a responsabilidade coletiva pelos pobres. Os regimes redistributivos resultantes poderiam criar um terreno fértil para a corrupção[viii].

Ekelund, Hébert e Tollison, em The Marketplace of Christianity, sugerem que o protestantismo também levou ao crescimento econômico, em relação ao catolicismo, por reduzir o número de feriados religiosos e as peregrinações demoradas. (p. 190)

Além disso, o incentivo do calvinismo à acumulação de capital produziu grupos de interesse que passaram a apoiar os direitos de propriedade. H.M. Robertson sugere que esses grupos pressionaram o protestantismo para dar ainda mais ênfase aos direitos de propriedade em suas versões posteriores. A “doutrina da ‘vocação’”, escreve Robertson, “não gerou um espírito capitalista. Foi o espírito capitalista que, aos poucos, modificou e desgastou a doutrina puritana (...)”[ix].

 

Calvino sobre a atividade mercantil

Gary North argumentou que Calvino “tinha pouco respeito pelos empresários em geral”, a quem se referia como “‘esses ladrões’ que esperam por uma catástrofe para poder aumentar os preços de seus bens”. Mas Ronald Stone aponta que, em comparação com outros de sua época, Calvino assumiu uma postura benigna em relação à atividade mercantil:

“O mundo real de Calvino envolvia lojistas, comerciantes e artesãos, bem como clérigos e acadêmicos. Ele era relativamente livre do desgosto medieval pelo comércio (...). Seu mundo era o do comércio urbano, e ele o afirmava. A troca de dinheiro e bens era afirmada. A própria instituição do dinheiro não era vista como suspeita”[x].

E. William Monter observou que Genebra, sob Calvino, abrigava uma crescente classe mercantil, com 50 comerciantes na cidade em 1536 e 180 no final da década de 1550[xi]. Alister McGrath acrescenta: “Uma cultura de livre iniciativa floresceu em Genebra, em grande parte graças à atitude benigna de Calvino em relação à economia e às finanças”[xii].

Calvino compreendia alguns princípios essenciais da economia que permitiram a prosperidade dos negócios. McGrath explica:

“Embora ele não tenha desenvolvido uma ‘teoria econômica’ em qualquer sentido abrangente do termo, parece ter tido plena consciência dos princípios econômicos básicos, reconhecendo a natureza produtiva tanto do capital quanto do trabalho humano. Ele elogiava a divisão do trabalho por seus benefícios econômicos e pela forma como ela enfatiza a interdependência humana e a existência social. O direito dos indivíduos à propriedade, negado pelo ramo radical da Reforma, foi defendido por Calvino”[xiii].

Em resposta aos comunistas protestantes radicais, Calvino defendeu a propriedade privada. Nos “Quatro Últimos Livros do Pentateuco”, ele escreveu:

“Pois é necessário, para a preservação da sociedade humana, que cada um possua aquilo que é seu; que alguns adquiram propriedade por compra, que a outros ela venha por direito hereditário, a outros por título de concessão (...) [O] governo político exige que cada um desfrute do que lhe pertence (...)”[xiv].

A ideia calvinista de liberdade cristã pode ter contribuído para sua atitude relativamente pró laissez-faire. A doutrina, elaborada em extensão no capítulo 19 das “Institutas da Religião Cristã”, deixava amplas áreas da atividade humana livres de restrições externas[xv]. Como escreveu Gary North, “Calvino(...) favorecia o princípio geral da aliança; os homens aliançados deveriam ser limitados por consciências não restringidas por inúmeras normas legais. [A] consciência tinha mais responsabilidade e menos diretrizes para orientar a ação humana”[xvi]. Na assistência aos pobres, Calvino também recorria principalmente à persuasão moral voltada para a caridade privada, em vez de amparo forçado. Françoise Dermange escreve:

“Calvino (...) nos lembra que a caridade não dispensa a justiça. Seu objetivo é condenar os juízes que querem ‘afastar-se da equidade em favor dos pobres’, em nome do evangelho, e ‘seguir uma ideia tola de misericórdia’ favorecendo os pobres. Em nome da justiça, não se deve cogitar prover as necessidades dos desamparados causando dano aos ricos. O Reformador concorda com Paulo: embora os ricos tenham o dever de dar esmolas, não se deve obrigá-los a compartilhar seus bens. Por mais meritória que seja a caridade e a preocupação em libertar os pobres da tirania, não se deve tornar-se menos íntegro nem por um fio de cabelo”[xvii].

Mas Calvino foi demasiado inconsistente para ser um ícone da política econômica de laissez-faire. O governo municipal de Genebra apoiava um hospital (que também funcionava como orfanato, serviço de assistência social e saúde pública), oferecia educação pública e regulava alguns preços. Havia regulação sobre incêndios e chaminés, e os cidadãos eram proibidos de se alistar como mercenários. Calvino também se opunha, por motivos morais, a contratos de trabalho que não garantissem o que hoje chamaríamos de “salário digno”, embora não apoiasse nenhum tipo de salário mínimo[xviii].

 

O Calvinismo e os Limites ao Magistrado Civil

No que diz respeito ao governo limitado, Calvino foi menos radical do que seus seguidores. Perto do fim de suas “Institutas da Religião Cristã”, Calvino escreve que era “tolo” e “prejudicial” até mesmo pensar em mudar a forma de governo sob a qual se vivia[xix]. Em seus “Comentários sobre Romanos”, ele escreveu que as vítimas de monarcas opressores só podiam culpar a si mesmas: “Pois, já que um príncipe ímpio é o açoite do Senhor para punir os pecados do povo, lembremo-nos de que acontece por nossa culpa que esta excelente bênção de Deus se transforma em maldição”[xx].

Douglas Kelly explica:

“Calvino (...) estava decidido a mostrar que os verdadeiros protestantes eram leais ao magistrado civil e que, de forma alguma, eram revolucionários políticos. Esse desejo de inocentar os companheiros evangélicos da acusação de radicalismo político é, sem dúvida, parte da razão pela qual Calvino foi excepcionalmente conservador durante toda a sua vida, opondo-se fortemente a movimentos revolucionários contra maus governantes. (...) Calvino se distanciou da posição mais radical de John Knox em favor da resistência civil na Escócia no final da década de 1550. O pensamento de Calvino, no entanto, passou por alguma evolução nesse ponto na década de 1560, durante as guerras religiosas na França”[xxi].

Embora Calvino tenha defendido, no início, que o rei estava acima da lei, ele gradualmente mudou de opinião. Apesar de ter uma visão pessimista sobre a capacidade das pessoas comuns de pensar sobre questões civis, ele passou a defender limites ao rei por meio de uma separação de poderes. Nas “Institutas”, Calvino escreveu:

“(...) não negarei que a aristocracia, ou um sistema composto de aristocracia e democracia, supera de longe todos os outros, não propriamente por si só, mas porque é muito raro que os reis se controlem a ponto de sua vontade nunca divergir do que é justo e correto; ou que tenham sido dotados de tamanha perspicácia e prudência, que cada um saiba quanto é o bastante. Portanto, por causa da falha ou defeito dos homens, é mais seguro e suportável que vários exerçam o governo, para que possam ajudar-se mutuamente, ensinar e advertir uns aos outros; e, se um agir com injustiça, que haja diversos censores e mestres para conter sua teimosia”[xxii].

Calvino esperava que magistrados civis menores protegessem o povo contra um rei tirânico. Seus seguidores, como Bucer, Ponet, Goodman, Hotman, Beza, Buchanan, Mornay, Languet e Rutherford, estavam muito mais dispostos a defender a resistência civil, alguns chegando até a justificar o assassinato de tiranos.[xxiii]

Além disso, há ressalvas interessantes, ou pelo menos inconsistências, na visão de Calvino sobre a lei. Nas “Institutas”, ele escreveu:

“Pois não considero que aquelas leis bárbaras e selvagens, como as que honravam ladrões, permitiam relações promíscuas, e outras ainda mais sujas e absurdas, devam ser consideradas como leis. Pois são abomináveis não só a toda justiça, mas também a toda humanidade e gentileza”[xxiv].

Calvino parece contornar as dificuldades de seu declarado “dever de mostrarmo-nos dóceis e obedientes”[xxv] ao permitir a possibilidade de decidir que leis ruins não são verdadeiramente leis. Mais tarde, os autores da “Confissão de Fé de Westminster”, de tradição calvinista, inseriram a mesma ressalva ao escreverem (XXIII, “Do Magistrado Civil”) que “é dever das pessoas... obedecer aos seus mandamentos legítimos” [ênfase adicionada].

 

Calvino e os Calvinistas sobre a Usura

Vamos agora considerar a usura, sob a perspectiva de Calvino e seus seguidores. A usura, propriamente definida, é a cobrança de juros de qualquer valor onde isso seja proibido. A restrição bíblica do Antigo Testamento é: não cobrar juros de compatriotas judeus, aparentemente para empréstimos de caridade. O argumento medieval era de que o dinheiro era “estéril” e não poderia gerar retorno. Isso levava à conclusão de que qualquer pagamento pelo uso do dinheiro necessariamente prejudicava o tomador do empréstimo. Calvino via que ter dinheiro por um tempo permitiria ao tomador do empréstimo comprar e vender com lucro antes de devolver o dinheiro: “O lucro não está no dinheiro em si, mas no retorno que vem de seu uso.” Calvino queria restrições sobre os juros, como não cobrar juros sobre empréstimos para os pobres e limitar as taxas de juros a 5% (mais tarde, 6,67%). Ele não achava que alguém deveria trabalhar profissionalmente como emprestador de dinheiro. Mas, como disse Rothbard,

“A ruptura ousada de Calvino com a proibição formal foi uma revolução libertadora no pensamento e na prática ocidentais. Também transferiu a responsabilidade de aplicar os ensinamentos sobre usura da Igreja ou do estado para a consciência do indivíduo. Como Tawney coloca, ‘A característica significativa em sua [de Calvino] discussão sobre o assunto é que ele assume o crédito como um incidente normal e inevitável na vida de uma sociedade’”[xxvi].

Os seguidores de Calvino removeram mais restrições: o calvinista holandês Claude Saumaise (1588–1653) justificou não apenas a agiotagem profissional, mas também os empréstimos com juros para os pobres. Mais agiotas significavam mais concorrência, produzindo taxas mais baixas, então ter mais agiotas profissionais ajudaria os pobres.

 

As principais contribuições de Calvino

Calvino contribuiu com vários insights para a economia e a política:

Primeiro, uma doutrina de depravação total, que levou à separação de poderes e limites sobre o magistrado civil.

Segundo, ênfase no sucesso vocacional e na poupança. Isso gerou capital e um grupo interessado na proteção da propriedade.

Terceiro, a liberdade cristã e a liberdade de consciência, que removeram algumas das barreiras para a liberdade contratual. Objeções morais aos termos dos contratos não levavam automaticamente à intervenção. Uma manifestação disso é a mencionada erosão da proibição da usura.

 

A Reforma e a economia desde Calvino

Vamos avançar três ou quatro séculos a partir de Lutero e Calvino e olhar brevemente para vários pensadores reformados que refletiram profundamente sobre economia e política pública. Claro, há muitos estudiosos, alguns deles significativos, que estou deixando de fora.

 

Francis Wayland

Francis Wayland (1796-1865) foi um ministro batista calvinista na Nova Inglaterra. Ele se descreveu em 1861 como um “calvinista moderado”[xxvii]. Entre o trabalho como pastor em igrejas de Boston, Massachusetts, e Providence, Rhode Island, Wayland foi presidente da Universidade Brown e, enquanto esteve lá, escreveu The Elements of Moral Science, um livro didático muito influente no meio do século XIX. Mais tarde, ele escreveu The Elements of Political Economy.

Wayland era essencialmente libertário em seu pensamento político, aderindo a ideias econômicas de laissez-faire e a uma postura antiguerra. Laurence Vance escreveu: “Seja discutindo as leis sobre usura, dinheiro e bancos, melhorias internas ou restrições ao comércio, o efeito prejudicial da intervenção governamental é um tema que aparece ao longo de The Elements of Political Economy[xxviii]. E Wayland não apenas mencionou esses temas de passagem. Vance observa que sua discussão sobre dinheiro e bancos ocupa 100 páginas.

 

Gresham Machen

Gresham Machen (1881–1937) foi um teólogo calvinista que lecionou no Seminário de Princeton no início dos anos 1900, antes de deixar a instituição junto com outros conservadores para formar o Seminário Teológico Westminster, na Filadélfia. Em 1936, ele e um pequeno grupo de presbiterianos deixaram a Igreja Presbiteriana do Norte, cada vez mais teologicamente liberal, para formar a Igreja Presbiteriana Ortodoxa. Machen era mais sistematicamente teológico do que Wayland, mas, como Wayland, era um “libertário cristão” de primeira linha. Segundo Gary North,

“Machen acreditava no governo civil limitado, na não intervenção na política externa (uma visão que ele compartilhava com Bryan) e em caridades privadas, em vez de instituições financiadas por impostos para a redistribuição coercitiva de riqueza. Ele se opôs à Lei Seca como uma incursão indevida na liberdade de ação das pessoas pelo governo civil [o que o colocou em conflito com alguns presbiterianos favoráveis à Lei Seca]. Ele testemunhou diante de uma comissão conjunta do Congresso em 1926 contra a proposta de criação do Departamento de Educação dos EUA. Ele se opôs à emenda proposta à Constituição, a emenda sobre o trabalho infantil de 1935. Ele se opôs ao alistamento militar. Ele se opôs à legislação da Segurança Social do New Deal e à sua política monetária anti-padrão-ouro, que, segundo ele, minava os contratos. Ele se opôs à leitura da Bíblia ou ao ensino de moralidade nas escolas públicas, já que reconhecia que os professores eram predominantemente ateus, deístas ou liberais em suas opiniões teológicas”.

Machen não escreveu tanto sobre questões políticas ou econômicas quanto Wayland, ou alguns dos outros que mencionarei. A maior parte de sua escrita era teológica. No entanto, a pequena coleção de ensaios Education, Christianity, and the State é excelente, e há material relacionado em outros de seus trabalhos também.

 

Frederick Nymeyer

Frederick Nymeyer (1897–1981) foi uma espécie de herói não reconhecido durante o ponto mais baixo da economia austríaca no século XX. Ele era um empresário de Chicago que apoiou a pesquisa austríaca por meio da publicação e divulgação de obras de Mises e Böhm-Bawerk.

Nymeyer leu a “Teoria do Dinheiro e do Crédito” de Mises em 1946 e iniciou uma correspondência com Mises, o que levou a uma amizade pessoal e ao apoio material ao trabalho de Mises. Na década de 1950, Nymeyer fundou a Libertarian Press e contratou Hans Sennholz como tradutor para republicar algumas das obras de Böhm-Bawerk.

Um calvinista em uma denominação Reformada Holandesa, a CRC, Nymeyer ficou muito abalado com a crescente afinidade por ideias socialistas em sua denominação e em outros lugares. Então, ele publicou por conta própria uma grande quantidade de artigos aplicando o pensamento econômico a questões éticas, como um esforço para combater essa tendência. Em uma carta de 1959 a Howard Pew, Nymeyer escreveu:

“Se houver uma re-Reforma, ela terá que ser, na minha opinião, com base no que as ciências praxeológicas e as ciências naturais contribuíram para o conhecimento humano desde os dias da Reforma. No que diz respeito às questões éticas, cheguei à conclusão de que a economia do Dr. von Mises constitui, de longe, o meio mais satisfatório para modernizar a ética da religião hebraica-cristã” (Hülsmann, 2007, pp. 915, 916).

O jornal que Nymeyer publicou chamava-se Progressive Calvinism, e depois First Principles in Morality and Economics. Nymeyer via conexões estreitas entre as ideias misesianas e a lei bíblica, o que ele elaborou em seu jornal e no livro de 1964 Minimal Religion. Em 1968, Nymeyer escreveu: “Mises me influenciou mais do que qualquer outro homem no meu desenvolvimento intelectual. Eu fui seu discípulo”. Ele se referia a Mises como “o maior campeão vivo da muralha mais profunda do cristianismo”. Após a morte de Nymeyer, Sennholz assumiu a Libertarian Press.

Há muitos outros membros da tradição reformada que contribuíram para a dispersão ou para a essência da economia austríaca e seus desenvolvimentos em questões de ação coletiva.

 

A difusão viral da Reforma

Como uma nota à parte, acrescento que a tecnologia relativamente nova da imprensa foi uma grande aliada na comunicação das ideias da Reforma. Lutero e seus seguidores utilizaram a tecnologia, juntamente com imagens em xilogravura e músicas cativantes para os analfabetos, para espalhar suas ideias na língua comum. As massas copiavam e distribuíam os panfletos de Lutero rapidamente, lendo-os em voz alta em locais de trabalho, estalagens e bares. A rede social superou os impenetráveis panfletos em latim da elite acadêmica, escritos pelos frades e bispos da Igreja Católica Romana. A revista The Economist destacou que “cerca de 6 a 7 milhões de panfletos foram impressos na primeira década da Reforma, mais de um quarto deles, de Lutero”[xxix]. Enquanto muitos europeus podem ter ficado insatisfeitos com as doutrinas e práticas católicas predominantes, a circulação de tantos panfletos deu confiança aos indivíduos de que não estavam sozinhos. Embora a oposição descoordenada pudesse ser facilmente derrotada, o surgimento de muitos em uma resposta quase simultânea ao fluxo de panfletos serviu para proteger Lutero e outros líderes da Reforma.

Isso transmite uma lição que deve ser encorajadora para os defensores da liberdade individual, aqueles que são seguidores da Reforma e aqueles que não são. O custo de espalhar a palavra escrita caiu imensamente, à medida que os panfletos da época medieval evoluíram ao longo de 500 anos. No século passado, enquanto Mises tinha poucos defensores nos círculos acadêmicos elitistas, impressoras e proto-blogueiros como Nymeyer circularam suas ideias em boletins informativos e livros impressos a baixo custo. Agora, artigos curtos na web e posts em blogs são circulados por e-mails, publicações no Facebook e tweets. Diversos memes, gifs, fotos no Instagram e vídeos curtos no YouTube comunicam visualmente àqueles que, ao contrário dos espectadores das xilogravuras medievais, são bastante alfabetizados, mas não têm tempo ou paciência para um artigo mais longo. Músicos libertários - como Eric July do Backwordz e o artista de dubstep Porter Robinson - atingem grupos que não leriam artigos hiper matematizados em periódicos acadêmicos de economia, mas podem compreender o apelo da liberdade.

 

Conclusão

O que Martinho Lutero iniciou há 500 anos foi uma revolução na teologia e na eclesiologia que teve efeitos em cadeia no pensamento social. Não vemos em Lutero, ele mesmo, um gigante do pensamento econômico. Muito pelo contrário. E muitos de seus seguidores também estavam confusos e eram inconsistentes.

No entanto, as ênfases da Reforma Protestante foram importantes para a disseminação da liberdade, e aqueles que se chamam de Reformados contribuíram para melhorar a qualidade e o apelo da economia austríaca.

A doutrina da depravação total levou à separação de poderes e a limites para o magistrado civil, enquanto o ensino Reformado sobre a própria capacidade do indivíduo de interpretar a Bíblia e escolher líderes civis e eclesiásticos reforçou as restrições ao estado. Outras ideias da Reforma incitaram as pessoas de muitas vocações - não apenas o clero - a ver o benefício de Deus em seus trabalhos no mercado. Esses trabalhadores tinham a certeza de que a agricultura, a fabricação de cerveja, a impressão ou, eventualmente, até mesmo o empréstimo de dinheiro eram profissões legítimas. E a Reforma incentivou a produtividade e a acumulação de capital: reduziu o número de feriados religiosos e reduziu os pagamentos à igreja por catedrais elaboradas e monumentais, sinecuras clericais, peregrinações e, é claro, indulgências. A ideia da liberdade cristã e da liberdade de consciência removeu algumas das barreiras à livre contratação. E, indiretamente, a Reforma incentivou o estudo econômico à medida que as pessoas observavam e tentavam explicar a rápida expansão da atividade comercial na Europa nos anos após a Reforma.

Nos tempos mais recentes, desde o desenvolvimento de uma distinta Escola Austríaca de Economia, a influência da Reforma ainda é sentida. Aqueles de todas as origens religiosas, e os não religiosos, ajudaram a avançar a economia austríaca de alguma forma. Mas a participação dos pensadores reformados - Lutero, Calvino, Wayland, Machen e muitos outros - foi importante para aprimorar a escola de pensamento em sua essência e levar as ideias mais longe do que seria possível de outra forma.

 

Notas:

[i] Gary North, “The Economic Thought of Luther and Calvin, Journal of Christian Reconstruction 2, no. 1 (Summer, 1975), pp. 76, 77.

[ii] Pelikan and Oswald, Luther’s Works, p. 249

[iii] Murray Rothbard, History of Economic Thought, vol. 1, p. 140

[iv] Jaroslav J. Pelikan, Hilton C. Oswald, Luther’s Works, 55 vols. (St. Louis and Philadelphia: Concordia Pub. House and Fortress Press, 1955–1986), 46: 50–51.

[v] Kenneth Underwood, “Protestant Political Thought,” in International Encyclopedia of the Social Sciences, Thomson Gale, 2008. Available at http://www.encyclopedia.com/social-sciences/applied-and-social-sciences-magazines/protestant-political-thought.

[vi] Emil Kauder, A History of Marginal Utility Theory (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1965), p. 5; citado em Murray N. Rothbard, Economic Thought before Adam Smith, vol. 1 (London: Edward Elgar), 1995, p. 142.

[vii] Veja Treisman, Daniel. 2000, “The Causes of Corruption: A Cross-National Study,” Journal of Public Economics, http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0047272799000924 e Seymour Lipset and Gabriel Lenz, “Corruption, Culture and Markets,” In L. E. Harrisson and S. P Huntington, Eds., Culture Matters, New York, 2000.

[viii] Veja também Keith Hylton, Yulia Rodionova & Fei Deng, “Church and State: An Economic Analysis,” University of Michigan Law School Law and Economics Workshop, 2004. Disponível em: https://www.law.umich.edu/centersandprograms/lawandeconomics/workshops/Documents/Fall2004/hylton.pdf.

[ix] H.M. Robertson, 1933. Aspects of the Rise of Economic Individualism: A Criticism of Max Weber and His School,” New York: Kelley & Millman, 1959. Disponível em: https://archive.org/stream/aspectsofriseofe00robe/aspectsofriseofe00robe_djvu.txt.

[x] Ronald H. Stone, “The Reformed Economic Ethics of John Calvin,” in Robert L. Stivers, ed. Reformed Faith and Economics (Lanham, MD: University Press of America), 1989, pp. 41, 42.

[xi] E. William Monter, Calvin’s Geneva (New York: John Wiley & Sons), 1967.

[xii] Alister McGrath, “Calvin and the Christian Calling,” 1999 First Things 94 (June/July 1999): 31-35.

[xiii] Alister McGrath, “Calvin and the Christian Calling,” 1999 First Things 94 (June/July 1999): 31-35.

[xiv] John Calvin, Harmony of the Law vol. 1, Exodus 16:17. http://www.ccel.org/ccel/calvin/calcom03.

[xv] John Calvin, Institutes of the Christian Religion, ch. 19. Philadelphia: Westminster Press (1559 [1960], p. 838–839). A doutrina também pode ser encontrada nas declarações da Assembleia de Westminster de 1646 (Williamson, 1964 [2004], p. 194). A explicação mais recente do teólogo presbiteriano do século XIX Charles Hodge (1872 [1997], p. 265) também é útil.

[xvi] Gary North, “The Economic Thought of Luther and Calvin,” The Journal of Christian Reconstruction, vol. 2, no. 1 (Summer, 1975), p. 98.

[xvii] François Dermange, “Calvin’s View of Property: A Duty Rather Than a Right,” in Edward Dommen and James D. Bratt, eds., John Calvin Rediscovered: The Impact of His Social and Economic Thought (Louisville, KY: Westminster John Knox Press), 2007, p. 43.

[xviii] “A humanidade nos é recomendada em geral para que, enquanto os pobres trabalham a nosso serviço, não abusemos arrogantemente deles como se fossem nossos escravos, ou sejamos mesquinhos e intolerantes com eles, pois nada pode ser mais injusto do que isso: quando nos servirem, não tenham ao menos o suficiente para viver frugalmente.” John Calvin, Old Testament Harmony, 3:114, sobre Deuteronômio 24:14-15, citado em François Dermange, “Calvin’s View of Property: A Duty Rather Than a Right,” in Edward Dommen and James D. Bratt, eds., John Calvin Rediscovered: The Impact of His Social and Economic Thought (Louisville, KY: Westminster John Knox Press), 2007, p. 39.

[xix] John Calvin, Institutes of the Christian Religion. Philadelphia: Westminster Press (1559 [1960], p. 1494).

[xx] John Calvin, Commentaries on Romans. Trans., ed., John Owen, http://www.ccel.org/ccel/calvin/calcom38.xvii.ii.html.

[xxi] Douglas Kelly, The Emergence of Liberty in the Modern World: The Influence of Calvin on Five Governments from the 16th through 18th Centuries (Philadelphia: Presbyterian and Reformed), 1992, p. 11.

[xxii] John Calvin, Institutes of the Christian Religion (Philadelphia: Westminster Press), 1960, pp. 1493, 1494.

[xxiii] David Hall fornece uma lista de oito obras importantes que “legitimaram a ideia de resistência dos cidadãos contra a expansão governamental que excedeu os limites adequados”, em grande parte daqueles que tiveram contato direto com Calvino: De Regno Christi (1551) de Martin Bucer, A Short Treatise of Political Power (1556) de John Ponet, How Superior Powers ought to be obeyed of their subjects; and wherein they may lawfully by God’s word be disobeyed and resisted (1558) de Christopher Goodman, The World and the Empire (1561) de Peter Viret, Francogallia (1573) de Francois Hotman, De Jure Magisterium (1574) de Theodore Beza, De Jure Regni Apud Scotos (1579) de George Buchanan, and Vindiciae Contra Tyrannos (1579) de Languet. (David W. Hall, The Legacy of John Calvin [Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed], 2008, p. 24.).

[xxiv] John Calvin, Institutes of the Christian Religion (Philadelphia: Westminster Press), 1960, pp. 1503, 1504.

[xxv] John Calvin, Institutes of the Christian Religion (Philadelphia: Westminster Press), 1960, p. 1495.

[xxvi] Murray N. Rothbard, Economic Thought before Adam Smith, vol. 1 (London: Edward Elgar), 1995, p. 141.

[xxvii] Wayland [Jr.] and Wayland, A Memoir of the Life and Labors of Francis Wayland, I, p. 125.

[xxviii] Laurence Vance, “Francis Wayland: Preacher-Economist,” https://mises.org/library/francis-wayland-preacher-economist.

[xxix] “How Luther Went Viral,” The Economist, Dec. 17, 2011, http://www.economist.com/node/21541719.

 

Este artigo foi originalmente publicado no Mises Institute.

 

Recomendações de leitura

As raízes escolásticas da Escola Austríaca e o problema com Adam Smith

O papel crucial da religião no desenvolvimento da ciência econômica

_____________________________________________

Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.

Sobre o autor

Timothy Terrell

É professor de Economia da Cátedra T.B. Stackhouse no Wofford College em Spartanburg, Carolina do Sul, onde leciona desde 2000. Obteve seu doutorado em Economia pela Universidade de Auburn em 1998. É membro sênior do Mises Institute, onde trabalha nas equipes editoriais do Quarterly Journal of Austrian Economics e do Journal of Libertarian Studies. Sua pesquisa concentra-se em questões regulatórias e de políticas ambientais.

Comentários (0)

Deixe seu comentário

Há campos obrigatórios a serem preenchidos!