Contrarrevolução!
Nota da edição:
O artigo a seguir é uma resenha feita pelo Mises Institute do livro The Counter-Revolution of Science: Studies on the Abuse of Reason [“A Contrarrevolução da Ciência: Estudos sobre o Abuso da Razão”, em tradução livre] de Friedrich Hayek, publicado originalmente em 1952. O livro pode ser lido no original em inglês, em arquivo disponibilizado pelo Instituto Mises da Áustria.
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Quando descobrimos um bom estoque deste livro, a empolgação em nossos escritórios foi palpável. Hayek o escreveu em 1952, alguns anos antes de Mises redigir seu tratado metodológico final. Ele ficou indisponível por muitos anos e continua sendo muito procurado, e com toda razão.
Na verdade, Mises adorava este livro, considerando-o uma análise brilhante da mudança dramática na maneira como passamos a enxergar as ciências. Em especial, a transformação que ocorreu nos últimos 100 anos teve um enorme impacto sobre a economia.
O problema que Hayek aborda vai direto ao cerne de como os economistas enxergam sua própria disciplina. Houve um tempo em que existiam as chamadas ciências humanas, das quais a economia fazia parte. O objetivo dessas ciências era descobrir e esclarecer as leis exatas que regem a interação das pessoas com o mundo material. Elas possuíam seus próprios métodos e recomendações específicas.
Então, algo mudou. A ciência passou a ter uma orientação completamente positivista. A economia deixou de ser uma ciência humana e foi transformada em uma espécie de “primo pobre” das ciências naturais, adotando métodos positivistas, e sem grandes resultados, afinal, os seres humanos não se comportam como moléculas, mas sim fazem escolhas e tomam decisões imprevisíveis.
O que Hayek faz neste tratado é estabelecer uma conexão entre a mudança na metodologia e uma mudança na política. A economia e as pessoas passaram a ser encaradas como uma entidade coletiva, a ser examinada como se sociedades inteiras devessem ser estudadas da mesma forma que estudamos planetas ou outros seres desprovidos de vontade própria. A partir daí, começaram-se a cometer erros, tratando fatos como se fossem teorias e teorias como se fossem meras contingências. E, assim, o estado é convidado a tratar a sociedade como um laboratório.
Essa redefinição do que constitui a ciência teve, portanto, um resultado terrível, e até mortal, para o bem-estar humano e para a liberdade. A ciência passou de amiga da liberdade para ser utilizada como sua inimiga.
É justamente essa conexão que torna o livro tão revelador e, no fim das contas, devastador. A Contrarrevolução da Ciência é o contundente ataque do vencedor do Prêmio Nobel Friedrich Hayek contra esse abuso da razão, além de trazer uma visão clara sobre como recuperar uma compreensão autêntica dos limites da ciência e de seus usos legítimos.
Este artigo foi originalmente publicado no Mises Institute.
Recomendações de leitura:
O uso do conhecimento na sociedade
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Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.
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