Esse site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você concorda com suas condições.

< Artigos

Economia

A Escola Austríaca moderna e o mainstream: teoria, método e relevância

07/06/2025

A Escola Austríaca moderna e o mainstream: teoria, método e relevância

Nota do editor:

O artigo a seguir investiga as diferentes contribuições dos pensadores da Escola Austríaca de Economia. Ao contrário do que muito se ouve de algumas correntes de pensamento, a Escola Austríaca goza de ampla relevância acadêmica, servindo de referência, inclusive , para outras escolas de pensamento e para áreas que não apenas a economia, tal qual gestão e empreendedorismo.

O autor do artigo abaixo participou do episódio #524 do Podcast Mises Brasil, junto dos Fellows do Instituto Mises Brasil: Fernando D'Andrea, Artur Ceolin e João Mazzoni, para discutir a relevância acadêmica da Escola Austríaca. O artigo serve, portanto, de complemento para quem deseja se aprofundar nas contribuições da Escola Austríaca moderna.

_____________________________________________

A Escola Austríaca de Economia é uma das mais longevas e distintas tradições de pensamento econômico. Suas contribuições fundamentais em Menger (2008); Bawerk (1890); Wieser (1902); Mises (2009) e Hayek (2008) tiveram forte influência no desenvolvimento da economia moderna. Na microeconomia, em destaque se situa o papel do individualismo metodológico (Schumpeter, 1908), da teoria da utilidade marginal, da primazia a preferências ordinais (ao invés de comparações cardinais de utilidade) e da análise de custos de oportunidade (Hicks, 1937). Na macroeconomia, suas contribuições se estendem desde a teoria da produção e crescimento (Hicks, 1970) ao equilíbrio intertemporal (Radner, 1991; Milgate, 1979; Fillieule, 2017).

Não obstante tais contribuições iniciais, os austríacos divergem do mainstream econômico em diversos aspectos. Em termos analíticos, austríacos são mais comprometidos ao individualismo metodológico em detrimento de análises em termos de agregados (Lachmann, 1973), dando preferência aos efeitos alocativos de mudanças em preços relativos no lugar de variações no nível de preços ou outras métricas agregadas (Hayek, 1933). Em termos metodológicos, uma das maiores diferenças se situa em dois níveis: formalismo e empirismo. Enquanto no mainstream esforços em teorização se dão por meio de matematização, austríacos alternativamente demonstram suas teorias em linguagem verbal ao invés de lemas e teoremas (Rothbard, 1957).

Tais diferenças, apesar de uma primeira impressão poder ser a de falta de treinamento formal, em última análise resulta de razões estritamente analíticas. Austríacos, apesar de reconhecerem o papel a ser exercido por constructos irrealizáveis enquanto contrafactuais, o fazem apenas à medida que tais constructos sejam passíveis de iluminar um fenômeno real que seria sua contrapartida. Neste ponto, austríacos e neoinstitucionalistas se encontram de mãos dadas. Da mesma maneira que custos de transação nulos são supostos por Coase (1961) enquanto uma forma de iluminar arranjos contratuais e organizacionais reais, o equilíbrio para os austríacos funciona como um contrafactual que ilumina os aspectos de desequilíbrio e adaptação da competição rival realizada por empresários (Hayek, 1945; Rothbard, 2008).

Se o uso de constructos e de formalização se dá apenas na medida em que elucidam fenômenos reais considerados relevantes para o analista, o uso (ou não-uso) de demonstração formal se torna secundário. Não se torna uma questão de realizar um argumento rigoroso ou não. O trade-off, no entanto, se dá em termos de relevância versus precisão analítica. Um fenômeno relevante, porém de dificil formalização, ainda pode ser analisado de maneira mais “frouxa” através da linguagem verbal. Hayek (1961) observa tal opção pela linguagem verbal enquanto uma questão de complexidade analítica: enquanto fenômenos simples são passíveis de demonstração, teste e falsificação, fenômenos complexos não o são, o que não torna proibitiva a análise “por princípio” de um fenômeno de interesse ao analista – apesar das limitações ao emprego de técnicas formais de demonstração, medição e teste. Rothbard (2008), alternativamente, postula que, para determinadas dimensões relevantes ao pensamento econômico, a linguagem verbal é até mesmo preferida por refletir de maneira mais próxima o conteúdo de preferências e as intenções de agentes, refletindo uma preocupação fenomenológica onde o conteúdo das teorias há de refletir aspectos subjetivos e situacionais dos agentes (Packard, 2022).

 

Teoria e análise processual

Neste ponto, podemos visualizar quais são os fenômenos ou temas de interesse dos austríacos que os levam a métodos de teorização e análise que diferem daquilo realizado por sua contraparte no mainstream acadêmico. Em oposição à análise de equilíbrio e a testes empíricos de variância, austríacos seguem, tanto em teoria quanto em estudos empíricos, o que se conveniou chamar de análise de processo (Chiles, 2003; Dimov & McMullen, 2013). Na teorização de processo, o foco não se dá em termos das características de um determinado estado final que represente a otimização às restrições estabelecidas pelo analista (ou pelo ambiente). O foco se vira nos processos emergentes através dos quais agentes obtêm informação, formam expectativas, demonstram suas preferências, realizam investimentos e constroem o ambiente no qual interagem. Uma explicação de um preço, por exemplo, não se dá a partir da resolução de um sistema de equações onde se exaurem diferenças de estoques até que se atinja um preço único que atinja um equilíbrio. Alternativamente, austríacos explicam tal processo em termos das mudanças em estoques de mercadoria e de dinheiro por diferentes agentes à medida que modificam suas expectativas relativas ao estoque de uma mercadoria até que, no final, ela se encontre sob posse daqueles que mais a demandam, como resultado de um processo de aprendizado sobre preferências dos agentes.

Em termos de análise empírica, em contraste ao “preconceito” ou “impressão” de que austríacos não realizariam análises empíricas suficientes, existe amplo material bibliográfico por parte de economistas associados à escola cobrindo episódios de reforma institucional (Boettke, 1993), criação de arranjos legais não-convencionais (Leeson, 2014; Skarbek, 2020), imigração (Nowrasteh & Powell, 2020), desenvolvimento econômico (Powell, 2008; 2014),  cultura (Storr, 2015), recuperação a disastres ambientais (Storr et al., 2015), ajuda humanitária (Coyne, 2013), economia política da guerra (Coyne, 2018, 2022; Coyne & Hall, 2021, 2024), sistemas bancários alternativos (White, 1985; Selgin, 2008), o papel de práticas gerenciais (Foss & Klein, 2022), a provisão de governança privada (Stringham, 2015; Hill & Anderson, 2004) e a evolução de arranjos institucionais (Salter & Young, 2023). A diferença se dá, no entanto, a nível dos métodos de análise. Dado que austríacos se preocupam com processos de mudança, a formação e conteúdo de preferências subjetivas, a interação intersubjetiva entre agentes e seus efeitos emergentes, empregam-se métodos de análise mais qualitativos, ricos em detalhes contextuais e interpretativos (Packard, 2017). É válido lembrar que tais métodos também são comuns aos neoinstitucionalistas (North, Walls & Weingast, 2009), consistindo na construção de narrativas analíticas (Skarbek & Skarbek, 2023) onde a lógica da escolha e a análise contextual fornecem uma explicação ampla e coerente de um fenômeno (ou da trajetória de um fenômeno) de interesse do analista.[1]

 

Avanços modernos

Diferentes teorias desenvolvidas por austríacos podem ser elaboradas para demonstrar como uma alternativa processual e pouco formalizada elucida diversos fenômenos relevantes para o analista. Devido à especialidade do autor, tal demonstração se dará em termos da teoria austríaca do empreendedor e do processo de mercado. Para outras teorias de destaque, como a dos ciclos econômicos, das instituições, do capital e de sistemas bancários alternativos, faz-se referência à literatura especializada em Boettke (2018), Barbieri (2013; 2024), Selgin (1988), White (1999), Horwitz (2000), De Soto (2020), Salerno (2013), Garrison (2007), Lewin (2011), Machaj (2017), Lewin & Cachanosky (2023), Skousen (1990) e Iorio (2017). Para visões gerais e históricas sobre a escola austríaca, consulte Vaughn (1994), Boettke (1995), Boettke & Coyne (2015), Bylund (2022), Horwitz (2022), Paranaíba (2024) e Caldwell (2004).

No que tange ao empreendedor, este possue um papel central na teoria austríaca. Enquanto tal figura é vista como uma espécie de espectro que ronda funções de produção sem uma manifestação real na microeconomia tradicional (Baumol, 1968), o empreendedor é figura central nas explicações austríacas sobre diferentes fenômenos. A teoria dos ciclos é explicada em termos de mudanças na taxa de juros que afetam alocações intertemporais de empresários (Hulsmann, 1998). A teoria da precificação de fatores se dá em termos de valorações indiretas de empresários que realizam estimações sobre como diferentes bens de capital podem ser combinados de diferentes formas para satisfazer as preferências de consumidores finais (Rothbard, 2008). O problema do cálculo econômico versa sobre a impossibilidade da tomada de decisão empresarial sobre os usos alternativos de bens de capital heterogêneos sem a existência de um mercado de fatores onde o retorno esperado de investimento seja demonstrado na forma de um retorno monetário (De Soto, 2013). Por fim, até mesmo a teoria austríaca da ação individual (a dita troca autística – o agente para consigo mesmo) envolve elementos empresariais sobre os usos esperados de diferentes bens sob controle do agente (Packard, 2020).

Tal função central se dá por três razões. Em primeiro lugar, a centralidade da incerteza enquanto aspecto fundamental da tomada de decisão. Assim como Knight (1921), Mises (1998) observa uma distinção crucial entre risco e incerteza. Situações de risco seriam repetíveis, passíveis de homogeneização como partes de uma classe e conhecíveis à medida que obedecem a um conjunto de probabilidades determinado. Em contraste, situações de incerteza envolvem cenários únicos e não repetíveis, tornando proibitiva a tabulação de frequência, a transformação de eventos singulares enquanto membros de uma classe que faz parte de um conjunto de probabilidades definido. Para os autores, a ação humana se dá em situações de incerteza onde não existe uma regra de decisão formal, sendo necessário o exercício de julgamento empresarial. O julgamento em si se situa em uma espécie de meio-termo entre pura sorte e a decisão mecânica, envolvendo criatividade (Foss & Klein, 2012), empatia (McMullen, 2015), a formulação e resolução de problemas (Rapp & Olbrich, 2023) e a transformação de expectativas subjetivas em planos de ação concretos que refletem a intencionalidade do agente (Bylund & Packard, 2024).

Em segundo lugar, o desafio de combinar recursos heterogêneos de maneira lucrativa. Observando que bens de capital não podem ser definidos enquanto uma massa homogênea infinitamente combinável e instantaneamente realocável, austríacos reconhecem que fatores de produção irão divergir em diferentes dimensões. Para Lachmann (1956), bens de capital irão diferir em termos de complementaridade e substituibilidade. Determinados bens são mais e menos complementares entre si e a substituição entre usos alternativos é possível, porém apenas a um custo. Assim como Williamson (1985), austríacos reconhecem a centralidade da heterogeneidade e especificidade do capital para a ação empreendedora e organização de atividades produtivas. Em uma visão subjetivista, a heterogeneidade de capital é o reflexo da dependência que os usos de recursos têm na tomada de decisão dos empreendedores. Bens possuem diferentes atributos ou serviços (Barzel, 1997; Penrose, 1959) e irão diferir à medida que o julgamento empresarial descubra ou crie novas formas de combinar recursos heterogêneos.

Por fim, apesar de empregarem constructos de equilíbrio, os teóricos austríacos o fazem pelo seu contrafactual. Em um cenário de equilíbrio não há função específica que possa ser delineada enquanto empresarial, dado que em equilíbrio a remuneração de fatores reflete as receitas marginais descontadas pela taxa de juros de tal maneira que não há lucro econômico (remuneração acima dos custos de oportunidade dos fatores). Em desequilíbrio, no entanto, há uma função crucial a ser desempenhada pelo empreendedor enquanto agente que explora oportunidades de lucro existentes na forma da discrepância entre os preços de fatores de produção e as receitas marginais passíveis de serem geradas pelo emprego do fator (Kirzner, 1973; Rothbard, 2008). Este cenário de desequilíbrio é envolto por incerteza e, à medida que julgamentos empresariais divergem, lucros e prejuízos surgem nos mercados (Lachmann, 2020).

Em conjunto, os diferentes elementos de incerteza, heterogeneidade e desequilíbrio se unem para formar uma teoria austríaca do empreendedor e das organizações. Como em Lachmann (1956), a existência de mudança inesperada gera a necessidade de atividade empresarial que combine e recombine fatores de produção de maneira a atender as necessidades cambiantes de consumidores. A função empresarial, neste contexto, se mostra no exercício de julgamento através do qual o empreendedor aloca recursos heterogêneos a seus usos mais demandados. Devido às restrições no mercado de fatores para o julgamento empresarial, que é tácito (Polanyi, 1967), idiossincrático ao indivíduo e passível de problemas de seleção adversa e risco moral (Barzel, 1987), para ser exercido é necessária a propriedade de ativos. Na visão austríaca, a firma é definida em termos do empreendedor e os ativos alienáveis sob seu controle e propriedade. A função da firma, como consequência, é permitir ao empresário que exerça seu julgamento sob condições de incerteza através da propriedade de ativos.

Para considerações de estratégia e inovação, autores austríacos observam que a heterogeneidade de capital é central para explicar tanto a criação de inovação quanto a existência de diferenças sustentadas entre firmas (Nelson, 1991). A perspectiva austríaca contribue para e é refletida na abordagem central para a disciplina de gestão estratégica, a visão baseada em recursos (Barney, 1986; 1991). À medida que diferentes firmas possuem dotações de recursos heterogêneos que geram diferenças em performance, as firmas mais lucrativas serão aquelas mais capazes de organizar a sua “cesta” de recursos de maneira a criar vantagens competitivas sustentadas, definidas em termos de lucro econômico. Extensões modernas de teorias austríacas observam que as origens da heterogeneidade entre firmas e, portanto, destas diferenças de performance, se situam no julgamento empresarial (Foss et al., 2007). Aqueles empreendedores mais capazes de exercerem seu julgamento, manifestado na propriedade de ativos e na sua alocação a diferentes usos (Foss et al., 2021), serão aqueles responsáveis por auferir lucro econômico à medida que revelam e criam novas combinações de recursos. Dado que os usos possíveis de fatores não são dados de antemão, a inovação surge enquanto resultado da experimentação contínua por parte de empresários (Foss & Foss, 2001).

Por fim, a nível de teoria do mercado, os elementos de desequilíbrio e incerteza mudam o foco dos autores austríacos da obtenção de estados ótimos onde o sistema econômico como um todo maximiza sob restrições. Como em Hayek (1937), a não ser que se assuma o que se deve explicar, as diferenças em dotações de conhecimento e expectativas dos agentes estarão inicialmente em divergência. Por mais que se postule a possibilidade de um processo de aprendizado (Kirzner, 1973), mudanças nas dotações de recursos, a existência de expectativas rivais e o surgimento de mudança inesperada impedem a convergência para um equilíbrio de expectativas coordenadas (Lachmann, 2020). Salvo concordância intersubjetiva a nível do cenário institucional, onde regras, leis, cultura e organizações servem para padronizar a tomada de decisão em dimensões amplas (Lachmann, 1971), austríacos são céticos relativamente à capacidade do sistema econômico de atingir um equilíbrio final.

Isso não preclude considerações sobre diferentes arranjos institucionais, e pode-se observar a crítica austríaca ao socialismo enquanto uma análise institucional-comparativa entre arranjos institucionais discretos, mas ambos falhos em diferentes dimensões relevantes (Boettke, 1998). Isso limita, no entanto, o quanto se pode afirmar que mercados geram bem-estar em um sentido Paretiano. Contra o que seria esperado, a análise dos austríacos sobre os mercados não afirma nada mais que a todo o momento preços estabelecidos em mercados sem coerção ativa refletem expectativas empresariais sobre as vontades de consumidores. À medida que empresários acertam ou erram, lucros e prejuízos funcionam como um processo de seleção onde os empreendedores mais capazes de atender às vontades de consumidores acumulam recursos, enquanto aqueles que falham sistematicamente são selecionados para fora das fileiras dos capitalistas (Mises, 1998). Para um austríaco, mercados superam outros arranjos institucionais apenas à medida que a ação livre de coerção e o reconhecimento de direitos de propriedade permitem uma maior satisfação das vontades de consumidores. Excluido o ótimo, diferentes arranjos são avaliados em termos comparativos sob as mesmas suposições sobre incerteza, heterogeneidade de capital e desequilíbrio.

 

Relevância e futuro

O esforço deste artigo não almeja ser uma comparação exaustiva entre a teoria austríaca e o mainstream acadêmico (moderno ou não, vide a clivagem que surge a partir do debate do cáculo socialista). Faço referência a diversos estudos que o fazem, como Backhouse (2000), Tempelman (2010), Garrison (2009) e Andersson (2022). O objetivo é apresentar a escola austríaca enquanto um programa de pesquisa progressivo que, ainda que separado do mainstream, possui relevância, progride, publica, tem afiliações institucionais, diáloga com a profissão e possui crescente adoção, ainda que às margens.

Em primeiro lugar, apesar da bifurcação em termos de uso de matemática em teorização, austríacos não estão (ou não precisam estar) em oposição ao uso de métodos formais de exposição teórica por si só. Um exemplo de convergência crescente se dá na convergência em método e teoria entre a escola austríaca e o dito mainstream heterodoxo de Koppl (2006), que consiste em escolas que dividem o foco dos austríacos em cognição, instituições, racionalidade limitada, complexidade e evolução. Tais escolas apresentam uma oportunidade – que vem sendo explorada – de fertilização cruzada onde teorias austríacas informam métodos formais e vice-versa.

Figura em lugar especial a convergência entre os austríacos e a economia da complexidade. Não só foi Hayek um precursos da teoria dos sistemas complexos e sua aplicação as ciências sociais (Vaughn, 1999; Oliva, 2016; Lewis, 2016), como também diferentes estudos têm buscado trazer métodos formais de simulação para traduzir teorias austríacas. Tais esforços possuem o potencial de reduzir a distância dos austríacos dos métodos utilizados por suas contrapartes no mainstream, quebrando a divisão entre matematização e teoria austríaca (Moreno-Casas, 2022; 2022; 2024; Barbieri, 2013). Como exemplos, pode-se consultar as simulações de mercados em desequilíbrio e descoberta empresarial feitas por Barbieri e Feijó (2018) e Mohammad Keyhani (2015; 2016a; 2016b; 2019). Uma aplicação similar de ideias austríacas a teoria da firma se encontra em Bylund (2015).

Agora, para o economista não iniciado nas disciplinas de gestão, um fato curioso pode ser atestado nas citações até então realizadas: os austríacos de fato publicam sistematicamente em top journals, e publicações de autores como Peter Klein, Per Bylund, Nicolai Foss, Matthew McCaffrey, Mark Packard e outros rotineiramente aparecem em revistas cujo fator de impacto rivaliza com ou supera revistas acadêmicas em economia, como o Journal of Political Economy ou o American Economic Review. Isto não é dizer que tais publicações ou revistas são necessariamente mais rigorosas ou relevantes por si só do que as melhores revistas em economia. De fato, apenas revistas como o Journal of Finance ou o American Psychological Review rivalizam em métodos de identificação causal e formalização com as melhores revistas de economia. Isto é dizer, no entanto, que apesar de estarem às margens da economia acadêmica moderna, a escola austríaca tem se tornado uma das fontes de inspiração teórica para acadêmicos nas disciplinas de gestão, como empreendedorismo, estratégia e teoria das organizações.

Afinal, como poderiam disciplinas tão orientadas à prática se tornarem tão afeitas a teorias tão abstratas e, como pontuadas por críticos, divorciadas da realidade? Em última análise, o julgamento entre precisão e relevância de teorias beneficia os austríacos nessas disciplinas. As maiores teorias de estratégia, por exemplo, focam na origem e impacto de heterogeneidade entre firmas, de tal maneira que o recurso a funções de produção onde a firma nada mais é que uma caixa-preta representativa tem pouca utilidade. A visão baseada em conhecimento de Kogut e Zander (1992) vê a firma como um repositório de conhecimento tácito e distribuído que dá origem a capacidades e competências heterogêneas entre firmas, aproximando seu trabalho de Hayek (1945). A visão baseada em recursos vê as firmas como cestas de bens heterogêneos que devem ser combinados de maneira única e não-reprodutível, de tal maneira que diferenças de performance são explicadas em termos de recursos heterogêneos, aproximando-os de Lachmann (1956) e Mises (1998).

Não obstante tais esforços, os austríacos também têm sido responsáveis por desenvolver uma visão distinta sobre empreendedorismo que hoje integra uma das perspectivas disciplinares oficiais da divisão de empreendedorismo da Academy of Management, a Judgment-Based Approach baseada em Fetter (1977), Knight (1921), Mises (1998) e Lachmann (1956), e levada adiante por Foss e Klein (2012; 2015; 2019). Como dito acima, tal resultado não é inesperado levando em conta o foco distintivo da teoria austríaca na incerteza, na heterogeneidade de capital e no papel central do empreendedor em fenômenos de mercado, tornando autores como Kirzner fontes centrais de fundamentação teórica a disciplinas além da economia. Tal sucesso é refletido de maneira bibliométrica. Como destacam Calais, Mazzoni & Abreu (2024), as revistas que mais citam artigos publicados no Review of Austrian Economics, Quarterly Journal of Austrian Economics e Advances in Austrian Economics são de empreendedorismo e gestão. Veja-se, por exemplo (Klein & Bylund, 2014), as citações a “descoberta empresarial” nas maiores revistas de gestão até 2013:

O padrão se repete quando a métrica são citações a revistas austríacas (em distinção a termos austríacos) em revistas de empreendedorismo, como nos dados coletados em Lucas (2024):

Outra métrica, coletada pelo autor, é o quão citado é um autor nas maiores revistas de cada disciplina (economia e gestão). Recolhendo dados de citações a obras selecionadas de Hayek nas cinco revistas com maior fator de impacto por cada disciplina, observa-se o mesmo padrão:

Isto não significa um abandono da escola austríaca em relação à disciplina de economia. Independentemente de um maior prestígio e integração relativa ao mainstream de gestão, estratégia e empreendedorismo, a escola austríaca segue sendo em última análise uma escola de pensamento econômico, com aplicações práticas ou extensões teóricas a disciplinas afins. Do que o autor deste texto pôde constatar, atualmente existem pelo menos 12 programas de Doutorado ao redor do mundo que oferecem disciplinas, orientação e até mesmo especialização em economia austríaca (dentre os quais, quatro estão em universidades de nivel R1 nos EUA, identificação institucional de Research University, sendo estas a George Mason University, a Texas Tech University, a Clemson University e a West Virginia University). Os dados aqui demonstrados apenas refletem uma relativa mudança dos corredores das escolas de liberal arts às business schools, onde atualmente existem cinco programas de Doutorado em Empreendedorismo em Universidades R1 nos EUA que têm orientação e espaço para ideias austríacas (Baylor Univerisity, Oklahoma State University, Florida Atlantic University, University of Louisville e Syracuse University).

Para o futuro da EA, minhas elaborações aqui indicam que sua relevância pode ser recuperada de maneira indireta em disciplinas afins onde o estilo e conteúdo de teorização econômica possuem maior dificuldade em responder os problemas de pesquisa de interesse dos pesquisadores de gestão, estratégia e empreendedorismo. Não obstante tal colocação, o esforço segue o mesmo, dentro e fora da economia: publicar os estudos mais rigorosos possíveis nas melhores revistas possíveis. Nenhum programa de pesquisa sobrevive no vácuo e os austríacos obtiveram diversos aliados ao longo de sua história, com exemplos mais recentes sendo economistas neoinstitucionais como Oliver Williamson, Douglass North e Ronald Coase, a escola da escolha pública em James Buchanan e Gordon Tullock e a economia experimental de Vernon Smith. Para que tal fertilização cruzada se mantenha, o princípio das parcerias profissionais e a busca por convergência deve tomar o lugar do isolamento em debates autorreferenciados. Se os austríacos puderam demonstrar sua capacidade de publicar, integrar e se tornar voz ativa nas disciplinas de gestão (apesar de ainda ser uma perspectiva minoritária), o que os impede de realizar o mesmo na ciência econômica em si? Caberá ao futuro dizer, não obstante o fato de que, até o atual momento, nada impede que tal esforço tenha sucesso.

 

Nota:

[1] Uma possível extensão de tais métodos se dá na direção da inferência causal. Os maiores problemas a serem enfrentados por parte de estudos causais são a necessidade de (1) uma rica análise contextual que justifique escolhas de research design e (2) teorização suficientemente robusta que justifique a validade externa de um estudo. Argumenta-se, neste caso, que, enquanto métodos de inferência causal oferecem robustez às narrativas analíticas dos austríacos, as narrativas analíticas fornecem conteúdo e maior possibilidade de generalização a estudos causais (Grier, 2022).

__________

A seguir, compartilhamos uma extensa lista de referências sugeridas pelo autor para quem deseja aprofundar seus estudos nas contribuições dos pensadores austríacos:

Anderson, Terry L. Hill, Peter J. (2004). The Not so Wild, Wild West: Property Rights on the Frontier. Stanford University Press.

Andersson, D.E., Hudik, M. (2022). The Austrian School and the Theory of Markets. In: McCallum, D. (eds) The Palgrave Handbook of the History of Human Sciences. Palgrave Macmillan.

Backhouse, R.E. (2000). Austrian economics and the mainstream: View from the boundary. Quart J Austrian Econ 3, 31–43.

Barbieri, Fabio (2013). Complexity and the Austrians. Filosofía de la Economía 1 (1), 47-69.

Barbieri, Fabio. (2015). A História do Debate do Cálculo Socialista. Instituto Mises Brasil.

Barbieri, Fabio. (2024). Para entender Hayek. Editora LVM.

Barney, J. (1991). Firm Resources and Sustained Competitive Advantage. Journal of Management17(1), 99-120.

Barney, J. B. (1986). Strategic Factor Markets: Expectations, Luck, and Business Strategy. Management Science32(10), 1231–1241.

BARZEL, Y. (1987), KNIGHT'S “MORAL HAZARD” THEORY OF ORGANIZATION. Economic Inquiry, 25: 117-120.

Barzel, Y. (1997) Economic Analysis of Property Rights. 2nd Edition, Cambridge University Press, Cambridge.

Baumol, W.J. (1968) Entrepreneurship in Economic Theory. American Economic Review, 58, 64-71.

Boettke, Peter J. (1995). The Elgar Companion to Austrian Economics. Edward Elgar.

Boettke, Peter J. (1998). Economic Calculation: The Austrian Contribution to Political Economy, Advances in Austrian Economics, Vol. 5, pp. 131-158.

Boettke, Peter J., Coyne, Christopher. (2015). The Oxford Handbook of Austrian Economics. Oxford University Press.

Boettke, Peter. (2018). F.A. Hayek: Politics, Economics and Social Philosophy. Springer.

Bohm-Bawerk, Eugen Von. (1890). Capital and Interest. MacMillan and Co.

Bylund, P.L. (2015), Signifying Williamson's TCE. Journal of Management Studies, 52: 148-174.

Bylund, Per. (2024). A Modern Guide to Austrian Economics. Edward Elgar.

Calais, P., Mazzoni, J. F. R., Abreu, M. P. (2024). Contemporary Austrian School as a research program: What can bibliometrics teach us? Review of Austrian Economics.

Caldwell, Bruce. (2005). Hayek’s Challenge: An Intellectual Biography of F.A Hayek. Chicago University Press.

Chaves Feijó, R. and Barbieri, F. (2018) A Model of the Market Process with Numerical Simulation. Modern Economy9, 1868-1897.

Chiles, T. H. (2003). Process Theorizing: Too Important to Ignore in a Kaleidic World. Academy of Management Learning & Education2(3), 288–291

Coase, Ronald A. (1961). The Problem of Social Cost. The Journal of Law and Economics, 3, 1-44).

Coyne, Christopher. (2013). Doing Bad by Doing Good: Why Humanitarian Action Fails. Stanford Univeristy Press.

Coyne, Christopher. (2022). In Search of Monsters to Destroy: The Folly of American Empire and the Paths to Peace, Oakland, CA: The Independent Institute.

Coyne, Christopher. Hall, Abigail. (2018). Tyranny Comes Home: The Domestic Fate of U.S. Militarism, Stanford, CA: Stanford University Press.

Coyne, Christopher. Hall, Abigail. (2021). Manufacturing Militarism: U.S. Government Propaganda in the War on Terror, Stanford, CA: Stanford University Press.

Coyne, Christopher. Hall, Abigail. (2024). How to Run Wars: A Confidential Playbook for the National Security Elite, Oakland, CA: The Independent Institute.

De Soto, Jesus H. (2013). Socialismo, Cálculo Econômico e Função Empresarial. Instituto Mises Brasil.

De Soto, Jesus H. (2020). Money, Bank Credit and Economic Cycles. Ludwig Von Mises Institute.

Fetter, Frank A. (1977). Capital, Interest, and Rent Essays in the Theory of Distribution. Sheed Andrews and McMeel.

Fillieule, R. (2017). Intertemporal Choice, Saving and Investment, and Interest Rate: contributions from a neglected hayekian model. Review of Political Economy, 2017.

Foss NJ, Klein PG, Lien LB, Zellweger T, Zenger T. (2021). Ownership competence. Strategic Management Journal. 42: 302–328.

Foss, K., Foss, N.J., Klein, P.G. and Klein, S.K. (2007), The Entrepreneurial Organization of Heterogeneous Capital*. Journal of Management Studies, 44: 1165-1186

Foss, N. J., & Klein, P. G. (2012). Organizing Entrepreneurial Judgment: A New Approach to the Firm. Cambridge: Cambridge University Press.

Foss, N.J., Klein, P.G. and Bjørnskov, C. (2019), The Context of Entrepreneurial Judgment: Organizations, Markets, and Institutions. J. Manage. Stud., 56: 1197-1213.

Foss, Nicolai J. Klein, Peter G. (2022). Why Managers Matter: The Perils of the Bossless Company. Public Affairs.

Foss, Nicolai J., Klein, Peter G. (2015). Introduction to a forum on the judgment-based approach to entrepreneurship: accomplishments, challenges, new directions. Journal of Institutional Economics11(3), 585–599.

Foss, Nicolai., Foss, Kirsten. (2002). Organizing Economic Experiments: Property Rights and Firm Organization, Review of Austrian Economics, 15, 297-312.

Garrison, Roger. (2007). Time and Money: The Macroeconomics of Capital Structure. Routledge & Kegan Paul.

Garrison, Roger. (2009). Mainstream Macro in an Austrian Nutshell. The Cato Journal.

Grier, Kevin. (2022). Causal Inference and Austrian Economics. In: Contemporary Methods and Austrian Economics, Advances in Austrian Economics, 26, ed. Daniel J’Damico and Adam G. Martin, Emerald Publishing.

Hayek, F. (1961). “The theory of complex phenomena,” in M. Bunge (ed.), The Critical Approach to Science and Philosophy.

Hayek, F. A. (1937). Economics and Knowledge. Economica4(13), 33–54.

Hayek, Friedrich A. (1933). Monetary Theory and the Trade Cycle. Sentry Press.

Hayek, Friedrich A. (1945). The Use of Knowledge in Society. The American Economic Review, 35(4), 519-530.

Hayek, Friedrich A. (2008). Prices and Production and other works. The Ludwig Von Mises Institute.

Hicks, John A. (1970). Capital and Time: A Neo-Austrian Approach. Clarendon Press.

Hicks, John. (1939). Value and Capital: An Inquiry into some Fundamental Principles of Economic Theory. The Clarendon Press.

Hicks, John. (1974). Capital and Time: A Neo-Austrian Theory. The Clarendon Press.

Horwitz, Steven. (2000). Microfoundations and Macroeconomics: An Austrian Perspective. Routledge & Kegan Paul.

Horwitz, Steven., Rouanet, Louis. (2024). A Research Agenda for Austrian Economics. Edward Elgar.

Iorio, Ubiratan J. (2011). Ação, Tempo e Conhecimento: A Escola Austríaca de Economia. Instituto Mises Brasil.

Keyhani M. (2019). Computational modeling of entrepreneurship grounded in Austrian economics: Insights for strategic entrepreneurship and the opportunity debate. Strategic Entrepreneurship Journal. 13, 221–240.

Keyhani, M. (2016). Computer Simulation Studies of the Entrepreneurial Market Process. In: Berger, E., Kuckertz, A. (eds) Complexity in Entrepreneurship, Innovation and Technology Research. FGF Studies in Small Business and Entrepreneurship. Springer, Cham.

Keyhani, M., Lévesque, M. and Madhok, A. (2015), Toward a theory of entrepreneurial rents: A simulation of the market process. Strat. Mgmt. J., 36: 76-96.

Keyhani, M., and Lévesque, M. (2016) The Equilibrating and Disequilibrating Effects of Entrepreneurship: Revisiting the Central Premises. Strategic Entrepreneurship Journal, 10: 65–88.

Kirzner, Israel M. (1973). Competition and Entrepreneurship. Chicago University Press.

Klein, Peter G., Bylund, Per. (2014). The place of Austrian economics in contemporary entrepreneurship research. Review of Austrian Economics, 27(1), 259-279.

Knight, F.H. (1921) Risk, Uncertainty and Profit. Houghton Mifflin Company, Boston.

Kogut, B. and Zander, U. (1992) Knowledge of the Firm, Combinative Capabilities, and the Replication of Technology. Organization Science, 3, 383-397.

Koppl, R. (2006). Austrian economics at the cutting edge. Rev Austrian Econ 19, 231–241.

Lachmann, Ludwig M. (1956). Capital and its Structure. Kansas City: Sheed Andrews and McMeel.

Lachmann, Ludwig M. (1971). The Legacy of Max Weber. The Glendessary Press.

Lachmann, Ludwig M. (1973). Macroeconomic Thinking and the Market Economy. Institute for Economic Affairs.

Lachmann, Ludwig M. (2020). The Market as an Economic Process. Mercatus Center at George Mason University.

Leeson, Peter T. (2014). Anarchy Unbound: Why Self-Governance Works Better Than You Think. Cambridge University Press.

Lewin, Peter. (2011). Capital in Disequilibrium. Ludwig Von Mises Institute.

Lewin, Peter; Cachanosky, Nicholas. (2020). Capital and Finance: Theory and History. Routledge & Kegan Paul.

Lewis, P. (2016), "Systems, Structural Properties and Levels of Organisation: The Influence of Ludwig Von Bertalanffy on the Work of F.A. Hayek", Research in the History of Economic Thought and Methodology, 34(1), 125-159.

Lucas, David S. (2024). Austrian Economics and Mainstream Entrepreneurship Research. In: Horwitz & Rouanet, A Research Agenda for Austrian Economics. Edward Elgar.

Machaj, Mateusz. (2017). Money, Interest, and the Structure of Production: Resolving Some Puzzles in the Theory of Capital. Lexington Books.

MCMULLEN, J. S. (2015). Entrepreneurial judgment as empathic accuracy: a sequential decision-making approach to entrepreneurial action. Journal of Institutional Economics11(3), 651–681.

McMullen, J.S. and Dimov, D. (2013), Time and the Entrepreneurial Journey. Journal of Management Studies, 50: 1481-1512.

Menger, Carl. (2007). Principles of Economics. The Ludwig Von Mises Institute.

Milgate, M. (1979). On the Origin of the Notion of “Intertemporal Equilibrium.” Economica, 46 (181), 1–10.

Mises, Ludwig Von. (1998). Human Action: A Treatise in Economics. The Ludwig Von Mises Institute.

Mises, Ludwig Von. (2009). The Theory of Money and Credit. The Ludwig Von Mises Institute.

Moreno-Casas, V. (2023). The Harvard-MIT complexity approach to development and Austrian economics: Similarities and policy implications. Rev Austrian Econ 36, 515–539.

Moreno-Casas, V. (2024). What can complexity learn from Misesian economics?. Rev Austrian Econ 37, 267–291.

Moreno-Casas, Vicente. (2023). “The Austrian School and Mathematics: Reconsidering Methods in Light of Complexity Economics.” Quarterly Journal of Austrian Economics 25 (4).

Nelson, R.R. (1991), Why do firms differ, and how does it matter?. Strat. Mgmt. J., 12: 61-74.

North, Douglass C. Wallis, John J. Weingast, Barry R. (2009). Violence and Social Orders: A Conceptual Framework for Interpreting Recorded Human History. Cambridge University Press.

Nowrasteh, Alex. Powell, Benjamin. (2020). Wretched Refuse?: The Political Economy of Immigration and Institutions. Cambridge University Press.

Oliva, G. (2016), "The Road to Servomechanisms: The Influence of Cybernetics on Hayek from The Sensory Order to the Social Order", Research in the History of Economic Thought and Methodology, 34(1), 161-198.

Packard, M. D., & Bylund, P. L. (2024). Towards an entrepreneurial judgement theory: Building the cognitive microfoundations of entrepreneurial judgement. International Small Business Journal43(1), 53-75.

Packard, Mark D. (2017). Where Did Interpretivism go in the theory of Entrepreneurship? Journal of Business Venturing, 32(5), 536-549.

Packard, Mark D. (2020). “Autarkic Entrepreneurship.” Quarterly Journal of Austrian Economics 23 (3–4): 390–426

Packard, Mark D. (2022). Austrian Phenomenology. In: A Modern Introduction to Austrian Economics, ed. Per Bylund, Edward Elgar.

Paranaíba, Adriano. (2024). Para entender Rothbard. Editora LVM.

Penrose, E. (1959) The Theory of the Growth of the Firm. Basil Blackwell, Oxford.

Polanyi, M. (1967). The Tacit Knowledge Dimension. London: Routledge & Kegan Paul.

Powell, Benjamin. (2008). Out of Poverty: Sweatshops in the Global Economy. Cambridge University Press.

Powell, Benjmain. (2008). Making Poor Nations Rich: Entrepreneurship and the Process of Economic Development. The Independent Institute.

Radner, Roy. (1991). Intertemporal General Equilibrium. In: Value and Capital Fifty Years Later. Eds. McKenzie and Zanagnani. MacMillan & Co.

Rapp, D. J., & Olbrich, M. (2023). From Knightian uncertainty to real-structuredness: Further opening the judgment black box. Strategic Entrepreneurship Journal, 17(1), 186–209.

Rapp, D. J., & Olbrich, M. (2023). From Knightian uncertainty to real-structuredness: Further opening the judgment black box. Strategic Entrepreneurship Journal, 17(1), 186–209.

Rothbard, Murray N. (1957). In Defense of Extreme Apriorism. Southern Economic Journal, 23(3), 314-320.

Rothbard, Murray N. (2008). Man Economy & State with Power & Market. The Ludwig Von Mises Institute.

Salerno, Joseph. (2013). Money: Sound and Unsound. Ludwig Von Mises Institute.

Salter, Alexander W. Young, Andrew T. (2023). The Medieval Constitution of Liberty: Political Foundations of Liberalism in the West. University of Michigan Press.

Schumpeter, Joseph. (1908). Das Wesen under der Hauptinhalt der theoretischen Nationalokonomie. Verlag von Ducker & Humboldt.

Selgin, George. (1988). The Theory of Free Banking: Money Supply under Competitive Note Issue. Lanham, MD.: Rowman & Littlefield.

Selgin, George. (2008). Good Money Birmingham Button Makers, the Royal Mint, and the Beginnings of Modern Coinage, 1775–1821. The Independent Institute co-published with the University of Michigan Press.

Skarbek, David. (2020). The Puzzle of Prison Order: Why Life Behind Bars Varies Around the World. Oxford University Press.

Skarbek, David. Skarbek, Emily. (2023). Analytic Narratives in Political Economy. History of Political Economy. 55 (4): 609–638

Skousen, Mark. (2015). The Structure of Production. New York University Press.

Storr, Virgil. (2015). Understanding the culture of markets. Routledge & Kegan Paul.

Storr, Virgil. Grube, Laura E. Haeffele, Stefanie. (2015). Community Revival in the Wake of Disaster: Lessons in Local Entrepreneurship. Palgrave MacMillan.

Stringham, Edward P. (2015). Private governance: Creating order in economic and social life. Oxford University Press.

Tempelman, Jerry H. (2010). Austrian Business Cycle Theory and the Global Financial Crisis: Confessions of a Mainstream Economist. Quarterly Journal of Austrian Economics, 13(1), 3-15.

Vaughn, Karen (1999). Hayek’s Theory of the Market Order as an Instance of the Theory of Complex, Adaptive Systems. Journal Des Economistes et des Études Humaines, 9(3), 241-256.

White, Lawrence H. (1984). Free Banking in Britain: Theory, Experience, and Debate, 1800-1845. Cambridge, Eng.: Cambridge University Press.

White, Lawrence H. (1999). The Theory of Monetary Institutions. Blackwell Publishing.

Williamson, O.E. (1985) The Economic Institutions of Capitalism. The Free Press, New York.

_____________________________________________

Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.

Sobre o autor

Luan Valério

É candidato a PhD em Empreendedorismo na Baylor University.

Comentários (0)

Deixe seu comentário

Há campos obrigatórios a serem preenchidos!