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A verdade sobre os níveis de pobreza no Brasil e na Argentina

Dois países, dois critérios diferentes, muitas contradições

30/01/2025

A verdade sobre os níveis de pobreza no Brasil e na Argentina

Dois países, dois critérios diferentes, muitas contradições

Tem sido comum declarações de membros do governo e reportagens da mídia brasileira destacando os elevados níveis de pobreza na Argentina sob a gestão de Milei.

No entanto, há uma diferença fundamental na metodologia do cálculo da pobreza na Argentina e no Brasil, o que tem sido sistematicamente ignorado pela mídia.

A metodologia do INDEC (equivalente ao IBGE na Argentina) é feita com base na capacidade de consumo das famílias em relação ao preço de uma cesta de produtos, enquanto a metodologia do IBGE considera um valor monetário em dólar.

No Brasil, são consideradas em situação de extrema pobreza pessoas com renda inferior a U$ 2,15 por dia em PPC (paridade do poder de compra), o equivalente a R$ 210 por mês, e em situação de pobreza pessoas com renda diária inferior a U$ 6,85 em PPC, equivalente a R$ 665 por mês.

Ou seja, se uma pessoa possui uma renda de R$ 700 no Brasil, ela não é nem considerada pobre.

Na Argentina, o cálculo de pobreza é feito com base na capacidade de um indivíduo de comprar uma cesta de produtos básicos no país, que contempla bens essenciais, como alimentos, transporte e saúde. De acordo com o último resultado de dezembro, um argentino precisaria de uma renda de 331 mil pesos para ter esse poder de compra, o equivalente a R$ 1.900 reais.

Fonte: site oficial do Indec.

 

Você pode conferir ambas as metodologias nos seguintes links: Metodologia INDEC e Metodologia IBGE.

No Brasil, cerca de 70% da população possui renda inferior a R$ 1.900 por mês, o que configuraria condição de pobreza, caso aplicássemos o mesmo critério do INDEC.

E segundo os dados do mesmo INDEC, após o primeiro trimestre de mandato de Javier Milei, 54,8% da população argentina vivia sob a linha de pobreza, com projeção de redução no terceiro trimestre para o patamar de incríveis 38,9%, com tendência de queda nos trimestres seguintes, refletindo claramente o impacto positivo das políticas liberalizantes que o governo de Javier Milei tem implementado até aqui.

Fonte: Ministerio de Capital Humano.

 

Por que não se fala nisso?

Estranhamente, não há simplesmente uma única matéria em qualquer veículo da mídia brasileira que explique essa diferença metodológica.

Pelo contrário, é noticiado que a pobreza argentina está em patamares alarmantes, e, em muitos casos, ainda insinuando um contraste com os níveis de pobreza no Brasil, que estão em seu menor nível dos últimos 13 anos, segundo dados do IBGE.

Mas diferente da Argentina, o que trouxe a taxa de pobreza no Brasil para o menor nível da série histórica foi o aumento de quase 50% do orçamento do governo com o Bolsa Família e outros programas sociais e o aumento continuado do número de famílias beneficiadas pelo programa, o que é motivo de orgulho para o governo do PT.

A “redução da pobreza” no Brasil é devido ao aumento das políticas de transferência de renda e não a um crescimento econômico sustentável e ao aumento do poder de compra, como é o caso na Argentina.

O salário mínimo brasileiro de 2024 para 2025, em dólar, caiu mais de 20%, enquanto os argentinos viram seus salários subindo acima da inflação e o peso argentino ser a moeda que mais se valorizou no mundo no mesmo período.

Portanto, comparar os níveis de pobreza entre Brasil e Argentina sem considerar as diferenças metodológicas não apenas distorce a realidade, como também ignora o impacto das políticas em curso.

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Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.

Sobre o autor

Arthur Falcão

É planejador financeiro, especialista em Escola Austríaca de Economia. É aluno do Mises Academy.

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