O estado não é empreendedor
Nota do Editor:
Recentemente, na Radio Roundabout, Sergio Alberich, professor da nossa Pós-Graduação em Escola Austríaca, entrevistou Luan Valério, que foi aluno da Pós, sobre a perigosa teoria de Mariana Mazzucato e sua influência sobre as classes políticas, inclusive a brasileira. Assista aqui ao episódio da Radio Roundabout.
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A professora Mariana Mazzucato é uma figura importante no pensamento antiliberal e suas ideias intervencionistas a tornaram muito popular na política, na cultura e na mídia. Seus livros "O Estado Empreendedor" e "O Valor de Tudo" receberam críticas favoráveis. O primeiro estudo detalhado dos erros dessa pesquisadora foi publicado por Deirdre Nansen McCloskey e Alberto Mingardi em seu livro "O Mito do Estado Empreendedor".
Assim como o também famoso Thomas Piketty, as teses da professora Mazzucato não são apoiadas por evidências empíricas: os estados não são empreendedores nem energizam empresas privadas. Na maioria das vezes, eles servem como obstáculos ao empreendedorismo, favorecendo apenas negócios ineficientes, mas já estabelecidos. Quando essas empresas recebem benefícios do estado, são as demais pessoas que acabam pagando. Isso não deve ser segredo para os economistas, porque foi denunciado por Adam Smith em 1776.
O estado não inventou a internet, apesar das alegações de Al Gore em contrário. McCloskey e Mingardi admitem, no entanto, que isso não significa que o mercado seja impecável nem que políticos e burocratas façam tudo errado: "Se o estado gasta de um terço a metade da renda nacional e regular grande parte do resto, as oportunidades para exemplos escolhidos a dedo de boa ação do estado serão amplas".
Mas o estado não é uma empresa, e McCloskey e Mingardi desmontam os erros teóricos da professora Mazzucato, que, como muitos outros, prefere ignorar a análise da natureza e das consequências da característica fundamental do estado: o monopólio da coerção legítima.
Os autores não caem nos truques retóricos dos antiliberais: embora afirmem respeitar a livre ação humana, "na prática eles defendem cada vez mais a coerção do estado restringindo tal ação, sem fim discernível".
Este livro não é vítima das armadilhas familiares da economia neoclássica e dos mercados perfeitos, nem da responsabilidade social corporativa ou do "capitalismo das partes interessadas". Em sua crítica ao antiliberalismo, McCloskey e Mingardi fazem muito bem em abordar tanto a esquerda quanto a direita. Eles usam a palavra "liberal" como fazemos em português (não da maneira distorcida comum nos países de língua inglesa) e se recusam a falar de "liberalismo clássico", como se fosse antigo. McCloskey e Mingardi colocam o dedo na ferida da professora Mazzucato e de outros progressistas hegemônicos: eles desprezam homens e mulheres comuns.
Este artigo foi originalmente publicado no The Daily Economy.
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Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.
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