Por que a maconha dificilmente será liberada
Fibras de cânhamo |
Além de todos aqueles que se beneficiam financeiramente com a guerra às drogas, já explicitados aqui, é importante não ignorarmos outros grandões que se dão bem com a proibição à entrada de um grande concorrente no mercado. Quem são esses grandões?
1) A indústria tabagista e de bebidas alcoólicas: Duas drogas legais, cigarro e álcool são mais viciantes e fisicamente mais nocivos que a maconha. Se a maconha fosse legalizada, é bem provável que a venda dessas duas drogas sofresse uma queda.
2) Indústria petrolífera: antes de a maconha ser proibida, um dos principais ingredientes para todos os bens de consumo feitos à base de petróleo era o óleo de cânhamo. Embora o teor de THC (Tetraidrocanabinol) do cânhamo seja praticamente nulo (o que significa que ele não pode ser classificado como droga), seu plantio continua rigidamente restrito, dependendo do país. O cânhamo é também uma das culturas agrícolas mais renováveis do planeta, gerando quatro colheitas por ano. O cânhamo tem potencial para se tornar o principal ingrediente dos biocombustíveis, caso pudesse entrar no livre mercado. Sem contar todos os outros produtos, como tintas, xampus e plásticos, que poderiam ser manufaturados com óleo de cânhamo.
3) As grandes indústrias farmacêuticas: Quantos milhões (talvez bilhões) de dólares as farmacêuticas perderiam caso seus pacientes trocassem seus atuais medicamentos pela maconha, algo que as pessoas poderiam cultivar naturalmente no quintal de casa?
4) Madeireiras: Antes de a maconha ser proibida, o cânhamo era predominante na indústria papeleira. Não deve ter sido coincidência que o cânhamo tenha sido proibido nos EUA justamente na mesma época em que a DuPont estava patenteando o processo de fabricar papel por meio da polpa de árvore.
5) Indústria algodoeira: Os tecidos de cânhamo são excelentes. Eles são mais macios e mais duráveis que os de algodão. Por que eles não são mais onipresentes e menos caros? Provavelmente pela mesma razão que outros produtos que também poderiam ser feitos à base de cânhamo, como papel e tinta, não o são - porque o cânhamo não está prontamente disponível no livre mercado, provavelmente por causa do estigma dado ao cânhamo em decorrência de décadas de desinformação dizendo que cânhamo e maconha são a mesma coisa. Caso a maconha fosse legalizada, não haveria justificativa para se manter esse estigma.
Portanto, eis aí a situação. A legalização da maconha contraria grandes interesses. E certamente esses grupos acionarão seus lobistas para impedir qualquer mudança na legislação.
Por outro lado, existe atualmente um fator favorável à legalização da maconha: a recessão. Em cenários assim, no qual os governos estão desesperados por receitas, legalizar uma substância para em seguida tributá-la parece ser uma solução não apenas lógica como também muito atraente. Vale lembrar que foi o pavoroso Franklin Roosevelt, desesperado por receitas em meio à Grande Depressão, quem aboliu a Lei Seca.
Essa seria a única coisa boa advinda desse pesadelo de novos intervencionismos criados pela crise financeira - a qual os próprios intervencionistas causaram.
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