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Economia

A casta superior e a nossa obrigação de financiá-la

24/09/2009

A casta superior e a nossa obrigação de financiá-la

Ontem foi promulgada a emenda que cria mais de 7.700 novas vagas de vereadores.  Algo importantíssimo e extremamente demandado pela população.

Além das vagas, o presidente da Câmara Michel Temer (PMDB-SP) elaborou uma pauta beneficiando um grande leque de categorias com aumento salarial, atendendo a tribunais do trabalho e permitindo um trem da alegria nos cartórios. 

Como diz a notícia, durante a aprovação das novas vagas de vereador, centenas de suplentes (que agora serão empossados nas novas vagas criadas) "lotaram as galerias do Senado e cantaram o Hino Nacional na sessão solene do Congresso Nacional".

O Hino provavelmente foi cantado com os olhos marejados de emoção, tão ávidos estavam esses distintos para assumir seus cargos e sacrificarem-se pelo bem comum.

Muito bem.

Dizem que a democracia é o melhor sistema representativo existente, pois é nela - e somente nela - que você, o povo, está no poder.  Deve ser por isso que ontem toda a população foi consultada para opinar e chancelar tal medida.  E é por isso também que o 'povo', essa massa amorfa, tem todo o poder de reverter tais medidas.  Certo?  Hum...

Mas democracia é isso mesmo.  Trata-se de um sistema formado por uma casta minoritária, porém altamente poderosa, perfeitamente cônscia do poder escravizador que tem sobre os outros mortais.

Sim, é verdade que, em teoria, qualquer um pode se tornar membro dessa casta, deixando de ser o escravo para se tornar o senhor de engenho - basta para tal fazer um concurso público, ou ser eleito político, ou conhecer algum político que lhe arrume uma boquinha.

Entretanto, tal particularidade, ao invés de amenizar, apenas acentua o problema: vivemos em um sistema que legitimou a segregação de castas, como se fosse extremamente natural ter um arranjo no qual alguns poucos vivem à custa de todo o resto.  Em uma sociedade civilizada, isso seria repudiado como escravagismo.  Na nossa, diz-se apenas que isso "faz parte do jogo democrático" e que é "obrigação do eleitor votar com consciência para impedir desmandos".  Já conseguiu parar de rir?

Outra variante comum é "Não gostou? Então vá às ruas, proteste, faça sua voz ser ouvida e corrija a situação!" - como se fosse uma coisa extremamente banal reverter decisões de cunho político e, pior!, cumpridas e executadas pelo estado, justamente a entidade que detém o monopólio da coerção e da violência.

Pois, então, caro leitor, trate de ir trabalhando duro e poupando bastante, pois tem mais 7.700 parasitas para você bem nutrir (além de todos os outros inchaços e aumentos salariais já promulgados).  É do seu suor que vai depender a boa vida da casta que está no comando.  É obrigação sua "manter a máquina funcionando".  Você não vai ser egoísta, vai?  Apenas curve-se e alimente seus amos.

E não se esqueça: todas as medidas que legitimam uma tungada maior do seu dinheiro são medidas tomadas democraticamente, não obstante você sequer tenha sido chamado a participar.

 

P.S.: e depois tem gente que reclama injuriadíssima quando Hans-Hermann Hoppe fala que a monarquia é bem menos pior que a democracia.

Sobre o autor

Leandro Roque

Leandro Roque é editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

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