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Economia

A Ascensão Ilusória

Desvendando o salto brasileiro entre as economias do mundo em 2023

15/01/2024

A Ascensão Ilusória

Desvendando o salto brasileiro entre as economias do mundo em 2023

Nota do Editor:

Originalmente publicado sem que fosse feita a devida referência pelo autor, o artigo abaixo foi, em boa parte, uma transcrição do vídeo a seguir:

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A surpreendente ascensão do Brasil de 11° para 9° na classificação das maiores economias mundiais em 2023 certamente capturou a atenção de muitas pessoas, inclusive algumas que atribuíram esse crescimento ao governo Lula. À medida que exploramos os números que colocaram o país em um patamar mais elevado, torna-se evidente que a elevação no ranking não reflete um crescimento econômico genuíno. É apenas mais um crescimento artificial e insustentável. Este artigo se propõe a desvendar os véus que encobrem a verdadeira saúde econômica do Brasil, destacando as nuances por trás do aumento do PIB e questionando a sustentabilidade dessa aparente recuperação.

Começando pelo relatório de contas trimestrais do IBGE, observe o seguinte gráfico:

Gráfico 1: Patamar PIB pela ótima da demanda. Fonte: IBGE.

Pode-se observar que tanto o consumo das famílias quanto os gastos do governo aumentaram. Porém, a formação bruta de capital fixo (FBCF), que está diretamente ligada à capacidade produtiva do país, está caindo. Logo, o crescimento do PIB, que muitos elogiaram, ocorreu apenas por conta do aumento do consumo, e não pelo aumento da produtividade. Se há um aumento de demanda, mas a oferta não acompanha, os resultados são pressões inflacionárias e aumento de preços. O crescimento do PIB só poderia ser considerado uma vitória se tivesse sido acompanhado de um aumento na formação bruta de capital fixo, o que não ocorreu.

Ainda no relatório do IBGE, há mais um gráfico interessante:

Gráfico 2: Taxa de Investimento e Taxa de Poupança Bruta. Fonte: IBGE.

Este gráfico analisa a taxa de investimento e a taxa de poupança bruta em porcentagem do PIB. E, mais uma vez, podemos ver um indicador negativo, em que tanto a taxa de investimento (FBCF) quanto a taxa de poupança bruta caíram em comparação a 2021 e 2022. A taxa de poupança bruta é uma medida muito importante porque reflete a capacidade de um país acumular capital e investir em seu próprio desenvolvimento econômico.

Vejamos agora o relatório do Banco Central:

Gráfico 3: Investimentos Diretos no País (IDP). Fonte: Banco Central.

O gráfico mostra que os investimentos diretos no país (IDP) vem caindo constantemente a partir de janeiro de 2023. O IDP é a maior fonte de financiamento para o balanço de pagamentos do Brasil. As atividades de empresas multinacionais na economia brasileira impactam não apenas o balanço de pagamentos do país, mas também influenciam emprego, produção, renda e desenvolvimento tecnológico. Teria sido um ótimo indicador econômico se estivesse aumentando, atraindo investimento externo para gerar emprego, renda e desenvolvimento tecnológico. Porém, o que está acontecendo é o total oposto.

Partindo agora para o relatório do Banco Inter:

Gráfico 4: Volume de Vendas no Varejo (VVV). Fonte: Banco Inter.

Este gráfico mostra que durante a pandemia e o lockdown, o Volume de Vendas no Varejo (VVV) caiu drasticamente. Logo após, voltou rapidamente ao patamar anterior, e ainda cresceu um pouco mais. Atualmente, está estagnado e com expectativa de queda. Como apontou o relatório do Banco Inter:

“Em outubro, a indústria permaneceu estagnada enquanto o varejo e serviços tiveram queda além do esperado. O resultado mostra a continuidade da desaceleração da atividade observada a partir do 3° trimestre e indica que a economia perde força no último trimestre do ano. (...) Resultado ficou baixo da expectativa de que era de estabilidade no mês”.

Agora, um gráfico divulgado pela Valor Econômico apresenta uma métrica também muito preocupante, que é a do IBC-BR:

Gráfico 5: IBC-BR. Fonte: Valor Econômico.

Esta métrica, além de medir a atividade econômica na indústria e agropecuária, também leva em conta o varejo e serviços. E, como pode-se ver claramente, vem caindo absurdamente a partir de abril de 2023.

Seguindo para o relatório da FGV, temos:

Gráfico 6: Índice de Confiança de Serviços. Fonte: FGV.

Percebe-se que o índice de confiança de serviços apresentou uma queda a partir de maio de 2023. O Índice de Confiança de Serviços é utilizado para medir a confiança e expectativa dos empreendedores e gestores dentro do setor de serviços, logo, ele é importante para indicar mudanças na atividade econômica e tendências de crescimento ou declínio no setor de serviços.

Outra métrica interessante de observar, disponível no Trading Economics, é a do agregado monetário M2, que é uma boa medida para analisar a expansão monetária em uma economia:

Gráfico 7: Agregado Monetário M2. Fonte: Trading Economics.

Pode-se ver claramente que a expansão monetária tem crescido. Isso pode contribuir para uma desvalorização da moeda e uma queda no poder de compra, fazendo com que os preços subam.

Com esses dados e informações em mãos, é seguro dizer que, se esses indicadores não se reverterem, muito provavelmente estaremos diante de uma recessão econômica em breve.

 

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Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.

Sobre o autor

Kaio Gianotto

Jovem estudante apaixonado por economia, fascinado pelas teorias e dinâmicas de mercado. Contribui com ideias instigantes e debates enriquecedores.

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