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Economia

A guerra contra o salto

21/09/2009

A guerra contra o salto

A Sociedade Britânica de pedicuros e podólogos propôs uma medida que está dando o que falar na Inglaterra.  Com o argumento de que "se deve proteger a saúde das mulheres", se quer proibir o uso de salto alto no trabalho. Não, você não leu errado: os pedicuros e podólogos ingleses querem realmente proibir o salto alto. Segundo a tal associação (que já conseguiu apoio dos médicos britânicos), esse tipo de sapato causa problemas no próprio pé, no joelho e na coluna.  E esses riscos são potencializados quando a mulher usa um sapato extremamente desconfortável só em nome da beleza.  Segundo a porta-voz da tal sociedade, a ação dará às mulheres "direito de escolha".  "Há mulheres que são obrigadas por seus empregadores a usar salto alto como parte do código de como se vestir no trabalho".

Por partes: primeiramente, em nome de uma minoria de setores que exigem o uso do salto alto, como o de aviação, por exemplo, quer se aplicar uma proibição geral. Sempre usando argumentos tidos como humanitários (a associação só quer ajudar as mulheres a terem mais saúde), se proíbe algo que soa tão ridículo quanto a proibição que alguém use roupa preta num país quente porque ela absorve calor e pode fazer a pessoa passar mal, por exemplo (espero que nenhum defensor da minha saúde leia isto e resolva colocar esta proposta em prática).  Segundo, a medida simplesmente ignora o direito da escolha da mulher.

Quando alguém vai trabalhar em uma empresa, conhece de antemão as regras que é preciso cumprir para se tornar colaborador.  Por isso, quando uma aeromoça opta por ter que usar saltos altos em troca de seu salário, ela toma essa atitude porque sabe que os benefícios que terá tendo aquele trabalho podem compensar os eventuais problemas de saúde que ela poderá ter por usar salto durante o expediente.   A Sociedade Britânica simplesmente esquece-se de que as mulheres que usam salto, usam porque escolheram voluntariamente aquela profissão. Se elas realmente se sentirem incomodadas, elas podem tentar negociar a mudança na regra ou simplesmente procurarem outro emprego.

Por último, gostaria de lembrar que grande parte das empresas de médio e grande porte, como é o caso das companhias aéreas, costumam oferecer planos de saúde para seus funcionários. Por isso, uma funcionária que eventualmente tenha algum problema de saúde decorrente do uso do salto alto poderá utilizar o plano de saúde subsidiado pelo empregador para custear seu tratamento.

Resumindo, essa medida é mais uma atitude totalitária travestida de argumentos solidários que visa "proteger as pessoas delas mesmas", ignorando as escolhas individuais de cada pessoa.

Sinceramente, em nome da liberdade, espero que a medida não vire lei.


Ps. Uso saltos e tenho problemas de varizes. E continuo usando salto assim mesmo, porque quero.

Sobre o autor

Núbia Tavares

É jornalista e foi diretora de operações do Instituto Mises Brasil.

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