Da Espanha para a Europa - as devidas lições
Enquanto o povo espanhol continua a sair para as ruas em protesto contra o Presidente da Espanha, o socialista Pedro Sanchéz, manifestações que duram há praticamente um mês e que têm sido marcadas por violência entre polícia e manifestantes, pouco ou nada tem sido noticiado no resto da Europa. As noticias da Espanha nos chegam pelas redes sociais ou amigos.
Mas afinal, o que se passa na Espanha? E o que a Europa pode aprender?
Antes das eleições gerais de julho deste ano, em que o Partido Popular (centro-direita) venceu com maioria relativa, o próprio PP fez uma campanha em que demarcou-se devidamente do VOX, o partido de direita conservadora. No entanto, o líder do PSOE (socialista) se recusou a fazer o mesmo no que dizia respeito às forças extremistas, nomeadamente as que incluíam separatistas terroristas e condenados por crimes de sangue (Bildu, partido separatista nacionalista do País Basco).
Ao contrário da maioria dos países europeus, a Espanha é um país de várias nações e com vários idiomas. Há muito tempo que esta diferença cultural e a sua forma de gestão pelo governo espanhol tem sido motivo para radicalismo, nomeadamente ataques terroristas e ataques à constituição espanhola, que não prevê a independência das suas regiões autônomas.
O referendo de 2017, que visava a independência da Catalunha, levou Carles Puigdemont, o líder catalão naquela época, a exilar-se no estrangeiro para escapar da justiça espanhola, bem como outros nove independentistas.
Após as eleições com maioria relativa do Partido Popular, o líder socialista mobilizou-se para formar governo recorrendo à ajuda dos partidos independentistas. Evidentemente que eles não viabilizariam o governo do PSOE sem contrapartidas. Considerando que o seu principal alento é o divórcio da Espanha, pouco lhes interessa governar a Espanha. Neste sentido, cavalgam as pretensões de quem quer o poder a qualquer custo, pedindo como condições para o seu apoio uma medida imoral e outra inconstitucional: anistia de quem foi condenado por atentados contra o país e referendo para a independência.
A aceitação destas condições por parte do socialista Pedro Sanchéz marca a queda da máscara utilizada pelos políticos de que as suas decisões representam o bem coletivo.
E de repente, os piores fantasmas sobre a guerra civil espanhola, ainda tão frescos, voltam à tona.
Alejo Vidal-Quadras, fundador do VOX e ex-representante do PP na Catalunha, é baleado na cabeça em plena luz do dia, num ato que pouco foi falado na Espanha, menos ainda no resto da Europa, mas que em demasiado lembrou o assassinato de José Calvo Sotelo. Um silêncio ensurdecedor que não moveu tanto aquele país e o mundo como um beijo no meio das comemorações do campeonato do mundo feminino. Novamente, o monstro coletivista sai das mais bafientas caixas sempre que cheira a divisão de massas.
Ainda assim, o povo espanhol vem para a rua e faz-se ouvir de viva voz: não querem pactos com independentistas, não querem a separação dos espanhóis.
Esta separação e guerra política apenas favorece a pretensão de poder de um coletivo que descaradamente age sem qualquer pudor pela sua manutenção no poder.
A voz do povo espanhol foi reduzida a nada - não tem voz sobre a anistia, não tem voz sobre a secessão do próprio país. Foi tudo arranjado por duas partes interessadas nesse negócio.
Logicamente que o direito de secessão deveria ser previsto pela Constituição e o povo deveria ser chamado a votar sobre qual deseja que seja a sua organização territorial. Se assim fosse, qualquer que fosse a decisão teria validade legal e moral e terminava a corrupção de “votos em troca de exigências”.
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Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.
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