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Economia

A degeneração do dinheiro através do estado

Cada dia ficamos mais pobres e temos a certeza de que isso é culpa do Estado.

09/06/2023

A degeneração do dinheiro através do estado

Cada dia ficamos mais pobres e temos a certeza de que isso é culpa do Estado.

A social-democracia e o aumento da expansão monetária

Os estados modernos - encabeçados pelos governos democráticos - chegaram em um estágio perigoso, após anos de Welfare State, graças à irresponsabilidade fiscal com o aumento da base monetária. Os estados cada vez mais se endividam para manter suas estruturas faraônicas e o poder da classe política. Dessa forma, o estado utilizou por anos do imposto inflacionário para fazer a transferência de renda dos mais pobres para as castas políticas e os corporativistas - que vivem da sua relação simbiótica com o estado.

A degeneração monetária começa graças ao modelo de governo adotado. Os estados transicionaram dos governos monárquicos para a democracia no final da Primeira Guerra Mundial e os bens dos monarcas tornaram-se "bens públicos" nas democracias. Com isso, temos pessoas que são eleitas para assumir cargos temporários onde precisam realizar políticas públicas de bem-estar social, com o objetivo de se perpetuarem no poder. O jogo democrático é o seguinte: oferecer uma grande bonança a curto prazo, retirando dos que produzem para sustentar os que não geram riqueza alguma. Hans Hermann Hoppe descreveu em “Democracia, o Deus que falhou” um dos maiores problemas dos governos democráticos:

"Assim, deve ser considerado inevitável que a propriedade pública do governo resulte em um contínuo consumo de capital. Ao invés de manter ou até mesmo aumentar o valor da propriedade do governo – como faz um rei –, um presidente (o zelador temporário do governo) usará ao máximo os recursos governamentais o mais rapidamente possível, pois, se ele não os consumir agora, ele pode nunca mais ter a possibilidade de consumi-los. Em particular, um presidente (ao contrário de um rei) não tem interesse em não estragar o seu país."

Com isso, a preferência temporal de toda sociedade tende a ser alta. A sociedade para de poupar e investir porque o dinheiro não é sólido, e com o aumento da gastança a sociedade fica estagnada em seu desenvolvimento econômico, afinal não existe mais uma visão a longo prazo causada pelo enfraquecimento do dinheiro. No momento em que isso acontece, a degeneração social começa a aumentar, pois uma sociedade que se baseia no consumo - gerado pela alta preferência temporal – acaba tornando-se uma sociedade comandada pelo hedonismo. As pessoas vão buscar a maximização de suas realizações através dos prazeres momentâneos e esquecem das suas necessidades futuras. Essas pessoas estarão fadadas a viver em um ciclo de pobreza moral e econômica.

Um grande exemplo histórico disso é Roma, que decaiu de maior império do mundo para uma dissolução completa por causa das políticas monetárias adotadas por seus governantes. Obviamente o governo não tinha tantos recursos para degenerar a moeda como tem hoje, porém as moedas de Roma eram todas cunhadas em prata e, para aumentar o número de moedas em circulação e manter as despesas do governo, os imperadores começaram a substituir a prata pelo cobre. No século III, o imperador Diocleciano ordenou que as novas moedas fossem cunhadas com mais cobre do que prata. Posteriormente, ele tabelou os preços dos produtos para conter o aumento dos preços - sempre afirmando que a culpa da elevação dos preços não era dele, mas sim dos produtores - e seguiu aumentando o nível de cobre nas moedas, até que não existisse mais prata.

Com isso, os produtores e comerciantes pararam de investir na produção, já que eles receberiam menos pela perda de valor da moeda. Roma sofreu com a falta de abastecimento de produtos básicos e outros setores específicos. A degeneração social aumentou exponencialmente, como é documentando em “Did the Romans degenerate?”. A sociedade romana era totalmente diferente no seu final do que ela tinha sido em seu começo, desde a ideia de escolas privadas, meios de trocas por entidades privadas, a descentralização dos tribunais etc. No final do império, Roma parecia muito mais com um estado social-democrata do século XXI. Além disso, em "The Great Degeneration: How Institutions Decay and Economies Die", Niall Ferguson demonstra, categoricamente, como os países que conseguem desenvolver-se ao ponto de serem considerados grandes impérios se perdem pelo acumulo de poder nas instituições governamentais. Ferguson vai além, demonstrando um paralelo dos antigos impérios até os países ricos do nosso século, mostrando que todos têm problemas extremamente similares, como desaceleração do crescimento, empobrecimento generalizado, aumento da desigualdade, envelhecimento da população e comportamento antissocial.

 

O freio na social-democracia

E como resolver isso? A resposta é simples: com um dinheiro que não esteja no controle do aparato estatal. O ouro e outras commodities já foram o "dinheiro sólido" por séculos. Hoje, temos algo muito melhor: o Bitcoin. A moeda laranjinha tem o poder de consertar todos os males causados pela expansão monetária dos estados e trazer de volta o real sentindo de "dinheiro".

Para finalizar, vale lembrar que em Fausto, obra de Johann Wolfgang von Goethe, Mefistófeles - o diabo - ensina a um rei o truque de pintar pedaços de papel para pagar as contas de um reino em dificuldades. Te lembra algo? Talvez uma pequena prática utilizada até hoje que desgasta o tecido social e "democratiza" a pobreza. Ao menos, já sabemos quem inventou essa prática.

Sobre o autor

Mateus Leite

Assessor parlamentar na ALESE – Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, graduando em direito pela UNIT-SE.

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