Economia
“O livre mercado permitiu ao Chile se desenvolver”, diz economista-chefe do BTG Pactual no país
“O livre mercado permitiu ao Chile se desenvolver”, diz economista-chefe do BTG Pactual no país
O economista chileno Luis Óscar Herrera tem uma longa trajetória de serviços prestados ao país. Bacharel e mestre em Economia pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Chile e doutor na mesma área pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), ele trabalhou durante muitos anos no Banco Central do Chile, onde ocupou o cargo de economista-chefe. Atualmente, é o economista-chefe da região andina do BTG Pactual, comandando a estrutura de análise macroeconômica. Na entrevista a seguir, Herrera fala sobre os impactos da onda de protestos para a economia chilena e explica por que o modelo liberal adotado há 30 anos não só enriqueceu o país como reduziu a desigualdade social.
Qual será o impacto dos protestos para a economia do país?
Teremos impactos no curto prazo. Vamos ter baixa nos índices de atividades econômicas de outubro e novembro. Também há prejuízos à infraestrutura de transporte e ao comércio. Os gastos estimados para reparar os danos no metrô deverão chegar a US$ 300 milhões. A confiança nos investimentos pode ser afetada, com efeito no próximo ano.
Os protestos podem atrapalhar a captação de investimentos?
Isso vai depender das respostas institucionais para os protestos. As forças políticas vão ter que ser contundentes. Na verdade, as manifestações refletem problemas políticos e a forma de abordá-los vai definir o impacto nos investimentos. O que vemos até o momento são tentativas de chegar a um acordo para fortalecer as instituições e a democracia.
O que explica a revolta?
O fator imediato é a alta do transporte, mas quero destacar que foi apenas de 4 centavos de dólar, um aumento de 3,8%, o que é pouco para um país com inflação de 2%. Eu separaria a revolta em três grupos: os revoltados do metrô, que não sabemos ainda se planejaram com antecedência os protestos, as pessoas que saquearam as lojas e aqueles que enxergam nisso um movimento social, mas sem uma agenda bem definida. Eu não conheço ninguém com um motivo realmente claro para ir às ruas. Alguns falam de desigualdade, mas houve avanços sociais nos últimos anos.
No Brasil, muitos disseram que a desigualdade social aumentou no país.
Não aumentou. Nos últimos anos, os índices de desigualdade caíram e houve sensíveis melhoras para as pessoas de baixa renda. Muitas famílias foram incluídas no mercado de trabalho. Basta observar as estatísticas do Banco Mundial e do Ministério de Desenvolvimento Social para perceber que os indicadores melhoraram.
Para conter as revoltas, o presidente estabeleceu algumas medidas que podem ser consideradas populistas, como aumento das aposentadorias e e de impostos para os ricos. Qual será o efeito dessas medidas?
O presidente procurou uma agenda para garantir a união política e social. Esta agenda ainda precisa ser aprovada no Congresso. Algumas medidas já existiam, mas foram ampliadas. É o caso das aposentadorias, que agora vão aumentar 20%, mas que antes estavam programadas para subir 15%. Em relação à alta de impostos, isso pode gerar efeitos adversos na economia. Atualmente, as empresas chilenas já pagam impostos elevados, de 40% ao ano.
Todos os indicadores econômicos e sociais do Chile são superiores aos do Brasil. É de se supor, portanto, que o modelo liberal adotado no país nos últimos anos triunfou. O senhor concorda com essa avaliação?
Eu concordo com o modelo de livre mercado, de responsabilidade macroeconômica, que permitiu ao Chile se desenvolver rapidamente nos últimos 30 anos e melhorar os índices de pobreza, desenvolvimento humano, educação e bem-estar. Há 30 anos a economia chilena estava abaixo da média nestes indicadores. Hoje, é líder na América Latina.
(Katherine Rivas/Money Report)
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