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O socialismo em sua essência: pobres morrendo de fome e a elite política se esbaldando

Quanto mais controlada é uma economia, mais ela beneficia aqueles que têm poder

21/09/2018

O socialismo em sua essência: pobres morrendo de fome e a elite política se esbaldando

Quanto mais controlada é uma economia, mais ela beneficia aqueles que têm poder

As políticas socialistas do governo venezuelano continuam a criar um genuíno inferno na terra para seus cidadãos.

A hiperinflação fez com que sua moeda fosse literalmente transformada em lixo. As taxas de mortalidade de recém-nascidos, mães em gestação e idosos dispararam, pois os hospitais estão fechando por falta de luz, água e medicamentos. Praticamente não há mais remédios no país.

A comida desapareceu dos supermercados, o que forçou a população a comer cachorros, pombas, gatos e animais nos zoológicos (até mesmo os burros que outrora infestavam as estradas do estado de Falcón desapareceram; alguns foram comidos, outros morreram de fome). Uma recente pesquisa relatou que nada menos que 78% da população do país diz "sentir fome constantemente e não ter o que comer".

No entanto, essa realidade não se aplica a todos os venezuelanos.

No início desta semana, o presidente Nicolás Maduro foi flagrado em um luxuoso restaurante em Istambul se fartando em caros cordeiros e em outras iguarias faustosas ao mesmo tempo em que fumava charutos finos e era adulado por um chef de fama internacional. A conta, obviamente, foi paga com a riqueza que seu regime esbulhou dos cidadãos venezuelanos.

Mais uma vez, vemos concretizar o dito de George Orwell de que, sob o socialismo, "todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros".

Embora a indignação e a revolta geradas pela obtusa opulência de Maduro sejam corretas e merecidas, elas são apenas um ruidoso lembrete de como o socialismo realmente funciona na prática. Quanto mais controlada se torna uma economia, mais ela beneficia aqueles que estão no poder.

Embora menos óbvios do que o banquete de Maduro preparado por chefs famosos, comportamentos deste tipo ocorrem a rodo em toda a Venezuela. O regime sabe que sua sobrevivência depende de manter as armas do governo continuamente apontadas para a população do país, e não para seus próprios membros. Sendo assim, o país é hoje controlado por um governo que, para se sustentar, suborna os detentores das armas: a polícia e as forças armadas recebem do governo acesso privilegiado a comida e a suprimentos em troca de sua lealdade.

O governo venezuelano deu carta branca para o exército praticar extorsão e receber subornos, desta maneira ganhando uma lealdade temporária. Segundo reportagem da Bloomberg:

As forças armadas da Venezuela, que já haviam assumido o controle da distribuição de alimentos, assumiram também o controle do desesperador e lucrativo comércio de água. Os reservatórios estão secando, os encanamentos deteriorados e furados estão inundando bairros inteiros e os cidadãos estão indo embora. Sete grandes pontos de acesso em Caracas, a capital de 5,5 milhões de habitantes, são agora controlados ou por soldados ou pela polícia, que também assumiu o controle total de todos os caminhões-pipas estatais e privados.

Extraoficialmente, soldados determinam para onde cada caminhão de água e comida deve ir, especificando que os bens devem ser entregues em endereços de pessoas com conexões com o governo.

À medida que o colapso econômico acelera, o regime autocrático do presidente Nicolás Maduro vai entregando o controle de indústrias lucrativas para os 160.000 membros do exército, desde o Arco Minero del Orinoco (uma região rica em recursos minerais) até altos cargos na estatal petrolífera, passando pelo cada vez mais precioso controle sobre a água e a comida.

O governo de Maduro consegue se beneficiar destes esquemas de várias maneiras. Como relatou um empresário sul-americano à Associated Press ano passado, uma propina dada ao funcionário público certo abre as portas para que ele possa importar comida e bens escassos para a Venezuela para então revender estes itens para o governo da Venezuela. E ele consegue pagar a propina porque o governo venezuelano paga a ele um preço bem mais alto do que os mercados internacionais. Ato contínuo, o governo pega a comida e os bens escassos e os repassa aos militares, que então conseguem alimentar suas família e vender o resto -- em troca de dólares, é claro.

Na Venezuela atual, o mercado negro de alimentos é muito mais rentável que o mercado de drogas. Como ocorre com qualquer outro mercado negro, os negócios são ainda melhores se forem realizados sob a proteção do governo, e com a proibição da concorrência. Não apenas o regime de Maduro criou um mercado negro para membros do governo, como ele também ordena que a polícia esmague os bachaqueros -- os "vendedores ilegais" -- que concorrem com os membros do regime.

E esta não é a única maneira como aqueles que usufruem privilégios estatais lucram com os horrores do socialismo.

Como relatou recentemente o Miami Herald, aqueles próximos a Maduro -- inclusive seus enteados -- se aproveitaram de esquemas fraudulentos no mercado de câmbio controlado pelo governo (há quatro taxas de câmbio controladas pelo governo na Venezuela, as quais, ao não levarem em conta a hiperinflação da moeda, permitem enormes lucros). Isso resultou em um processo, que foi aberto em Miami, de US$ 1,2 bilhão por lavagem de dinheiro:

No processo federal aberto em Miami, promotores afirmam que uma rede de empresários e executivos venezuelanos ligados à estatal petrolífera PDVSA conseguiu rapidamente converter bolívares, então avaliados em US$ 42 milhões, em nada menos que US$ 600 milhões ao simplesmente simularem um "empréstimo" para a estatal.

Os executivos emprestavam o dinheiro para a estatal e, alguns meses depois, a PDVSA recorria ao sistema de câmbio controlado pelo governo para quitar esse "empréstimo". Como há uma hiperinflação de pesos, mas o câmbio é controlado pelo governo, os bolívares emprestados se multiplicavam e aumentavam enormemente seu valor em dólares. De acordo com os documentos obtidos pela corte federal, os membros escondiam o dinheiro na Europa e nos EUA, onde compraram mansões no sul da Flórida.

Russell Dallen, um empreendedor de Miami que gerencia um fundo de investimentos e que já foi proprietário de um jornal na Venezuela, rotulou o esquema cambial do governo de "moto-perpétuo de dinheiro".

"Esse é dos motivos por que a Venezuela não alterou seu sistema cambial", disse Dallen, um investidor financeiro que acompanhou de perto o esquema de lavagem de dinheiro.

Essa corrupção, é claro, não é exclusiva do regime de Maduro (ela é inerente a todas as economias intervencionistas), mas ela é um subproduto do sistema socialista que ele herdou. Hugo Chávez ainda continua popular entre vários venezuelanos, mas foi ele quem intensificou todos esses esquemas de corrupção. Sua filha, por exemplo, vive uma vida de luxo. A fortuna dela foi estimada em nada menos que 4 bilhões de dólares. (E vale lembrar que Fidel Castro acumulou mais riqueza que a Rainha da Inglaterra).

Conclusão

Incompreensivelmente, apesar de todos os exemplos práticos em contrário, o socialismo ainda continua sendo vendido como uma maneira de acabar com as desigualdades que existem em uma economia de mercado. A realidade, no entanto, é que o socialismo altera apenas a maneira como o poder e o privilégio são distribuídos. Em uma economia de livre mercado, a riqueza é obtida por meio de trocas voluntárias e pela satisfação das demandas dos consumidores. Já no socialismo, ela é obtida por meio da força e da brutalidade.

E o roteiro é sempre o mesmo: no início, todo socialista promete salvar a humanidade. No final, descobre-se que ele sempre queria apenas poderes totalitários e privilégios nababescos à custa da miséria da população. Por isso, todo socialista, sem exceção, é um "salvador da humanidade em benefício próprio".

Mais ainda: tudo aquilo que os socialistas dizem ser a doença do sistema capitalista -- a exploração de muitos pelos poucos privilegiados; uma brutal desigualdade de riqueza e de oportunidade causada por um arranjo artificial de controle dos meios de produção; a manipulação da realidade para fazer com que a escravidão pareça aceitável -- é exatamente a natureza e a essência do socialismo.

Para as pessoas na Venezuela, que estão ou fugindo em massa do país (2,3 milhões de venezuelanos deixaram o país em dois anos) ou morrendo de fome, seu futuro não será melhorado pela mera substituição de Maduro por um líder socialista mais "moderado". Só haverá algum futuro quando a população rejeitar a exata ideologia que vem, há décadas, erodindo a riqueza daquele país que já teve a quarta população mais rica do mundo.

Até lá, os socialistas que estão no poder, bem como aqueles que possuem conexões com eles, irão continuar vivendo nababescamente às expensas de seus conterrâneos.

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Sobre o autor

Tho Bishop

É consultor político da Bishop Associates, em Panama City Beach, Flórida, e diretor das mídias sociais do Mises Institute americano.

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