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Por que um progressista decente e coerente deveria odiar o socialismo

O socialismo sempre perseguiu as minorias e garantiu privilégios a uma pequena elite

05/12/2017

Por que um progressista decente e coerente deveria odiar o socialismo

O socialismo sempre perseguiu as minorias e garantiu privilégios a uma pequena elite

Os 100 anos da Revolução Russa -- a qual gerou 61 milhões de cadáveres -- explicitaram um enorme contraste entre o silêncio dos russos e a celebração da esquerda brasileira. Houve político se licenciando do cargo para ir à Rússia festejar e se frustrando com a ausência de qualquer festividade.

A Câmara dos Deputados, inclusive, realizou uma sessão solene por causa da data.

O pouco caso da esquerda brasileira para com as vítimas do socialismo é um fenômeno curioso. É impossível encontrar alguém que se autodenomine mais interessado com o próximo do que um esquerdista. São "os inteligentinhos", como afirma o filósofo Luiz Felipe Pondé, detentores do monopólio das virtudes. Quem é esquerdista costuma justificar sua opção ideológica como sendo alguém que "se importa com as pessoas".

Peça mais detalhes de por que o sujeito está na esquerda e você provavelmente terá como resposta algo como: "Bem, eu não gosto da desigualdade que existe hoje. Eu me importo com o sofrimento das minorias e gostaria de mais liberdades individuais para mais pessoas".

Se você pegar alguém mais estudado, ele vai chamar isso de "se importar com os direitos humanos".

Todos estes quatro pontos -- igualdade de tratamento, proteção das minorias, defesa das liberdades individuais e dos direitos humanos -- não apenas são muito importantes, como também, por definição, implicam que a esquerda deve rejeitar por completo socialismo.

O socialismo gera tudo aquilo que a esquerda supostamente deveria abominar

Analisando as experiências socialistas, constata-se que não houve nada pior para a igualdade, para as minorias, para as liberdades individuais e para os direitos humanos do que os acontecimentos na União Soviética, na China, na Coreia do Norte, em Cuba, no Leste Europeu e em todas as outras experiências socialistas.

Nada no mundo gera mais desigualdade do que uma ditadura do proletariado.

Na China, enquanto as pessoas comiam casca de árvore para não morrer de fome, a alta burocracia chinesa vivia no luxo e Mao Tsé-Tung mantinha um harém. "Curiosamente", o mesmo acontece em 2017 na Coreia do Norte.

Já na Venezuela, enquanto a população come cachorros, revira latas de lixo em busca de comida e passa por um emagrecimento compulsório, membros do governo se fartam em festas luxuosas regadas a champanha e comida farta e chique.

Em Cuba, a família Castro e dirigentes do partido levam vidas luxuosas na mesma ilha em que o povo raciona comida há mais de 5 décadas, e cujo salário médio -- atenção, salário médio e não salário mínimo -- é de 22 dólares mensais.

Cuba também é um exemplo de quão terrível é ser uma minoria em um país socialista. Embora seja uma ilha majoritariamente negra, eles quase não aparecem na composição do governo cubano, além de serem minoria entre os professores universitários.

Ser gay na ilha comandada por Fidel Castro durante décadas significou ir para campos de concentração. Toda uma rede de campos de trabalho forçado ao longo de Cuba foi criada para torturar e reeducar gays e efeminados com o intuito de fazê-los renunciar às suas "perversões malévolas", as quais eram vista como o produto do capitalismo moralmente corrosivo.

Em 1965, Fidel Castro e Che Guevara criaram as Unidades Militares de Ajuda à Produção, que nada mais eram que acampamentos de trabalho agrícola em regime militar, com cercas de 4 metros de arame farpado, onde os homossexuais e outros "marginais" realizavam trabalho forçado nos canaviais, com jornadas de até 16 horas, em condições desumanas muito semelhantes aos campos de concentração nazistas. Inúmeros artistas e escritores homossexuais foram perseguidos: Virgílio Piñera, Lezama Lima, Gallagas, Anton Arrulat, Ana Maria Simo e Alien Ginsber foram os mais notórios.

Segundo o jornalista cubano Luis Ortega, que conheceu Che Guevara ainda em 1954 e que escreveu o livro "Yo Soy El Che!", o número de pessoas que Guevara pessoalmente mandou fuzilar foi de 1.892. Guevara pessoalmente executou vários homossexuais, os quais ele assumidamente detestava. 

Em 1971, homossexuais foram proibidos de ocupar cargos públicos; a sodomia constou no Código Penal Cubano até 1979, e beijos homossexuais eram punidos com cadeia por atentado ao pudor até 1997.

O mesmo aconteceu na União Soviética. Entre 1934 e 1992, mais de 50 mil homossexuais foram condenados com base no art. 121 do Código Penal Soviético, em que ser gay era crime punido com trabalhos forçados até 1992. Isso significa que a União Soviética tornou a homossexualidade uma prática ilegal por quase 60 anos, fazendo com que o atual regime de Putin, que proíbe marchas LGBT, seja um parque de diversões em comparação.

Já no que toca às liberdades individuais, os regimes socialistas se caracterizaram justamente por suprimi-las. Cuba, até hoje, é um dos poucos países do mundo que pune o tráfico de drogas com pena de morte. Se boa parte da esquerda mundial atualmente levanta a bandeira do fim da guerra às drogas, Mao Tsé-Tung se orgulhava de ter eliminado a venda de ópio matando todos os vendedores.

Na China, a liberdade individual se tornou controlada ao ponto de o governo decidir quantos filhos você pode ter e, até mesmo, em que local você deve morar, haja vista os passaportes internos que impedem a população chinesa de mudar de uma cidade para outra.

Ao passo que os direitos humanos foram conquistas liberais, os regimes socialistas configuraram quadros completos de controle e violação da dignidade humana. Há vítimas do socialismo que morreram pelo crime de cantar músicas "ocidentais" no Camboja. Na Rússia, o rock era considerado subversivo, fascista e tinha que ser contrabandeado. Diversos músicos cubanos foram censurados pelos irmãos Castro.

Já Mao Tsé-Tung famosamente se gaba de ter "enterrado vivos 46.000 intelectuais", o que significa que ele os enviou para campos de concentração, onde ficariam calados e morreriam de fome. Enquanto isso, o radical movimento comunista de Pol Pot (o Khmer Vermelho) executou intelectuais aos milhares, chegando ao ponto de ter como alvo qualquer pessoa que usasse óculos

Não obstante, a intelectualidade sempre foi a grande defensora do socialismo.

No socialismo, a arte e o pensamento não eram autênticos como devem ser, mas uma mera máquina de propaganda do poder.

Atualmente, todas as aulas lecionadas na Coreia do Norte são gravadas para controlar o que é transmitido aos alunos, havendo diversos temas proibidos, como falar da internet ou contar como é a vida fora da península. Não há liberdade individual sem liberdade educacional.

A própria apreciação do socialismo era forçada. Alexander Soljenítsin, que sobreviveu a um campo de concentração soviético, conta histórias escabrosas em sua obra-prima Arquipélago Gulag. Josef Stalin, muito além de conduzir as Grandes Purgas e ser o responsável pelo genocídio do Holodomor, criou os aplausos forçados. Seu nome era anunciado nos teatros, e as pessoas aplaudiam durante dezenas de minutos, pois ninguém queria ser o primeiro a deixar de aplaudi-lo e ser considerado um traidor (o que levaria ao seu assassinato). O socialismo chegou ao nível em que até as saudações eram controladas por um único homem.

Não há nada parecido com direitos humanos nos países socialistas. Além de todos os exemplos acima configurarem ataques diretos aos direitos humanos, vale também lembrar que princípios milenares, como o direito à ampla defesa e ao contraditório, ao devido processo legal, habeas corpus ou um mínimo de dignidade aos presos sempre foram apenas uma miragem nos regimes socialistas. Ser preso pela polícia de um país socialista significa ser condenado e trancafiado em uma masmorra -- quando não em um campo de concentração, como ainda hoje milhares de pessoas estão presas na Coreia do Norte.

O socialismo não trouxe igualdade, não protegeu minorias, destruiu liberdades individuais e desprezou os direitos humanos. A despeito disso, a esquerda brasileira ainda idolatra a União Soviética, Cuba e defende a atual situação da Venezuela.

Até quando insistirão em defender o legado de um desastre que resultou em tudo aquilo que eles dizem repudiar?

Ou abandona ou assume logo

Rudolph Rummel, demógrafo perito em contabilizar todos os homicídios em massa causados por governos, estimou o total de vidas humanas dizimadas pelo socialismo do século XX em 61 milhões na União Soviética, 78 milhões na China, e aproximadamente 200 milhões ao redor do mundo. Todas essas vítimas pereceram de inanições causadas pelo estadocoletivizações forçadasrevoluções culturaisexpurgos e purificaçõescampanhas contra a renda não-merecida, e outros experimentos diabólicos envolvendo engenharia social.

Em termos de monstruosidade, esse terror simplesmente não encontra paralelos na história humana.

Ou a esquerda rejeita definitivamente o desastre socialista ou então assume de vez que não está interessada em ajudar ninguém, mas apenas em conseguir o poder e usufruir a "glória de mandar".

Stálin, Mao, Fidel, Pol-Pot, Chávez, Maduro, Kim e todos os outros líderes socialistas se mantiveram no poder não apesar de todo esse desastre, mas justamente devido a ele. Esse tipo de violação à dignidade e aos direitos humanos é a única forma de tanto poder concentrado ser mantido nas mãos de tão poucos.

Conclusão

É impossível haver socialismo sem tirania. A defesa do socialismo é, inescapavelmente, uma apologia da violência.

O historiador marxista Eric Hobsbawn chegou ao ponto de se referir aos milhões que perderam suas vidas para o socialismo como algo menor. "Não se faz omelete sem quebrar alguns ovos" sempre foi a máxima socialista para justificar seus fins. O problema é que as omeletes nunca apareceram.

Já Stálin sempre ressaltava: "a morte de um homem é algo trágico; já a morte milhões é apenas estatística".

Só que indivíduos não são nem ovos, tampouco números; indivíduos são indivíduos, e, apesar do discurso e do monopólio das virtudes, ao celebrar o socialismo, a esquerda demonstra não se preocupar verdadeiramente com eles.

 

Nota: Este texto foi uma parceria com Ivanildo Terceiro – Diretor de Comunicação do Students For Liberty Brasil e Leandro Roque, editor do site do Instituto Mises Brasil.

 

Sobre o autor

Luan Sperandio

É graduando em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e faz MBA em Liderança e Desenvolvimento Humano na Fucape Business School.

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