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Economia

Revolução silenciosa

17/02/2009

Revolução silenciosa

Enquanto todo o mundo estava acompanhando a campanha presidencial americana, e a posse do novo presidente, um movimento nasceu nos Estados Unidos. Sem líder e tendo como objetivo unicamente fazer com que a constituição americana seja respeitada, defensores da autonomia das federações surgiram naturalmente, em reação ao crescimento cada vez mais vertiginoso do poder do governo federal americano, principalmente após a crise financeira que está devastando a economia americana. 

Não se sabe se foi uma ação orquestrada ou não, mas alguns congressos estaduais nos Estados Unidos resolveram votar declarações para que a décima emenda da constituição seja cumprida. A décima emenda declara que "Os poderes não delegados aos Estados Unidos pela Constituição, nem proibidos por ela para os estados, são reservados para os estados, respectivamente, ou ao povo". Por isso, as atuais medidas tomadas pelo governo americano, como o pacote de ajuda às empresas prejudicadas com a crise subprime, são inconstitucionais, assim como as centenas de agências federais. Por isso, podemos concluir que a constituição está sendo constantemente desrespeitada e foi esse o entendimento dos legisladores das diversas unidades da federação que decidiram se manifestar contra a posição federal.

Esse movimento é novo, mas as suas origens vêm da época da revolução americana. Engana-se quem acha que os americanos são adeptos do pragmatismo, que a política deles é imune a ideologias, como os cientistas políticos vivem dizendo. É inegável que a revolução americana foi uma revolução ideológica; e isso pode ser confirmado lendo os escritos de Thomas Paine ou lendo as transcrições dos discursos de Patrick Henry.

Os pais fundadores da America já alertavam para o perigo de um governo federal grande e poderoso. Sabiam que quanto maior o tamanho do governo, menores seriam as liberdades dos indivíduos. E alguns poucos políticos nos últimos anos tem nos lembrado disso, como Barry Goldwater, Ronald Reagan e recentemente com Fred Thompson e Ron Paul.

O que ninguém parece ter percebido nesse novo movimento ainda é que ele é uma contestação da União, e é ai que está o detalhe mais importante: Isso não acontece desde a guerra de secessão. Quando o confronto mais importante da história americana terminou, os estados perderam seu direito de sair da união; e sem essa possibilidade, tudo caminhou para um aumento gradativo da União e a quase extinção da autonomia dos estados.

Algumas declarações dos congressos estaduais dizem claramente que estão cansados de serem colônias de Washington. O Hawaii, por exemplo, já ameaçou convocar uma convenção constitucional e declarar independência caso a décima emenda não seja respeitada.

Alguns comentaristas acham que esse movimento não terá grandes consequências, mesmo sabendo que já são cerca de 30 estados a se posicionarem contra a posição federal em poucos mais de dois meses. O argumento utilizado é que essas moções são apenas mais uma barganha para receber dinheiro do governo federal. Contudo, há motivos para acreditar que não seja essa a motivação, e sim, o desejo de resgatar os princípios sobre os quais o estado americano foi instituído. Um movimento que consiga maioria em congressos de 30 estados não é um movimento pequeno, muito menos localizado; é nacional e com grande apoio popular porque, caso contrário, os congressistas não arriscariam suas carreiras e seus votos sendo favoráveis a estas proposições. Soma-se a mobilização em âmbito estadual a adesão de alguns deputados federais e senadores e tem-se ai, uma questão que, em breve, pode ser a grande discussão política nos Estados Unidos.

Caso o movimento seja bem sucedido, esse pacote de estímulo de um trilhão deverá ser declarado inconstitucional, agências como a CIA, FBI, FED, NASA, entre outras centenas deverão ser fechadas e alguns membros do governo serão processados, por desrespeito a constituição. Seria sem sombra de dúvida o maior acontecimento desse século. Muito utópico? Pode ser, mas é uma luz no fim do túnel para aqueles que acreditam na autonomia e liberdade vislumbrem um futuro mais próspero para a sociedade americana e para o mundo.  

Estados que já declararam

California
Texas
Arizona
Georgia
Hawaii
Michigan
Missouri
Montana
New Hampshire
Oklahoma
Washington

Estados que estão no processo

Alabama
Alaska
Arkansas
Colorado
Idaho
Indiana
Kansas
Maine
Nevada
Pennsylvania
Illinois
South Carolina 


Ver Também

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Mais informações:

http://apps.leg.wa.gov/billinfo/summary.aspx?year=2009&bill=4009

http://www.leginfo.ca.gov/pub/93-94/bill/sen/sb_0001-0050/sjr_44_bill_940829_chaptered

http://www.azleg.gov/FormatDocument.asp?inDoc=/legtext/49leg/1r/bills/hcr2024p.htm

http://www.legis.state.ga.us/legis/1995_96/leg/fulltext/sr308.htm

http://www.legislature.mi.gov/%28S%2821rmjiv1sl0wvw55yxurwl55%29%29/documents/2009-2010/Journal/House/pdf/2009-HJ-01-22-002.pdf

http://www.house.mo.gov/content.aspx?info=/bills091/bills/hr212.htm

http://data.opi.mt.gov/bills/2009/billhtml/HB0246.htm

http://www.gencourt.state.nh.us/legislation/2009/HCR0006.html

http://www.ok-safe.com/files/documents/1/HJR1089_int.pdf


Sobre o autor

Juliano Torres

É o presidente do partido Libertários, editor do portal Libertarianismo.com e autor do blog Preço do Sistema.

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