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Economia

A elite vermelha contra o Brasil

01/04/2016

A elite vermelha contra o Brasil

Este governo já acabou.  E acabou quando esmagou e negligenciou as principais elites naturais brasileiras: as elites militar, empresarial, religiosa, intelectual, rural e burocrática/política. [1]

Estas historicamente serviam como interlocutores e contrapartes em pactos mutuamente benéficos. Em troca de prestígio, exposição, e recompensas materiais, as elites naturais apoiavam o governo e ajudavam a conter eventuais animosidades do povo.

Como disse em outra ocasião, um status de ingovernabilidade se caracteriza pelo afastamento contínuo e crescente das elites — políticas, militares, empresariais, intelectuais e religiosas — em relação ao governo em questão.  E isso já ocorreu.

A sede por poder do partido se mostrou incompatível com o modus operandi tradicional. Era necessário -- pensaram seus integrantes -- consolidar o máximo do poder para controlar verbas, cargos, projetos e promover o dirigismo socialista.

As elites ocultaram seu descontentamento até que surgisse a oportunidade de 2015: crise extrema e corrupção generalizada revelada por um solitário herói e sua equipe. Os ressentimentos das elites acumulados nos últimos 10 anos agora estão assombrando, com juros e correção monetária, os sonhos de poder eterno do partido.

Foi um erro primário. Afinal, nenhum governo se sustenta sem o apoio das elites naturais. Mesmo dentro do núcleo-duro de governabilidade -- artificialmente costurado para atender nosso presidencialismo de coalizão --, o partido sistematicamente esmagou seus sócios.

Neste momento, há um grande consenso tanto no povo quanto nas elites sobre 'o que não queremos mais'.  Mas ainda há grandes incertezas sobre 'o que queremos'.

Apenas um vibrante grupo tem consistentemente apresentado uma promessa, com contornos utópicos, de um futuro melhor, com uma identidade única e princípios que detalham emotivamente as terríveis injustiças e chagas do sistema e governo atuais: este é o grupo de liberais, libertários, e conservadores unidos em torno da visão da liberdade (e consequentemente de um estado muito menos intrusivo na sociedade).

A fase da resistência gradualmente está cedendo lugar à fase da liderança, por um Brasil em que teremos orgulho em viver. É um privilégio fazer parte desta inevitável mudança.


[1] Utilizo o termo 'elite' no sentido de representar aquele grupo de pessoas (geralmente uns 10%) em cada uma dessas categorias que (naturalmente) exerce a maior parte da liderança, autoridade ou influência na categoria.  O termo, neste caso, tem uma conotação negativa, pois o acerto tradicional destas com os membros da elite governante é baseado em receber prestígio e recompensas financeiras.

Já o termo 'natural' apenas se refere ao fato de que, em cada categoria, sempre haverá um grupo (os 10% a que me refiro) que exerce a maior parte da liderança, autoridade e influência.


Sobre o autor

Helio Beltrão

Helio Beltrão é o presidente do Instituto Mises Brasil.

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