O governo irá cair - e todo o nosso exótico folclore irá protestar
Todos irão às ruas: sindicalistas que não trabalham, estudantes que não estudam, professores que não ensinam, jornalistas que não informam, economistas que não pesquisam, intelectuais que não pensam, eruditos que não leem, revolucionários que não lutam contra o regime.
A rua será uma coleção dos mais diversos tipos nos próximos meses. Terá de tudo. Blogueiros independentes dependentes do governo, artistas contra a Globo que não protestam para sair da sua folha de pagamento, progressistas que combatem o progresso, políticos de partidos proletários que não recebem os votos dos trabalhadores, reitores em defesa da democracia mas simpáticos a ditaduras de esquerda, religiosos comunistas, humoristas sem graça, representantes fidedignos da cultura popular que os populares desconhecem, consumistas críticos da sociedade de consumo, ideólogos isentos, rebeldes defensores do status quo, formadores de opinião que ninguém conhece, líderes de plebeus de classe média alta.
Todos com o mesmo objetivo: defender o governo. E não sem razão.
Todos estes lucram em torno de um projeto que agiganta o estado, concedendo benefícios, privilégios e dividendos a eles mesmos -- uma casta de nobres que sobrevive graças à grana fácil dos pagadores de impostos, em sua imensa maioria gente simples.
Uma elite de funcionários oficiais e semi-burocratas que demoniza a diminuição dos gastos e das atribuições estatais, inventando monstros neoliberais invisíveis, manipulando a opinião pública, pregando a benevolência altruísta e romantizando teorias políticas e econômicas que se provaram desastrosas no último século, apenas porque isso se traduz em manter seus privilégios e suas contas em dia.
E tudo isso com o apoio de parte de uma juventude lobotomizada em sala de aula.
Todos desavergonhadamente contraditórios, incoerentes e paradoxais: pretensos líderes de uma intelligentsia nacional cada vez mais entorpecida pela ignorância, partidários da histórica corrente política do "farinha pouca, meu pirão primeiro".
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