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Economia

O crash das commodities e o grande ciclo econômico do século XXI

18/12/2015

O crash das commodities e o grande ciclo econômico do século XXI

Não param de surgir novas vítimas decorrentes do grande ciclo econômico deste século.

A Caterpillar registra incríveis 34 meses consecutivos de queda nas vendas. Isso nunca ocorreu em toda a sua história. Jamais.


 

No setor de mineração, a Anglo American, uma das maiores mineradoras do planeta, enfrenta sérios problemas e será obrigada a reduzir drasticamente suas operações. Algumas das decisões estratégicas incluem a venda de cerca de 30 ativos ao redor do globo, de um total de 55, e o corte 85.000 postos de trabalho, uma redução de mais de 60% do staff total. Suas ações despencaram mais de 70% desde o pico em janeiro de 2014.

Um exemplo emblemático da crise vivenciada pela empresa é a Minas Rio, uma mina de minério de ferro no Brasil que exigiu um investimento na ordem de US$ 14 bilhões."Minas Rio é o ápice dos erros da Anglo American", afirma um analista do setor, "Foi uma série de equívocos estratégicos, uma loucura coletiva derivada do super ciclo em que todo mundo errou".

Considerando suas receitas totais de pouco mais de US$ 30 bi, sendo apenas US$ 5 bi advindas de minério de ferro, equivocar-se em um projeto como o da Minas Rio é uma catástrofe para qualquer administração.

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O preço do minério de ferro desabou para US$ 47 a tonelada -- dependendo da origem a cotação é ainda menor --, o que significa o menor valor em dez anos ou cerca de 75% de queda em relação às máximas de 2011.

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E o que dizer do petróleo? Bateu mais de US$ 140 o barril em 2008, até maio do ano passado era negociado a mais de US$ 100 e agora ronda os US$ 35.

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O colapso nos preços de diversas commodities pegou muitos de surpresa e está obrigando diversas empresas, ou até mesmo setores inteiros, a reverem seus planos de negócio visando nada menos que a sobrevivência. Um dos principais índices de commodities, o CRB, registra o nível mais baixo dos últimos 40 anos. Não são apenas o petróleo e o minério de ferro que estão em queda vertiginosa.

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Todo esse estado de coisas é fruto direto do grande ciclo de crédito engendrado pelo Federal Reserve -- o Banco Central americano -- nos anos 2000 que foi seguido à risca pelos principais bancos centrais do planeta, como o Banco Central Europeu, o Banco da Inglaterra e o Banco do Japão. E não podemos nos esquecer do Banco Central da China, o People's Bank of China.

A farra monetária de crédito farto e barato levou a economia mundial a um boom completamente insustentável. E, liderado principalmente pelo crescimento chinês e sua voracidade por todo o tipo de matérias-primas, os preços das commodities decolaram.

Em um ciclo econômico, são os setores mais distantes do consumo os que mais se beneficiam da expansão creditícia. E quanto mais intensa tal expansão -- e quanto mais baixa a taxa de juros --, maior a quantidade de investimentos errôneos em toda a cadeia produtiva.

Como foi possível tantas mentes brilhantes se equivocarem em tal magnitude? Por que tivemos bolhas imobiliárias em tantos países quase que ao mesmo tempo? Por que uma alta tão expressiva no preço das commodities nos anos 2000?

Há diversas perguntas similares, mas a resposta para todas não difere. Os problemas econômicos mundiais têm sua origem no próprio sistema monetário vigente: o Federal Reserve e o padrão dólar, em torno do qual todas as outras moedas mundiais gravitam.

O super ciclo econômico global do século XXI é uma das grandes histórias econômicas contemporâneas. E ela ainda está longe de acabar.


Sobre o autor

Fernando Ulrich

Fernando Ulrich é mestre em Economia da Escola Austríaca, com experiência mundial na indústria de elevadores e nos mercados financeiro e imobiliário brasileiros. é conselheiro do Instituto Mises Brasil, estudioso de teoria monetária.

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