Um breve ensaio sobre a ganância
Quero,
quero muito, quero tanto que pago mais.
Toma o que para ti vale mais, me dá o que para ti vale menos.
Sou tão ganancioso, que te dou o que mais prezas, para ter de ti o que mais
desejo.
O meu valor maior não é o que eu possuo, mas o que possuirei quando entregar
para ti, o que para ti é o que tem mais valor do que tudo.
Desejos, ganâncias, valores, trocas, felicidades.
Livres mercadores, atrás de um valor maior para si, criam um valor maior para
todos.
E por que tanta ganância para acabar com a ganância?
Mas o que é a ganância se não a simples vontade de se obter o que entendemos
ser desejável para satisfazer a nossa vontade de experimentar ou possuir algo?
Todos queremos experimentar sensações, consumir ou possuir coisas, úteis ou
fúteis, acumular para uso presente ou futuro. É da nossa natureza.
O exercício da ganância, em uma sociedade capitalista, nos leva a empreender,
criar, produzir, construir para trocar pelo que se deseja, pelo que não se possui
ainda, pelo que não se possui em quantidade suficiente para a nossa satisfação.
Apenas numa sociedade onde o direito de propriedade é inviolável e o direito à
liberdade é respeitado, o mais ganancioso dos gananciosos, antes de conquistar
o que almeja, tem que abrir mão de algo que possui.
Quanto mais ganancioso for o indivíduo, mais ele acabará entregando do que é
seu para obter o que deseja.
De todas as críticas que são feitas sobre o livre-mercado, a mais usual
fundamenta-se na equivocada idéia de que, em um ambiente de absoluta liberdade,
a ganância, suposto vício ou pecado, que perverteria o ser humano, ficaria sem
controle, causando malefícios à sociedade.
Em um ambiente de absoluta liberdade e respeito à propriedade, a ganância de
uns será contida pela ganância de outros, estabelecendo assim, através do mútuo
desejo de satisfação de vontades, seus devidos limites.
Em toda troca voluntária, a ganância está presente dos dois lados na
negociação, e esta será atendida apenas quando as partes entregarem para o
outro o que este considerar valor superior àquilo que terá que dispensar.
Logo, o mais ganancioso dos gananciosos é aquele que paga mais para obter o que
deseja. É o que mais cede o que possui, para adquirir o que ainda não tem.
Assim, quanto mais ganancioso alguém for, maior valor terá que entregar.
O maior ganancioso será sempre o mais dadivoso em uma troca livre e voluntária.
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