No dia 27 de junho, a educação domiciliar (em inglês, homeschooling) foi assunto de discussão no programa Brasil das Gerais, transmitido pela emissora de televisão estatal Rede Minas.
Os objetivos — os confessos, ao menos — eram “questionar as vantagens e desvantagens” da prática e “se é saudável tirar uma criança ou adolescente da escola regular”. Foram convidados para o programa Ricardo Dias, que educa, há dois anos, os dois filhos em casa e é presidente da Associação Nacional de Educação Domiciliar (ANED); Cleber Nunes, que pratica a educação não-escolar há quase sete anos; o sociólogo Rudá Ricci e a pedagoga Lucíola Santos. Graças à dupla de “especialistas”, o show se tornou uma exibição lamentável de desonestidade argumentativa e de ignorância dos fatos.
O rol de convidados foi mal pensado. Para o bem do debate, deveriam ter sido convocados estudiosos contrários e outros favoráveis à prática em questão. Longe disso, o que se fez foi chamar dois supostos especialistas que pouco conheciam o assunto, ambos contrários à educação domiciliar, e permitir que atacassem, com artilharia vil, a honra e o estado emocional dos pais convidados. Ricci e Santos não se muniram de fatos e pesquisas. Nem se dispuseram a ouvir o que dois dos mais longevos praticantes brasileiros da educação não-escolar (que, juntos, somam oito anos de experiências) tinham a falar. Foi por isso que a dupla interrompeu diversas vezes as falas de Cleber e Ricardo, e não esperou (nem a apresentadora, em alguns momentos) que concluíssem seus argumentos e relatos. Não foram honestos, não seguiram as regras da boa argumentação. Pelo contrário, os “dotôres” se armaram com peças de acusação direcionadas às pessoas dos pais — não só daqueles que ali estavam, no estúdio, mas de todos os que adotam, responsável e corajosamente, um tipo de educação ainda incipiente no Brasil.
Eis o vídeo da primeira parte (aviso: as cenas são fortes; você verá “intelectuais” dizendo que eles, e não você, é que sabem como educar seus filhos):
Analiso, a seguir, selecionando algumas passagens, de que modo se deu o ataque, e como Rudá Ricci e Lucíola Santos desceram muito baixo para passar ao telespectador a sensação de vitória. Não, não havia cientistas ali! Por trás dos diplomas e doutorados que intimidam o leigo, revelaram-se, enfatuados, dois representantes da histeria e da paranoia de parcela significativa da “estupidentsia” acadêmica brasileira. Abaixo, as falácias cometidas por ambos são destacadas em itálico.
Rudá Ricci iniciou sua participação no debate — aos 13:56 do vídeo — interrompendo Cleber Nunes. Cleber, perguntado sobre os processos judiciais sofridos por sua família, dizia que ele mesmo e sua esposa foram condenados, cível e criminalmente, por abandono intelectual, após seus filhos serem aprovados em vestibular de direito (em 2007, quando eles tinham 13 e 14 anos) e em prova da Secretaria de Educação de Minas Gerais imposta pelo juiz da vara criminal (em 2008). Acertadamente, ele concluiu: “Percebi que o interesse não estava na educação deles, mas que o interesse da Justiça era tão-somente que eles estivessem na escola.”
Depois de ouvir isso, Ricci desfia seu contra-argumento, sua peça de acusação, tão aborrecida quanto falaciosa. Confusamente, o “sociólogo” compara (com falsa analogia) o direito de educar com o (inexistente, segundo ele) direito ao suicídio: “O Estado não defende só a pessoa: defende a sociedade, os direitos.” Para Ricci, que discorda de que as pessoas sejam donas de seus corpos, um sujeito é incapaz de se matar sem pôr outros em risco. Mas o que é que isso tem a ver com educar fora de escolas? É que essa prática também seria um risco coletivo: “É o fim da democracia, da vida social.” Por quê? Cleber, Ricardo e TODOS os que educam em casa, garante Ricci, estão “trazendo uma cultura do egoísmo e do individualismo extremo” (falácia da omissão, ataque à pessoa e conclusão irrelevante).
Fatos? Pesquisas?[1] Nada. Será que a vida social e a democracia inexistem ou sofreram duro golpe nos Estados Unidos, onde a prática é comum há mais de três décadas e, hoje, há mais de 2 milhões de crianças e adolescentes educados em casa?[2]
Testemunhamos, com o passar do programa, um Rudá Ricci cada vez mais descontrolado e desleal. Recorrendo mais uma vez à falsa analogia e atacando a pessoa dos convidados, Ricci compara pais praticantes da educação em casa com políticos e marketeiros (14:55, parte 1). Em comum, alega, eles deixariam “tirar foto do aluno pra fazer propaganda do curso”, o que iria “causar um dano imenso [ao aluno]”. A acusação, sabemos, é irrelevante para verificar vantagens ou não da educação em casa. E não há, é óbvio, nenhuma evidência de que tal “exposição” (fantasiosa!) causasse danos aos estudantes domiciliares.
Ricci tentou, desde o início, construir um espantalho para ter em quem bater. O pai que educa em casa não está, necessariamente, “dando aulas” domiciliarmente. Há quem adote, por exemplo, métodos como os comumente chamados aprendizagem natural e auto-aprendizagem (citados por Ricardo, a partir dos 8:22 do primeiro bloco) e que não acreditam que os filhos precisem ser “ensinados”.
Mas Ricci, que parece não querer saber de fatos, afirma exatamente o contrário (falácia da omissão, a partir dos 14:33), certo de que os pais precisam ser “técnos” (sic) para ter sucesso educando em casa. Cleber não sustentou, em momento algum do programa, nem que o testemunho de seus filhos em audiências públicas, nem que avaliações formais sejam, para ele, evidência de que a educação em casa é tecnicamente “boa”. Mas Ricci, de novo, inventa um fato e atribui a Cleber um argumento que lhe é estranho (a partir dos 15:09).
A “professora” Lucíola Santos, chamada a participar do debate aos 18:58 de programa, articulou de modo mais claro os seus argumentos, o que tornou mais evidente as fraquezas deles. Lembremos, antes, mais uma vez, que o objetivo do programa é discutir as “vantagens e desvantagens da educação domiciliar”. Pois bem. Vejamos os argumentos de Santos:
(1) Os pais que educam em casa apontam defeitos na escola, mas não se mobilizam para melhorá-la. Isso se dá (assim entendi) porque eles não acreditam no estado; (2) Os pais que educam em casa (supus que houve generalização) “têm alguma espécie de posição político-religiosa que os mobiliza a não querer que seus filhos convivam com pessoas diferentes”. Isso levaria a “processos de fundamentalismo, em guetos, em situações inviáveis do ponto de vista social”; (3) Os pais não têm competência, nem tempo, nem condições para ensinar todos os conteúdos escolares às crianças até a idade de 17 anos; (4) Se a legislação permitir que pais eduquem em casa, haverá caos — porque “muitos pais podem fazer bem, outros, não” — e injustiça — “porque os pais não são os donos das crianças.”
O primeiro argumento é mais um ataque à pessoa despropositado. O que o fato de alguns pais (e não todos!) não “acreditarem no Estado” como agente de educação nos diz da eficácia ou ineficácia do ensino domiciliar, das suas vantagens ou desvantagens?
O segundo, mais um ataque à pessoa, também não nos revela nada da questão em debate! A debatedora não cita nenhum fato que corrobore a afirmação de que pais que tiram seus filhos da escola evitam a convivência deles com “pessoas diferentes” (como se os filhos fossem iguais aos pais!).
O terceiro argumento torna constrangedoramente manifesta a ignorância de Lucíola Santos sobre o assunto. A educação domiciliar, já dissemos, não é, necessariamente, educação curricular, conteudista, programática. Considerando este fato, a suspeita em relação a “competências, tempo e condições” é, toda ela, vaga, descabida e completamente alheia à ciência.
O quarto argumento de Santos tampouco se sustenta em fatos. Ela prevê uma situação de “caos” (leia-se “de não planejamento estatal”) porque “muitos” pais podem “fazer bem” à educação domiciliar e outros pais, não. Ora, os pais que educam em casa não defendem que a prática seja imposta sobre outras famílias. Aliás, suponho que a professora ainda não conhece o caso do Texas, estado americano que conta, segundo o Texas Home School Coalition, com cerca de 120 mil famílias educando em casa (“caoticamente”, por que não?), e onde os pais não precisam ter nem certificado de professor para fazê-lo. Recomendo-lhe o site da organização: http://www.thsc.org/.
No mais, Santos, que não definiu o que seria “fazer bem” a educação domiciliar (o que impossibilita o debate sobre o termo), garantiu, citando o coletivista Estatuto da Criança e do Adolescente, que os pais não são “os donos” dos filhos[3] (questão que, sozinha, rende uma discussão à parte), sem dizer bem em que isso é relevante para conhecermos “as vantagens e desvantagens da educação domiciliar”.
O nível do debate no restante do programa, acredite, leitor, foi pior — e não merece que nos detenhamos muito nele. Um desfile de ataques pessoais (uma cena especialmente desconfortável tem começo aos 17:12), de apelos emocionais (chega a ser cômico o apelo à Xuxa, novo tipo de generalização precipitada combinada com apelo à emoção, utilizado por Rudá Ricci aos 15:13), apelo à autoridade (a partir dos 7:13 e dos 7:33), apelo à maioria (a partir de 15:48)… E por aí vai.
Além do mais, a discussão se deu, o tempo todo, em termos “utilitários”, de saber se a educação fora de escolas certificadas pelo estado é “boa”, se é “saudável” acadêmica e socialmente. Antes disso, a meu ver, há questões mais importantes e fundamentais: por que o estado tem o direito legítimo de (com o pretexto de “educá-los”) tomar violentamente os filhos de seus pais? E quem lhe deu tal direito? Se essas questões forem postas em debate, veremos que a velha “mágica do governo” surgirá evidente nas respostas mais comuns.
Encerro o texto dirigindo-me a Rudá Ricci e aos “especialistas” que, como ele e Lucíola Santos, acham que as tolices diplomadas passarão incólumes. Na segunda parte do programa, Ricci vaticina que “shopping curriculares” como os que teriam sido feitos pela família de Gilmar e Vânia Lúcia Carvalho (apresentada no início do segundo bloco) são um “erro estrondoso que nós só vamos ver dali a pouco, quando tiver 25, 30 anos…”. Ricardo Dias alegou que “as pesquisas de hoje mostram o contrário”, mas não conseguiu, na hora, citar nenhuma. Então, Ricci respondeu-lhe (7:50): “Não sei que pesquisas, porque eu sou pesquisador da área… Você há de convir: fui professor de mestrado e de doutorado da educação, eu conheço a literatura. Não existe pesquisa que diga isso que você está dizendo… Não existe. É definitivo isso.”
Bom, apesar do apelo à ignorância do “pezquisadô”, as pesquisas existem. A seguir, cito dez delas que tem por objeto a socialização e as realizações acadêmicas de crianças e adolescentes educados em casa. Recomendo todas para os interessados na matéria. Bom proveito!
1. Delahooke, Mona. (1986). Home Educated Children’s Social, Emotional Adjustment and Academic Achievements:A Comparative Study. Unpublished doctoral dissertation. Los Angeles, CA: California School of Professional Psychology.
2. Knowles, J. Gary (1991). Now We Are Adults: Attitudes,Beliefs, and Status of Adults Who Were Home-educated as Children. Paper presented at the annual meeting of the American Educational Research Association, Chicago, April 3-7.
3. Medlin, Richard G. (2000). Home schooling and the question of socialization. Peabody Journal of Education, 75(1 & 2), 107-123.
4. Ray, Brian D. (2010, Frebuary 3). Academic Achievement and Demographic Traits of Homeschool Students: A Nationwide Study. Academic Leadership Journal, 8(1).
5. Ray, Brian D. (2003). Homeschooling Grows Up. National Home Education Research Institue: Salem, Oregon.
6. Rudner, Lawrence M. (1999). Scholastic achievement and demographic characteristics of home school students in 1998. Educational Policy Analysis Archives, 7(8).
7. Shyers, Larry E. (1992). A comparison of social adjustment between home and traditionally schooled students. Home School Researcher, 8(3), 1-8.
8. McDowell, Susan. (2004). But What About Socialization? Answering the Perpetual Home Schooling Question: A Review of the Literature. Philodeus Press.
9. Taylor, John Wesley. (1986, May). Self-Concept in Home Schooling Children. Doctoral dissertation, Andrews. University, Michigan.
10. Van Pelt, D.A., Allison, P.A. and Allison, D.A. (2009). Fifteen Years Later: Home Educated Canadian Adults. London, ON: Canadian Centre for Home Education (Monograph).
[1] Duas pesquisas recentes (Ray, 2003; Van Pelt, Allison & Allison, 2009) verificaram o engajamento social de adultos que foram educados em casa nos Estados Unidos e no Canadá. Os resultados: comparados com seus pares não educados domiciliarmente, eles se mostraram mais frequentes em grupos de atividades e organizações comunitárias, e mais participativos nas eleições em seus países.
[2] Brian D. Ray. (2011). 2.04 Million Homeschool Students in the United States in 2010. National Home Education Research Institute.
[3] Esse argumento, que já chegou nas altas esferas da Justiça brasileira, não é novo. Em 2001, o ex-ministro do STJ Francisco Peçanha Martins, então relator do caso da família Vilhena Coelho (que defendia o direito de educar em casa os seus três filhos mais velhos), arguiu que “os filhos não são dos pais”. A família teve o direito negado por seis votos a dois.




Quase vomitei assitindo o vídeo no You Tube. Ótimo artigo. Sem mais…
(…arrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrghhhhhh)
Não sei porque, mas eu não fiquei nada surpreso. Já acostumei a ouvir esse tipo de absurdo que hoje eu apenas ignoro.
Mas eu no lugar dos pais, tinha levantado e ido embora no meio do programa.
Nem vou perder meu precioso tempo ouvindo a defecação verbal desses “expessialixtas” e “otoridadis nu açuntu”. Espero que esses corajosos pais que praticam a educação domicialar não se sintam intimidados e continuem com essa correta prática.
Este é o colectivismo em toda sua estupidez. Apreciem.
Cara, eu nem vou assistir o vídeo porque já sei que lá vem bomba e é capaz de eu sair vomitando com as “”””idéias”””” (muitas aspas aqui) dos “especialistas”. A questão, eu diria, já foi muito bem apresentada pelas palavras do artigo. Acho que os resultados já falam por si só, o homeschooling é interessante e extremamente produtivo sim, torna o aprendizado mais saudável e sem o monstro do estado ameaçando devorar o seu cérebro. Os resultados em vários países do mundo comprovam isso. Mas não… Como sempre, os burocratas desgraçados realmente acham que sabem o que é melhor pra nós e querem controlar nossas vidas desde crianças. Taí uma situação que me dá nojo.
Eu nunca vi alguém em sã conciência defender o bullying e a violência para o bem da criança. Essa professora e esse sociólogo são uma completa desgraça! Infelizmente, não são diferentes de praticamente todos os “profissionais do ramo” que conheço.
Revoltante!
Disfunção social dos filhos? ahahahhaa
Eu só trocaria o home schooling se os pais que tem uma cabeça parecida resolvessem se juntar e formar sua própria escola, que entre outra coisa mostrasse os podres do governo, ensinasse o básico de economia e ensinasse história de um ponto de vista NÃO esquerdista
Economizaria o tempo dos pais e seria igualmente eficiente
O motivo pelo qual a maioria dos “intelectuais” e “especialistas” odeiam a liberdade individual e o livre mercado é muito simples, eu JOGO isso na cara de todos os que tentam debater:
Em uma economia livre, eles não teriam ninguém para comprar o “serviço” deles. Ja que a grande maioria desses parasitas vive de dinheiro público. No mundo real um sapateiro cria muito mais riqueza para a sociedade.
Se um milagre acontecer no Brasil, e 99% do país for privatizado, eles estariam fritos.. pq eles teriam a primeira experiência de trabalho na vida deles: lixeiro.
Bom, eu pelo menos não iria contratar um babaca com especialização em pós-modernismo e com 30 anos de “experiencia” na área… hahahahah 😀
É um grande cartelzão, isso sim. Cambada de inúteis e parasitas…
O “educadô” Rudá Ricci me ensinou uma coisa que eu ainda não sabia: os anglo-saxônicos moram na selva, e fazem parte de uma cultura muito atrasada, baseada no individualismo…
Ainda bem que somos “Latinos!”. Temos que ter orgulho de sermos latinos, e toda nossa superioridade cultural. E vocês ainda falaram mal do Rudá Ricci. Que injustiça!
Coitados desses pobres anglo-saxônicos, mas… Quem são eles?
Essa novilíngua dele é demais:\r
\r
“Isso não é educação, é instrução!”\r
O Rudá Ricci fala de um jeito que não dá pra acreditar que tenha completado uma faculdade.
Esse negócio de educação pública e compulsória é uma das coisas mais absurdas produzidas pelo estado. Educação é algo que depende fundamentalmente do interesse do indivíduo em adquirir conhecimento e da qualidade das fontes de informação. Esses dois fatores básicos estão totalmente ausentes no ensino público obrigatório.
Perigo é se um bosta como esse sociólogo resolvesse fazer home schooling com o filho dele… euq adoraria ver o Olavo de Carvalho nesse debate.
O discurso deles é “os filhos não são propriedades dos pais”.
É interessante que ninguém havia dito que fossem. Mas o que Ricci quis dizer (e só não disse para não ficar feio) é que ele acha que os filhos deveriam ser prorpiedade dos estado socialista.
São essas as pessoas que irão educar meus filhos? Não!
O que me deixa mais indignado, é que existem realmente coisas a serem discutidas sobre o home schooling vs escolas. E esses intelectuais se limitaram a discordar, sem argumentação lógica, da liberdade que os pais possuem para decidir de acordo com seus valores (que podem ser ou não valores egoístas).
Nenhum deles sabe NADA sobre home scholling, isso fica muito claro. Como você pode criticar algo sobre o qual você não sabe nada? A nossa querida Lucíola Santos fez uma breve pesquisa e viu que os pais adeptos da educação domiciliar são, geralmente, libertários, pronto, isso já bastou para ela, estava explicado. Esses pais nao acreditam no estado, ou seja, nada do que falarem fará sentido algum para ela. Coitada.
Depois que eu li o artigo sobre o “verdadeiro che guevara”, e lembrei dos meus professores de história e geografia usando camisas com o rosto dele… Eu penso em como eu fui sortudo de vir parar por aqui, como fico grato por ter encontrado o IMB.
Meus filhos na Escola? Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha…
A Escola oferece ao estudante a possibilidade de conviver com o "diferente" e com a "vez do outro". Oferece ainda uma possibilidade que pode inexistir no lar se a educação for feita exclusivamente pelos pais: visões ideológicas distintas e desejavelmente divergentes – muito embora (convenhamos com Weber) escola não seja lugar para ideologias e a diversidade de visões políticas seja ali cada vez mais rara. O problema é acreditar que a Escola seja indispensável e que a educação só seja possível a partir do Estado. Lastimável a postura dos "especialistas" convidados para o "debate".
Obviamente já tinha me dado conta que a escola não é o melhor lugar para receber educação, porém não tinha ciência sobre o quão grande é o home schooling principalmente em lugares como Reino Unido e EUA. Este artigo me fez buscar informações na internet sobre o homeschooling e descobri notícias incentivadoras.
Alguém saberia dizer como é a situação no Brasil no que quis respeito a equivalência de “educação”? Por exemplo, se eu educar meus futuros filhos até os, digamos, 16 anos em casa, ele pode então fazer um vestibular? Porque faculdade ainda não pode ser feita em casa, já que a “lei” exige diploma para exercer certas profissões…
Obrigado.
Nessa busca de informações sobre home schooling encontrei cada coisa…
http://www.hslda.org/hs/international/Sweden/201207060.asp
O “dotô” Raudá diz que nós nos educamos através de estímulos externos. Fico a pensar nos estímulos externos que as escolas públicas nos proporcionam. Já pela manhã somos recebidos pelos nossos saudosos colegas com um amistoso corredor polonês, entramos para a sala onde nos espera um professor de História, que aproveita do vácuo mental dos alunos para destilar os seus ideais comunistas, enquanto prestamos atenção na aula somos surpreendidos com bolas de papéis na cara, tapas no pescoço, e se olharmos bem conseguimos até ver uma mãozinha “boba” roubando o dinheiro do lanche do colega.
É esta a gloriosa socialização que o Estado proporciona aos nossos filhos.
É até cômico quando ele fala da cultura individualista anglo-saxônicam, como se os países que compartilham desta cultura fossem pobres e ignorantes. É por isso que eu acho que no período dos descobrimentos os povos latinos
( portugueses,espanhóis,franceses) nunca deveriam ter tirado seus barquinhos do cais para ir em busca do novo mundo, deixassem isto para os ingleses. Talvez assim o Brasil não compartilhasse de culturas tão estúpidas como a dos latinos. (É triste ser latino).
obs: os latinos europeus conseguem ser mais estúpidos que os latinos americanos, pois pra enfrentar uma crise como estão enfrentando agora na Europa e só dizer “Amém” para as medidas destruidoras de empresas dos germânicos, SÓ PODEM SER BURROS!!!!!!
Edmar, a questão mais importante, de fato, é a feita por mim e parafraseada pelo Luís de Almeida: o uso da violência contra pais inocentes é um meio legítimo para se “educar” os filhos? Mas, além disso, a sua suspeita de que os pais que educam fora de escolas impossibilitam o convívio com o “diferente” (suponho que você esteja falando
de pessoas não familiares) não é confirmada pelos fatos (recomendo as pesquisas citadas no artigo!).
Na educação domiciliar, sim, há o risco de “inexistirem visões ideológicas distintas” — o que podemos achar um mal, mas de modo algum um crime! Nas escolas, no entanto, o risco se torna fato (e, porque fundado na violência, um crime!). A “escolarização” (que também é um tipo de doutrinação) é imposta em escala massificada a milhões de crianças e adolescentes, que não podem questionar (e nem seus pais) as premissas desse processo: os estudantes precisam ser compulsoriamente ensinados, classificados (e.g. em “classes”), comandados, vigiados, avaliados, ameaçados. É na escola que as crianças tem o primeiro contato com um modelo de sociedade planejada, já nos alertou o educador americano John Taylor Gatto (cuja obra indico calorosamente!).
Matheus, fico feliz pelo artigo ter instigado a sua curiosidade! No Brasil, desde a Portaria Normativa nº 4 expedida pelo MEC em 2010 (e atualizada desde então), é possível obter certificação de conclusão do ensino médio por meio do ENEM (sem a necessidade de frequência a escolas). No entanto, a idade mínima de 18 anos é requisito para tê-lo. Então, a resposta a sua pergunta é: sim, mantendo-se a legislação atual, seu filho de 16 anos poderá fazer vestibular. Não sei, no entanto, se ele poderá conseguir certificado de ensino médio por outro meio que não o ENEM e, com ele em mãos, cursar uma faculdade.
Motivação político-religiosa dona Lucíola ? Descrença em um grupo de pessoas(estado)?
Só eles né?
Paralaxe cognitiva level 1000 !!!
Ainda não li o artigo inteiro, muito menos assisti o vídeo.
Mas já que a proposta inicial era debater o tema, gostaria de fazer uma pergunta a quem eventualmente já pratique ensino domiciliar, ou conheça quem pratique.
Eu não tenho dúvidas que ensino domiciliar pode dar melhores resultados que o tradicional, afinal, é como ter um professor particular o tempo todo. E se o ‘tradicional’ for esse ensino estatista brasileiro então, nem se fale.
Mas, acho complicado… algum leitor daqui conhece alguma família que pratique ensino domiciliar, mas com ambos os pais trabalhando e contribuindo financeiramente para a família?
Nos poucos exemplos que vi, um dos pais não trabalha, sendo dependente do outro.
Isso eu não quero pra mim. Nem ser dependente de um adulto, nem ter um adulto como dependente. Complicado…
Quando lembro do meu tempo na escola, é como se eu tivesse lembrando de um tempo em que paguei pena. Eu contava os dias, os meses e o anos para acabar aquele tormento. Hoje vejo claramente que não tive ganho algum. Apenas tempo perdido. Tem que pegar esses especialistas e dar uma coça neles com chicote de rabo de tatu em praça pública. Cambada de FDP!
Tiago RC, sim, há casos de famílias praticantes da educação domiciliar em que ambos os pais trabalham. O mais comum, no entanto, é que um dos dois não trabalhe ou que trabalhe apenas em um turno. Uma pesquisa de 2010 (a de número 4 na lista que aparece no artigo), em que foram entrevistados cerca de 23 mil pais americanos que educam em casa, revelou que 80,6% das mães não tem emprego remunerado, equanto 97,6% dos pais o tem.
No Brasil, não conheço pesquisa que tenha verificado esse dado. A minha pesquisa, com uma amostra provisória de 62 pais, indica proporção semelhante: cerca de 80% das mães não tem emprego remunerado.
Sempre lembro do livro “Admirável Mundo Novo”, de Huxley, nesse tipo de debate.\r
\r
Em 2540, estaríamos vivendo sobre um governo mundial. As crianças seriam retiradas dos pais assim que nascem, já que os pais não seriam os melhor preparados para cuidar da educação de seus filhos. Um grupo de especialistas tomaria conta de todas as atividades já a partir do nascimento para ter certeza que as crianças receberiam o “melhor” tipo de tratamento possível. Os especialistas são todos funcionários de uma grande estatal, que forma os “Centros de Condicionamento”. \r
\r
Esse seria o céu de nossos atuais “especialistas”.\r
\r
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência :).\r
\r
Se metade dos pais fossem dedicados como esses nosso país seria mais educado que o Japão e Coréia do Sul juntos. Eu tenho vergonha de ter “colegas” de profissão como esses aí. É a defesa da mediocridade completa.
Ah, eu digo com propriedade: pais e mães que passaram pelo ensino médio tem plena capacidade de educar os filhos em casa. Além disso, nada impede de contratar professor particular caso exista necessidade. Só argumento furado, apelo a autoridade ridículo, ataque ad hominem, a lista de falácias é enorme. É vergonhoso.
Quando eu era criança meu pai dizia que quando se chegava ao ensino \r
médio o nível de divergência entre os alunos ia diminuindo até que \r
sumia, dizia que era por causa da maturidade que vinha com a idade, \r
quando cheguei no 3° ano percebi que era verdade as divergências haviam \r
acabado, mas não era por causa da maturidade, meus colegas, continuavam \r
os mesmos idiotas de sempre, as divergências acabarão porque todos se \r
tornarão iguais, estupidamente iguais.
A área de educação foi minha porta de entrada para o mundo do libertarianismo
e da economia austríaca em seguida. Para aqueles que se interessam, recomendo fortemente
os seguintes trabalhos:
Ivan Illich; Deschooling Society; http://www.preservenet.com/theory/Illich/Deschooling/intro.html
John Taylor Gatto; The Underground History of American Education; johntaylorgatto.com/underground/
Seymour Papert; Mindstormss; http://www.amazon.com/Mindstorms-Children-Computers-Powerful-Ideas/dp/0465046746
Seymour Papert; Tudo que ele escreve; papert.org/works.html
Abraço gente, e continuem com o trabalho
Será que há a necessidade de se regulamentar o ensino domiciliar no Brasil???
Não seria mais inteligente apenas lutar pela revogação do artigo do código penal que pune os pais por “abandono intelectual”?
Eu sou muito cético a respeito desta proposta de regulamentação. Sinceramente não acredito que o pleno direito dos pais de educar seus filhos será preservado por meio de portarias, atos normativos, decretos e leis.
Esse povo que diz que homeschooling deixa o jovem anti-social, deveria vir aqui nos EUA. Eu poderia apresentar a eles uma canadense deliciosa, educada em casa, extremamente sociável.
Minha dúvida é a seguinte: se uma família não fornecer qualquer tipo de “educação convencional” (ex: Matemática, Português e/ou outros idiomas), linguagens necessárias para se compreender o mínimo do mundo, somente por ser mais fácil para esses pais indolentes, ainda assim vocês são a favor de não haver nenhum tipo de enforcement para garantir a criança um mínimo de conhecimento?\r
Inclusive sei que geralmente isso não é o que ocorre, mas poderia acontecer, certo? \r
Meu avô já contou casos em que os pais obrigavam o filho menor a pedir esmola no semáforo, e ele só descobriu isso pois havia dado uma caixa de sapateiro para o menino trabalhar. Na outra semana meu avô viu o menino na rua pedindo esmola. Ele foi tirar satisfasção com os pais do menino quando descobriu que eram 2 bêbados que confessaram a ele ter vendido a caixa para comprar bebida, prejudicando o filho. Assim, ainda que se trate de exceção casos assim, é uma possibilidade bastante real que hajapais indolentes o suficiente para negligenciar completamente o filho.
Algum dos mais esclarecidos me tire uma dúvida . Se o estado não reconhece o Homeschooling como prática legal, como eu consigo um diploma de ensino médio e entro em uma universidade utilizando este método?
Se ajuda um pouco a defender o homeschooling: pt.scribd.com/doc/53536300/22/O-homeschooling-no-Brasil
Pessoal está deixando escapar que educar seus filhos em casa, não vai tirar dos mesmo a oportunidade de convivio social com outras crianças, no playground, nos centros de ciências, com os vizinhos, etc…enfim, um universo inteiro de boa convivência, atendendo até os fãns do multiculturalismo. A diferença é que você por conhecer a personalidade e capacidades individuais de seus filhos, vai direciona-lo melhor e lapidar seus talentos….nas escolas atuais os talentos se perdem, como o meu que quando criança era aficcionado por desenhar e odiava matematica…as horas perdidas ano após ano com horas extras de matemática, adormeceu ou destruiu meu taleto.
Que nojo desses caras!
Descobri recentemente uma ferramenta interessante para o homeschooling. Ajuda no ensino de língua estrangeiras. Se chama Duolingo.
Basicamente eles usam algoritmos que quebram textos (fornecidos por empresas com interesse em traduzi-los) em pequenas partes, apresentam essas partes para os estudantes em ordem crescente de dificuldade e usam as respostas que os próprios estudantes irão fornecer para traduzir o texto, cobrando as empresas pela tradução. Os estudantes não pagam nada.
Estou usando há 2 semanas para me iniciar no alemão, estou gostando e acho que vou alcançar um nível de conhecimento suficiente para então prosseguir com minha técnica principal: assistir filmes usando legendas na mesma língua do áudio.
Abaixo o vídeo do idealizador explicando seu modelo de negócios.
Dúvida:
segundo este link (vestibular.universia.com.br/acesso-ensino-superior/requisitos/) se o indivíduo não tiver o ensino médio ele não poderá se matricular em nenhuma universidade do país.
Como um aluno de homeschooling poderia ingressar na faculdade assim?
Abraços!
Estudo de doutorado de Luciane Barbos muito interessante.
http://www.youtube.com/watch?v=g1xRCuqO6EE
“Sociólogo”
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Pq eu não to surpreso??
Vai lá, coloca seu filho numa escola, deixa ele ser torturado por 10 anos…
Quem sabe ele não tem a incrível capacidade de virar SOCIÓLOGO…. hahahahahahahahahaha
Que ridículo! Tô passada com esse video, estarrecida com esses ‘ispecialista’. O cara dá a entender que a criança que é educada em casa, ela é totalmente antisocial. Parte do princípio que tu só é social na escola. Ora essa criança não tem amigos, parentes, vizinhos? Eu curso Serviço Social em EAD e foi a melhor decisão da minha vida. Eu tinha diversos problemas quando eu fazia faculdade presencial, minha nota nunca era só minha, pois as avaliações eram sempre em grupo.
Acredito que o Homeschooling é bom tanto para a criança quanto pra esses pais que eles também terão que se esforçar para aprender e poder passar esse conteúdo todo, que é difícil, sim. Todos aprendem, aprendem uns com os outros. O tempo que eu levava para absorver o conteúdo sempre dependia da velocidade do colega.. eu consigo fazer tudo em horário reduzidíssimo sozinha no conforto da minha casa. E com o tempo restante, consigo aprender outras coisas, ler livros indicados, adquirir conteúdos diversos (relacionados ou não), estudar sobre outro idioma, e ainda consigo trabalhar.
E sim, eu tô comparando a Homeschooling com EAD porque tem tudo a ver: você tem que aprender conteúdo e depois fazer prova demonstrando e avaliando o que aprendeu. Aprender à APRENDER é muito melhor do que ouvir conteúdo numa sala de aula.