Sobre a taxa de desemprego
Além de ser a menor taxa do ano, é igual à taxa de setembro de 2008. Certamente o governo e seus partidários na mídia vão comemorar os números. E nós, deveríamos?
Escondidos nas entrelinhas estão dois dados deveras preocupantes. O primeiro está sendo divulgado na mídia; já o segundo, não.
O primeiro dado mostra que, em relação a agosto, o número de empregados com carteira caiu 0,3%, ao passo que o de empregados informais aumentou 2%. Ademais, em setembro, o número de empregados formais equivalia a 54,9% do total de ocupados nas seis regiões metropolitanas pesquisadas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio, São Paulo e Porto Alegre), sendo esse percentual o menor de 2009. Em janeiro, por exemplo, esse percentual era de 55,7%.
Até aí, novidade alguma. Como o IMB já vem dizendo há muito, enquanto os gastos públicos, a carga tributária e as regulamentações trabalhistas continuarem crescendo em seu atual ritmo, a tendência é haver um nível cada vez maior de informalidade.
Além disso, como o próprio gerente da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo, ressaltou,
Os números da pesquisa de setembro ainda não mostram uma recuperação no mercado de trabalho metropolitano, mas sim um movimento sazonal. A taxa sempre recua nessa época do ano. Para haver uma recuperação, o recuo na taxa e o aumento no número de ocupados teriam que ser mais expressivos.
Por outro lado, a população desocupada (sem trabalho e procurando emprego) aumentou 1,3% comparativamente a setembro de 2008, mas caiu 4,8% em relação a agosto passado.
E o mais interessante: A população ocupada (21,5 milhões) ficou estável tanto na comparação mensal quanto na anual.
Ou seja: não houve aumento de ocupados, houve apenas uma queda no número de desocupados. O que isso significa? Dada a metodologia do IBGE, se o sujeito está desempregado e já desistiu de procurar emprego, então ele está fora do mercado de trabalho e não entra nas estatísticas. Isso significa que a taxa de desemprego pode cair simplesmente pelo fato de mais pessoas desistirem de procurar emprego. Parece que é isso que está acontecendo.
Ainda segundo o IBGE, "em relação a agosto, o único grupamento de atividade que apresentou variação nesse contingente [pessoas ocupadas] foi o dos outros serviços [alojamento, transporte, limpeza urbana e serviços pessoais], com alta de 2,6% no total de pessoas ocupadas". Como o próprio Cimar disse, esse aumento é meramente sazonal.
Mas o que interessa é ver como a economia se comportou no período de um ano, pois isso dilui a contaminação de fatores sazonais presentes na medição mês a mês.
E é aí que vem o outro dado, ainda mais preocupante. Cito o que foi divulgado pelo IBGE:
Frente a setembro de 2008, só registrou variação significativa [na população ocupada] o grupamento de educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social (3,5%).
Ou seja, quando se considera o período de um ano, o único setor que apresentou aumento nas contratações foi o setor público. Alguma novidade? Aumentou-se o número de pessoas ocupadas no setor destruidor de riquezas. No setor produtivo, no período de um ano, ficou tudo como estava.
E é esse último que financia o primeiro.
Conclusão
A taxa de desemprego está caindo porque as pessoas estão saindo do
mercado de trabalho - isto é, desistiram de procurar emprego. O único
aumento dos empregos que está
ocorrendo é no setor público, como mostra a tabela abaixo. Quem está
lá dentro, pode comemorar. Quem está fora e tem de bancar a esbórnia,
só
tem a lamentar. (Veja também nosso boletim sobre a economia brasileira).

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