Jesus
de Nazaré foi executado nesta sexta-feira por ordens do estado romano. Método de execução: crucificação.
Sob
a lei romana, a acusação foi a de traição; sob a lei de Herodes, de blasfêmia
contra o Templo.
As
evidências contra este anarquista eram tão fortes, que tanto as autoridades do
estado romano quanto as do reino de Herodes trabalharam conjuntamente em sua
prisão e execução, de modo que Jesus foi levado a julgamento por ambos os
governos.
E,
em uma rara manifestação de justiça coletiva espontânea, as massas que estavam
reunidas por ocasião da Páscoa Judaica também pediam por sua execução. A plebe
afirmava sua lealdade ao estado com brados de "Não temos outro rei senão
Cesar".
A
execução ocorrida na sexta-feira interrompeu uma vida repleta de agitação anti-governo,
bem como uma longa história de ilegalidade. A família de Jesus estava em posse
de arquivos genealógicos ilegais e não-sancionados pelo estado, os quais
indicavam que Jesus possuía uma linhagem real e solapavam a
reivindicação de Herodes ao trono.
A
alegação maliciosa, que foi amplamente difundida entre o povo, era a de que o rei
era um edomita, e não um judeu.
O rei ficou atormentado por esta alegação e lamentou que, pouco após seu pai
ter assumido o poder, os arquivos genealógicos (os quais certamente provariam
seu direito legítimo ao trono) houvessem sido destruídos em um incêndio de origem
misteriosa, provavelmente iniciado por agitadores anti-governo.
Ainda
quando menino, Jesus já era reconhecidamente um inimigo do estado, tendo sido
condenado à morte pelo antecessor do atual rei, Herodes, o Grande. No entanto, agentes estrangeiros subversivos
enganaram o rei e, com a ajuda deles, Jesus e sua família desobedeceram às
ordens legais das autoridades governamentais e fugiram ilegalmente para o
Egito, onde permaneceram escondidos até a morte do rei. Depois disso, sabe-se que eles retornaram à
grande Israel, onde se estabeleceram na Galileia, nas fronteiras do reino,
longe da capital e de seu rápido sistema judiciário.
Cerca
de três anos antes de sua crucificação, Jesus — que também era chamado de "O
Cristo" por seus seguidores, como forma de desafiar as autoridades — se tornou
uma figura pública com o auxílio de seu primo João, que por sua vez também foi executado
pelo estado devido à sua falta de respeito para com a figura do rei.
A
carreira criminosa de Jesus incluiu insultos públicos ao rei (chamou Herodes de
"raposa" e de "junco ao vento"); insinuações de que o estado romano deveria
prestar contas a Deus, e não o contrário; e maus tratos a funcionários públicos,
inclusive a um coletor de impostos e a um membro do Sinédrio (os quais foram
ordenados ou estimulados a devolver os bens ao povo de quem haviam tributado de
acordo com a lei).
Ele
também foi culpado de uma série de ações que traidoramente questionaram a
legitimidade de órgãos do governo, como o templo de Herodes. Ele, por exemplo, ofereceu aos pecadores o
perdão e uma aliança com Deus, desta forma violando o monopólio estatal
(pertencente ao Templo) da expiação pública e do perdão. Adicionalmente, Jesus ilegalmente invadiu
propriedade do governo e interferiu em operações cambiais sancionadas pelo
estado e que funcionavam com a permissão dos indicados pelo rei a taxas
cambiais aprovadas pelo governo.
Ele
conseguiu evitar, por algum tempo, sua prisão recorrendo à inteligente tática de
disfarçar sua propaganda anti-governo na forma de respostas codificadas, de analogias
sugestivas mas ambíguas, e de aforismas confusos, por meio dos quais ele
conseguiu reunir um séquito sem dar evidências claras de suas visões traidoras.
No entanto, sua propaganda anti-governo,
por fim, se tornou inegável: previu a destruição do templo de Herodes e chegou
até mesmo a negar sua legitimidade, declarando-o "deserto" e "desolado".
Sua
execução foi declarada sumariamente e foi impiedosa, e seus discípulos se
dissiparam. As autoridades garantem que seu nome será
rapidamente esquecido, ao passo que Roma, a cidade eterna, e seu império irá durar para sempre. O templo construído sobre o poder do estado romano e do
reinado de Herodes serão eternos. As
autoridades também garantiram à população que a punição suprema — a morte por
execução, sobre a qual se fundamenta todo o poder do estado — foi o ato
final deste curto episódio da história de Roma, o qual será prontamente
esquecido por todos e não terá mais nenhuma importância posterior para a
história humana.
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Leituras complementares, porém imprescindíveis:
A teologia
do estado no Novo Testamento - O que realmente era o "Dai a César"
A teologia
do estado no Novo Testamento – Romanos 13 e a "submissão" aos
governos____________________________________
Nota do IMB:Infelizmente, várias pessoas interpretaram mal o presente artigo, que nada mais foi do que uma sátira — no formato de uma notícia de jornal e utilizando um caso real — mostrando como o estado reage àqueles que o desafiam. O IMB, em momento algum, teve o intuito de ofender a fé de qualquer pessoa, de qualquer religião. Este Instituto, no que mais, é pró-religião, como comprovam
nossos vários artigos a respeito.