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Economia

Os 10 pecados capitais da política econômica do governo Dilma

25/10/2014

Os 10 pecados capitais da política econômica do governo Dilma

O brilhante economista Thomas Sowell certa vez disse que:

A primeira lição da economia é a da escassez: nunca há uma quantidade suficiente de alguma coisa de modo a satisfazer todos que a desejam. 

Já a primeira lei da política é ignorar a primeira lição da economia.

A política econômica do governo tem insistido em ignorar as leis econômicas. Mas as leis econômicas não têm ideologia. E, assim como a lei da gravidade, as leis econômicas agem inexoravelmente sobre todas as pessoas (e governos também!).

Vejamos os dez pecados capitais da política econômica do governo Dilma.

1. Inflação

A definição clássica de inflação é 'aumento na quantidade de dinheiro na economia'.  O que causa esse aumento da quantidade de dinheiro na economia é a expansão do crédito feita pelo sistema bancário, que pratica reservas fracionárias, e pelo Banco Central, que protege e dá sustentação a este sistema. (Mais detalhes aqui). 

Aumento de preços, portanto, é uma mera consequência da inflação.  A desvalorização da moeda é a consequência dessa política de inflação.

Os pobres são sempre os mais prejudicados.

Não é culpa da China nem da falta (ou excesso) de chuvas. Tampouco são o tomate ou o chuchu os grandes vilões da inflação. Por meio do Banco Central, somente o governo pode imprimir moeda. A leniência com a perda de poder de compra do real está cada vez pior. O centro da meta da inflação já não é perseguido há alguns anos, e não há perspectiva de atingi-lo rapidamente. O IPCA dos últimos 12 meses está em 6,75%.

2. Bancos Públicos

Fazendo ressurgir os velhos problemas das décadas perdidas, hoje os bancos públicos são responsáveis por mais da metade de todo o estoque de crédito no país. E como a expansão creditícia é essencialmente uma forma de criar moeda, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES são hoje grandes motores da inflação brasileira.

Veja todos os detalhes aqui.

3. Controle de preços

Se controlar os preços funcionasse, o Plano Cruzado teria sido um sucesso.

O preço da energia elétrica é controlado, o preço do petróleo está artificialmente represado, as tarifas de transporte público são determinadas por vontade política, o preço do crédito (taxa de juros) é manipulado etc.

E apesar disso tudo, o IPCA está acima do teto. Alguém acredita que esse índice realmente reflete o aumento do custo de vida da classe trabalhadora?

Controlar preços é receita para o desastre.

4. Maquiagem das contas públicas

Qual o déficit orçamentário do governo? Com ou sem os dividendos do BNDES? Com ou sem os restos a pagar? A dívida líquida desce, mas a dívida bruta só sobe? Qual importa?

Transparência não é o forte deste governo. E as contas públicas estão cada vez menos inteligíveis. Querem esconder os sintomas, mas a doença permanece intocada. O quadro fiscal está cada vez mais preocupante, e maquiar o problema só piora a situação.

5. Estatais

Esse item mereceria uma lista própria, pois a quantidade de estatais sendo usadas para condução da política do governo é infindável.

Seja a Petrobras tabelando preços do petróleo em território nacional, seja a Eletrobras destruindo seu próprio caixa ao reduzir as tarifas de maneira populista, seja o BNDES direcionando crédito subsidiado aos campeões nacionais eleitos pelo governo, o uso político de empresas importantes à economia nacional é temerário.

Já vimos esse filme antes. E nos custou muito caro. Os prejuízos começam a avolumar-se. Em algum momento a conta irá chegar e, como sempre, quem paga são os mais pobres, com juros e correção monetária.

6. Falta de Investimentos

Uma economia só cresce de forma sustentável com aumento de produtividade. E para isso é preciso poupança e investimentos, duas varáveis que despencaram no governo Dilma.

Especialmente no setor privado, falta confiança e regras claras para poder investir. O enorme programa de concessões está sendo um fracasso. As excelentes oportunidades na área de infraestrutura permanecem sem serem aproveitadas. E não é por falta de apetite dos investidores (domésticos e internacionais).

Com infraestrutura precária, o custo Brasil inviabiliza diversos investimentos.

7. Hiperatividade e microgerenciamento da economia

Alguém se lembra quantos pacotes de estímulos foram lançados pelo Ministro Mantega nos últimos anos?  Nada menos do que trinta!

Reduz imposto daqui, sobe acolá, concede subsídios ao setor agrícola, remove isenções do setor XPTO, altera alíquota do IPI temporariamente de forma permanente, estimula a linha branca, desestimula a linha preta, determina a taxa de retorno dos investidores das concessões de infraestrutura, aumenta as tarifas de importação para "estimular" a indústria nacional etc.

É pacote demais e arbitrariedade demais. Como diz o velho ditado: muito ajuda quem não atrapalha. Neste ponto, menos é mais.

8. Crescimento econômico, incerteza e desconfiança

Todos esses pontos geram o pior sentimento possível na economia: a insegurança.

A incerteza sobre o que o governo fará amanhã paralisa os empresários. A incerteza sobre novas políticas gera desconfiança nos investidores internacionais.

A economia patina e os trabalhadores começam a sentir insegurança com relação a sua própria estabilidade de emprego e, consequentemente, adiam compras mais relevantes.

Nesse cenário, crescimento econômico é milagre.

9. Errar é humano, botar a culpa nos outros mais ainda

Aos olhos da equipe econômica, se há alguma patologia na economia brasileira, a culpa é externa.

Ora é a crise financeira, ora é o desaquecimento chinês, ora é a safra agrícola mundial, ora é a política do Federal Reserve, ora são os preços das commodities etc.

Já é passada a hora de olhar para o próprio umbigo.

guido.jpg10. Equipe econômica

Dilma acha que entende de economia, Alexandre Tombini obedece, Guido Mantega é keynesiano e Arno Augustin é marxista.  Deste pecado, decorrem todos os outros.

Adicione uma boa dose de corrupção e uma grande pitada de burocracia e os males da política econômica do governo se tornam ainda piores.

É preciso mudar.  Mudar já.  Mas quem está no comando não concorda com esse diagnóstico.  Desconhecem ou ignoram a doença.  Quem está no comando não quer mudar a fórmula, apenas alterar a dose.  Remédio errado e na dose errada.

No curto prazo, para tentar curar o paciente, só nos resta tentar mudar quem está no comando.


Sobre o autor

Fernando Ulrich

Fernando Ulrich é mestre em Economia da Escola Austríaca, com experiência mundial na indústria de elevadores e nos mercados financeiro e imobiliário brasileiros. é conselheiro do Instituto Mises Brasil, estudioso de teoria monetária.

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