"Sobre os países desenvolvidos: a maior liberdade econômica presente nesses países permite uma maior produção/oferta/abundancia de bens e serviços gerando uma pressão baixista nos preços, o que faz com que a população local tenha mais acesso estes bens/serviços (e assim um melhor padrão de vida)? "
Sim, exatamente.
"Seria por isso que, quando viajamos a países ricos(com maior liberdade econômica), constatamos que, em relação ao Brasil, quase todos os produtos são mais baratos e mais acessíveis a população do país (as vezes baratos até mesmo quando convertemos para o nosso real desvalorizado e comparamos com o preço do Brasil) ?
(Pobres nos EUA geralmente tem ar-condicionado em casa, micro-ondas e pelo menos um carro) "
Morei na Flórida e, apesar de ser um dos estados mais pobres do país, o padrão de vida é infinitamente superior. Não apenas os bens e serviços são mais acessíveis, mas também a qualidade destes é infinitamente superior. Me acostumei com um leite de amêndoas que tomava lá e, quando voltei ao Brasil, notei de que o leite é terrível, parece que colocaram solvente para adulterar (além de mais caro). Medicamentos, carros e até o sistema de ensino, que é extremamente regulado e subsidiado, são superiores. Qualquer casinha vagabunda possui máquina de lavar louças, secador de roupas, ar-condicionado (muitos possuem o sistema central, que resfria vários cômodos). A energia é mais barata para eles também. Esqueça a conversão burra, isso é uma grande enganação. Na Índia, por exemplo, se passar o custo da internet móvel para dólares, vai ficar extremamente barato se comparado com uma internet de um país como os EUA. Mas isso acontece porque a Índia é ainda um país extremamente pobre, inclusive mais pobre do que o Brasil.
Note que uma das queixas de parte da população americana é com relação aos custos crescentes de habitação, saúde e ensino. E é extremamente compreensível, já que estes setores são extremamente regulados e subsidiados. Distorção tamanha que manter um BMW Série 3 por 1 ano é menos caro do que pagar a anuidade de certas universidades (algumas passam de US$40 mil por ano). Simplesmente porque não existe um departamento, secretaria e programas federais para a compra de BMWs, apesar de eles serem muito mais complexos (e usando insumos de todas as partes do mundo) do que assistir um professor escrevendo na lousa. O plano de saúde que eu usava também era muito melhor do que a latrina que usava no Brasil (e os médicos nunca atrasaram, o que acontecia com frequência com o meu plano no Brasil). Adquirir um medicamento prescrito era extremamente prático. No começo foi mais difícil pois eu estava começando no plano mas, depois, uma moleza: você pede pelo aplicativo, eles fazem o remédio, você vai na farmácia, paga e busca. Enquanto no Brasil para qualquer medicamento prescrito, é aquela lentidão extrema e eles ficam preenchendo aquele monte de papel. Ponto fraco é o sistema de ensino, que é oneroso e burocrático, e o sistema de pagamento deles é esquisito (há um problema grave com endividamento estudantil). Mesmo o ensino estatal pode pesar um pouco (não é embutido como no Brasil, você paga por semestre, pelo menos foi o que vi nas instituições ao redor; pode mudar em outras EUA afora). Sobre saúde americana, traduzi
estes artigos para você checar, se quiser. Artigos sobre habitação
aqui e sobre a suposta estagnação da renda americana,
aqui.
"Podemos dizer que a maior abundancia bens/serviços (o que facilita o acesso da população a eles) é o que diferencia o padrão de vida de países ricos e pobres?"
Sim, assim como o próprio poder de compra da moeda, que é a sua capacidade de manter o seu poder de compra ao longo do tempo. É assim com o iene, por exemplo.