quinta-feira, 11 jul 2013
Social-democratas,
progressistas e toda a esquerda em geral acreditam firmemente, e erroneamente,
que sindicatos são capazes de aprimorar o padrão de vida dos assalariados de todo
o sistema econômico. E acreditam que
eles conseguem fazer isso por meio da imposição de aumentos salariais ou de reduções na jornada de trabalho sem concomitantes reduções salariais. Ao pensarem assim, esses grupos ideológicos
cometem a falácia de pressupor que, dado que ganhar mais dinheiro é obviamente
um objetivo inteligente para um assalariado buscar, então se todos os
assalariados conjuntamente reivindicarem o mesmo para si, tal imposição será
igualmente benéfica para todos conjuntamente.
Os
proponentes destas ideias se mostram totalmente ignorantes do fato de que
aumentos salariais impostos por sindicatos reduzem a quantidade de mão-de-obra
demandada e consequentemente geram desemprego tanto para os não-sindicalizados
quanto para aqueles trabalhadores cuja habilidade e produtividade geram menos
valor do que o novo piso salarial imposto.
Mais ainda: menor emprego significa menor produção, e menor produção
significa menor oferta de bens e serviços, o que significa preços mais
altos. Para coroar tudo, haverá um
aumento nos gastos sociais para se conceder benefícios aos desempregados, o que
pode levar a um aumento futuro da carga tributária.
A
única maneira de se aumentar os salários sem que isso gere um aumento no
desemprego é aumentando a quantidade de
dinheiro na economia, o que consequentemente tende a elevar o volume de
gastos em todo o sistema econômico.
Porém, tal fenômeno, assim como o descrito no parágrafo anterior, também
levará a um aumento nos preços, e consequentemente não irá aprimorar o padrão
de vida dos assalariados.
Expressando
estes pontos na tradicional terminologia de oferta e demanda, a única maneira
de os salários nominais subirem é havendo uma menor oferta de mão-de-obra — o
que significa menos pessoas empregadas — ou havendo mais demanda por
mão-de-obra, o que também significa que está havendo uma maior demanda por bens
de consumo e, consequentemente, que os preços dos bens de consumo estão mais
altos. Logo, por mais surpreendente que
isso possa parecer, podemos concluir que salários maiores — sejam eles obtidos
por meio de uma menor oferta de mão-de-obra ou por uma maior demanda por
mão-de-obra decorrente de um aumento da quantidade de dinheiro na economia —
simplesmente não podem aumentar o padrão de vida do assalariado médio.
Temos
de concluir, portanto, que se realmente desejam aumentar o padrão de vida do
assalariado médio, os sindicatos estão completamente equivocados em ter como
objetivo exigir aumentos salariais. No
entanto, este é exatamente o seu supremo objetivo, não havendo nenhum outro
objetivo comparável à grandiosidade deste.
Sim,
é possível haver um aumento na demanda por mão-de-obra que leve a aumentos
salariais e que, ao mesmo tempo, não
gere aumento na demanda por bens de consumo e nem aumento de preços. Mas isso só poderia ocorrer caso fosse
resultado de um aumento na poupança. E o que permitiria isso seria uma grande
redução nos gastos do governo feita em simultâneo a uma equivalente redução de
impostos, dentre eles o imposto de renda de pessoa jurídica, o imposto de renda
de pessoa física, o imposto sobre ganhos de capital e todos os outros impostos
que incidem sobre a receita e o lucro das empresas. Dado que impostos são pagos com fundos que
poderiam ser poupados e utilizados em investimento, tal redução de impostos
permitirá que tais fundos sejam agora efetivamente poupados e investidos. Essa poupança adicional poderia, consequentemente,
ser em grande parte utilizada para pagar os aumentos salariais.
Por
conseguinte, os assalariados poderiam aumentar correspondentemente seus gastos em consumo. E isso não representaria um
aumento geral do gasto em consumo porque estaria sendo financiado por uma
equivalente — aliás, mais do que equivalente — redução nos gastos do governo. Ou seja, o governo reduziu seus gastos para
que os trabalhadores pudessem aumentar os próprios. Assim, embora os salários dos trabalhadores
tenham aumentado, não houve nada que tornasse possível a elevação generalizada
dos preços.
No
entanto, desnecessário dizer que tais reduções de impostos são um anátema
absoluto para os sindicatos e seus defensores.
Nunca
é demais ressaltar que o que de fato aumenta o padrão de vida dos assalariados
é o aumento na produtividade da
mão-de-obra — isto é, um aumento na quantidade de bens produzidos por
unidade de mão-de-obra. Este aumento de
produtividade serve para aumentar a oferta de bens em relação à quantidade de
mão-de-obra disponível. E tal aumento na
oferta de bens em relação à mão-de-obra leva a uma redução dos preços dos bens em relação aos salários pagos. Caso a quantidade de dinheiro na economia fosse
constante ou aumentasse muito pouco, os preços cairiam ao mesmo tempo em que os
salários permaneceriam inalterados.
Havendo um aumento mais substancial da quantidade de dinheiro na
economia, seria possível que os preços permanecessem inalterados ao mesmo tempo
em que os salários subissem. Seria
possível também que tanto preços e salários aumentassem, mas com os preços
subindo menos que os salários. A questão
é que, se estiver havendo um aumento contínuo da produtividade, de modo que a
quantidade de bens esteja sempre aumentando em relação à quantidade de
mão-de-obra disponível, estará havendo um aumento no padrão de vida dos
assalariados.
É
essencial entender que a base para um aumento da produtividade da mão-de-obra
está na quantidade de investimento feito na produção de bens de capital. E
investimentos em bens de capital são estimulados por reduções nos gastos do
governo acompanhadas por uma equivalente redução naqueles impostos que são pagos
com fundos que, uma vez liberados deste encargo, poderão ser substancialmente
poupados e investidos em bens de capital.
O
problema é que os sindicatos e seus defensores ideológicos são totalmente
alheios a estes fatos econômicos. Acima
de tudo, eles são ignorantes quanto ao fato de que o padrão de vida dos
assalariados não advém necessariamente de um aumento salarial mas sim de uma
queda de preços dos bens de consumo e dos serviços. Como explicado acima, a queda nos preços não
precisa ser em termos nominais ou absolutos.
Basta apenas que seja uma queda relativa,
isto é, que os preços aumentem menos que os salários — ou, colocando de outra
forma, que os preços ao menos sejam menores do que seriam caso o único fator atuante
fosse um aumento na quantidade de dinheiro e do volume de gastos na economia.
Quando
finalmente se entende que o real aumento do padrão de vida dos assalariados
advém da redução relativa de preços e não do aumento nominal dos salários, não
é difícil chegar à conclusão de que os sindicatos não apenas são totalmente
ignorantes em relação a como elevar o padrão de vida dos assalariados em geral,
mas também atuam diretamente contra
os interesses dos assalariados em
geral. Em vez de
agirem de modo a facilitar investimentos em bens de capital, o que aumentaria a
produtividade (logo, os salários) e a oferta de bens de consumo, e
consequentemente reduziria os preços relativos destes bens, os sindicatos
defendem medidas que necessariamente obstruem esses investimentos, como
impostos, encargos sociais e trabalhistas, e maiores gastos com salários.
Sindicatos
podem aumentar o padrão de vida de pequenos grupos de trabalhadores, mas apenas
ao adquirirem privilégios monopolísticos que limitam o número de trabalhadores
que podem ser empregados em uma determinada linha de trabalho ou ao gerarem ou
manterem uma necessidade artificial pelos serviços de trabalhadores de
determinadas áreas. Porém, nestes casos,
os sindicatos estão reduzindo o padrão de vida de outros trabalhadores. Os trabalhadores que forem impedidos de
trabalhar em áreas dominadas por sindicatos terão de encontrar empregos em
outros setores, nos quais o acréscimo de sua mão-de-obra servirá apenas para
reduzir ainda mais os salários. Se
houver leis de salário mínimo que proíbam uma redução salarial, então estes trabalhadores
desalojados acabarão simplesmente desempregados ou tomando os empregos de
outros trabalhadores menos qualificados, os quais ficarão desempregados.
À
luz de tudo isso, é possível entendermos como a produtividade da mão-de-obra ao
longo dos últimos 225 anos aumentou em uma escala de vários múltiplos, e com um
comparavelmente enorme efeito positivo sobre os salários reais (a quantidade de horas de trabalho necessária para se
adquirir bens e serviços corriqueiros vem caindo continuamente) e sobre o
padrão de vida geral, e sem nenhum efeito negativo sobre a taxa de
desemprego. Com efeito, o número total
de assalariados empregados também aumentou enormemente, em linha com o aumento
populacional possibilitado pelo aumento na produtividade da mão-de-obra e o consequente
aumento no padrão de vida.
A
única contribuição dos sindicatos a esse processo é impedi-lo ou
retardá-lo. A cada avanço ocorrido no
mundo empreendedorial, os sindicatos tentam combater o aumento da produtividade
sempre que isso ameaça reduzir o número de empregos disponíveis para seus
membros. Com efeito, eles abertamente se
orgulham de "manter pessoas empregadas" quando deveriam era se orgulhar de
criar bens e ser produtivos, aparentemente incapazes de compreender que manter
empregos exigindo uma mão-de-obra maior do que a necessária para produzir um
determinado bem serve apenas para impedir a produção de outros bens, os quais, conjuntamente
a esse bem em particular com o qual eles estão preocupados, poderiam aumentar o
padrão de vida dos trabalhadores.
Para
continuarem existindo, sindicatos necessitam de um "sangue fresco" que possa ser
continuamente sugado. Sua mais abundante
e fecunda fonte nas últimas décadas tem sido os funcionários públicos, que hoje
formam a maioria de seus membros. Ao
fazerem vultosas contribuições para a campanha de políticos corruptos, e ao obrigarem
seus membros a votarem em massa nestes políticos, os sindicatos dos
funcionários públicos podem garantir salários e aposentadorias magnânimas (para
não dizer bizarras) para seus membros, tudo financiado pelos pagadores de
impostos do setor privado. Em face das iminentes
falências governamentais ao redor do mundo, este processo parasitário vem
encontrando crescente oposição. A
esperança do setor produtivo é que ele esteja hoje próximo de seu fim.
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