Os 100 primeiros dias de Javier Milei
Há 100 dias, a Argentina acordou sob os escombros do populismo. Um edifício de ilusões que desmoronou em cima do povo. Alguns tijolos foram retirados, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Há feridos por toda parte, mas o resgate está em andamento.
Herança
A Argentina fechou o governo de Alberto Fernández com mais de 200% de inflação e risco de hiperinflação. O déficit fiscal atingiu 6% do PIB, mas seria também necessário acrescentar um déficit quase-fiscal de 10% do PIB, totalizando um desequilíbrio de 16% do PIB. O aperto cambial foi tão forte que os importadores acumularam dívidas, enquanto uma decisão obrigou a Argentina a pagar US$ 15 bilhões pela má prática do governador Kicillof em sua expropriação da YPF. Salários de estatais e pensões de miséria; violência nas ruas; altos níveis de risco-país, pobreza e indigência; tudo isso descreve uma Argentina cinzenta que denota a necessidade de uma mudança de era.
Novo governo
Javier Milei toma posse com a esperança de um terço do país, as dúvidas de um segundo terço e a rejeição do terceiro. Mas convencido de um plano liberal, iniciou uma transformação nunca vista na história mundial recente.
Milei chegou ao poder sozinho, o que significa que não precisa devolver favores ao partido, nem a pseudoempresários que financiaram sua campanha, nem a militantes que o acompanharam por todo o país, nem a governadores que esperam transferências discricionárias. Isso permitiu reduzir os gastos estruturais, reduzindo pela metade o número de ministérios, secretarias, subsecretarias e direções nacionais. Já no primeiro dia, havia muito menos funcionários com assessores e motoristas para as finanças. Ele também cortou obras públicas, que devem ser substituídas por investimento privado. As transferências discricionárias foram encerradas, o que possibilitou pressionar as províncias a também ajustarem seus excessos.
Do lado energético, foi preciso reconhecer aumentos tarifários, para reduzir gastos com subsídios, mas também para justificar níveis de investimento que permitam a recuperação da infraestrutura energética.
Como prometeu durante a campanha, os planos sociais foram mantidos, exceto aqueles que foram contaminados por gestões corruptas.
Resultados
A Argentina está mudando. Já em janeiro e fevereiro, foi possível observar o superávit fiscal, o que permite parar de monetizar e, assim, baixar a inflação. As taxas dos pases caíram de 130 para 100, e depois para 80, e continuarão a cair, para encerrar o ciclo financeiro que agora envolve o setor bancário.
O Banco Central melhora seu balanço, ao mesmo tempo em que acumula reservas para se permitir levantar as restrições cambiais.
Duplo superávit (fiscal e comercial), ordem monetária e redução do risco hiperinflacionário, superávit energético, redução do risco-país pela metade e aumento dos ativos financeiros são as primeiras conquistas nesses 100 dias. O fim do aperto cambial virá no meio do ano, e aí recuperaremos a atividade, o crescimento e o emprego.
Tudo poderia ser acelerado se o DNU se tornasse lei e se a Lei Bases e o Pacto de maio fossem aprovados nos próximos 100 dias. Mas talvez já estejamos pedindo demais.
*Este artigo foi originalmente publicado em Instituto Juan de Mariana.
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Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.
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