A Argentina é inviável

Durante a segunda metade do período kirchnerista, as
contas do governo argentino ficaram no vermelho.  O déficit orçamentário foi crescendo
aceleradamente
até chegar ao insustentável valor de
7% do PIB em 2015
.

Tendo decretado moratória no
início da década de 2000 (e reincidido em 2014), o
governo não conseguia se financiar facilmente via empréstimos no mercado
financeiro.  Consequentemente, teve de
recorrer à inflação monetária — isto é, colocar o Banco Central para imprimir
dinheiro — para financiar seus déficits. 

A criação de dinheiro — principalmente a partir de
2009 — ocorreu a uma velocidade espantosa.

argentina-money-supply-m3.png

Como consequência, os preços se descontrolaram, com
a carestia chegando a alcançar os níveis mais altos do ranking mundial.  No entanto, dado que, em 2012, o governo decretou
que era crime
 divulgar as taxas reais de inflação, ninguém realmente sabia
qual era a verdadeira taxa de inflação de preços no país.

Para culminar, o governo Kirchner fechou
a economia ao comércio internacional
e adotou um discurso mais alinhado ao
governo venezuelano do que ao dos países desenvolvidos.

Os resultados foram lamentáveis: 2,3 milhões pessoas
caíram na pobreza durante o último mandato de Cristina Fernández de Kirchner, com a pobreza geral alcançando quase
30% da população
.  Já segundo
a Unicef
, havia quatro milhões de crianças na pobreza, sendo que 1,1 milhão
estava na pobreza extrema.

Segundo
um recente estudo feito conjuntamente pela Universidade de Buenos Aires com a
Universidade de Harvard
, nós argentinos estávamos mais pobres em 2014 do
que éramos em 1998, graças à desvalorização do peso e a um crescimento econômico
muito inferior às estatísticas oficiais divulgadas pelo governo.

O
congelamento

Uma das grandes causas do desarranjo atual foi a política
de congelamento dos preços dos setores de energia, de transporte e de água —
que são popularmente chamadas de “tarifas de serviços públicos”.

O sistema de tarifas congeladas predominou durante
os últimos 14 anos e, como não poderia deixar de ser, exigiu que o governo
transferisse uma enorme quantidade de recursos para as empresas produtoras para
cobrir a diferença entre receitas (congeladas) e custos (em acelerado
crescimento por causa da inflação monetária).

Em 2015, somente em subsídios com energia, foram
gastos 170,3 bilhões de pesos, um aumento de 4.123% em relação ao ano de
2006.  Em termos do PIB, os subsídios à
energia, à água e ao transporte chegaram a 5% em 2014.

14.png

Isso gerou um ciclo vicioso.  Quanto mais o governo imprimia dinheiro, mais
os custos operacionais das empresas aumentavam. 
E como os preços estavam congelados, suas receitas não subiam.  Consequentemente, mais subsídios o governo
tinha de dar às empresas.  Só que os subsídios
aumentavam os déficits orçamentários do governo, os quais eram então financiados
com mais impressão de dinheiro. 

Essa ciranda resultou em uma das maiores carestias
do planeta.

E, como sempre ocorre com os controles de preços, o
congelamento tarifário gerou um enorme incremento do consumo (aumentou a
demanda), o qual não foi acompanhado por um aumento da produção (pois as
receitas estavam congeladas).  Como consequência,
a oferta desses serviços se deteriorou, não conseguindo suprir a demanda. 

Em
um recente informe publicado pelo atual governo
, foi relatado que, de 2003
a 2015, o consumo de gás natural aumentou 41%, o de energia elétrica, 58%, e o
de gasolina, 153%.  No entanto, com preços
congelados, a oferta não acompanhou a demanda. 
Consequentemente, perdeu-se um estoque de reservas equivalente a quase
dois anos de produção de petróleo e a mais de nove anos de produção de
gás. 

Isso gerou uma deterioração dos serviços: os cortes
na oferta de gás para as indústrias, que apresentaram uma taxa de 3% em julho
de 2003, subiram para 17% em julho de 2015.

Na região metropolitana de Buenos Aires, as residências
ficaram, em média, 32,5 horas sem luz apenas em 2015.  Em 2003, a média de horas de apagão era de
8,3.  Ou seja, os blecautes
quadruplicaram em 12 anos.

Por fim, também segundo os dados oficiais, de 2001 a
2012, o congelamento das tarifas fez com que o gasto total com eletricidade caísse
80% em termos reais (quando se considera toda a inflação de preços).  Ou seja, na prática, o kirchnerismo
praticamente obrigou as empresas a distribuir luz de brinde para os usuários.

O atual governo, acertadamente, decidiu abolir essa
política de controle de preços, a qual estava afetando severamente os
investimentos nesses setores.  Além da abolição
do congelamento, foi anunciada também a intenção de se acabar com os subsídios.

Consequentemente, houve um reajuste tarifário que
doeu no bolso dos argentinos.

E aí os problemas se agravaram.

Temos
de mudar, mas ninguém quer

Era evidente que a economia argentina tinha de mudar
todo o seu modelo.  Mais ainda: se não mudarmos,
corremos o risco de nos tornarmos um país inviável.

Só que parece que ninguém quer mudar.  Vejamos.

Para começar, o próprio governo atual anunciou que,
para evitar custos sociais e políticos, as mudanças deveriam ocorrer de maneira
gradual.  Por exemplo, para combater o déficit
orçamentário do governo, que é a causa principal da inflação, os gastos do governo
têm de ser reduzidos.  Mas o atual
governo anunciou que pretende reduzir os gastos em apenas 2 pontos percentuais
em relação ao PIB.  Mas isso não é nada,
uma vez que, durante o kirchnerismo, os gastos do governo cresceram nada menos
que 20 pontos percentuais em relação ao PIB.

Quanto mais gradual for essa mudança de postura em relação
aos gastos, mais tempo levará para se resolver os problemas.

Só que, para piorar, mesmo perante esse anúncio de
gradualismo, a reação contrária foi veemente. 
Vejamos.

Perante o anúncio de que haveria uma gradual redução
dos subsídios energéticos, o que impactou as tarifas que se pagam pelos serviços
de luz e gás, o governo federal não apenas encontrou resistência dos
governadores das províncias, como também o judiciário mandou conter os ajustes.

Recentemente, os governadores das províncias se
reuniram com os ministros do Interior e da Energia e decidiram que os ajustes não
poderiam ultrapassar 400% para o consumo residencial e 500% para o consumo
comercial.  Parece muito, mas isso nem
sequer repõe as perdas inflacionárias.

Como se não bastasse, vários dirigentes empresariais
vieram a público criticar a medida como sendo “brutal”, sendo que, nos países
vizinhos, os empresários operam com normalidade pagando tarifas que chegam a
ser de 2,6 vezes mais onerosas, como é o caso do Chile.  Na Espanha, o custo energético é 4,5 vezes maior
que na Argentina.

O que realmente chama a atenção é: onde estavam os
governadores das províncias e os membros do judiciário que não protestaram
quando o kirchnerismo levava adiante a política de destruição do poder de
compra da nossa moeda?

Esse realinhamento tarifário não é uma obra do
acaso; ele é consequência direta das políticas inflacionárias do governo
anterior e do congelamento de preços.  Foi
a inflação — ou seja, o aumento de preços gerado pelo aumento excessivo da
oferta monetária, que triplicou
em pouco mais de 3 anos
 (aumento esse feito pelo governo Kirchner para cobrir
os déficits orçamentários do governo
) — em conjunto com o congelamento de preços
o que desarranjou toda a economia, levando à necessidade de um realinhamento do
câmbio e das tarifas dos serviços públicos.

Onde estava o judiciário à época?

Outra reforma necessária é a redução da burocracia
estatal, começando pela demissão de 200.000 funcionários públicos indicados por
critérios políticos pelo governo anterior e que simplesmente
nem sequer aparecem para trabalhar

(Há 4
milhões de funcionários públicos na Argentina
). 

Mas, mesmo perante o simples anúncio dessa intenção,
as manifestações contrárias foram estrondosas. Consequentemente, o ministro
da modernização avisou
que o total de servidores fantasmas que serão demitidos
será de apenas 10.900.  Ou seja, menos de
0,3% do total de funcionários públicos e apenas 5,5% dos funcionários
fantasmas.

Adicionalmente, o líder sindical Hugo Moyano [o principal sindicalista da
Argentina
] ameaça fazer uma greve geral caso todos os trabalhadores, sem distinções, não recebam um aumento
salarial de 42%, e os empresários estão fazendo terrorismo, auxiliados por
alguns veículos da mídia, contra uma suposta onda de importações que poderia “invadir”
o país caso o governo avance em seus planos de uma maior abertura comercial.

Para completar, a Aerolíneas Argentinas, estatizada
pelos Kirchners, dá um prejuízo ao Tesouro de 2
milhões de dólares por dia
.  Os grupos de interesse e os sindicatos não querem
nem ouvir falar em privatização, o que significa que esse prejuízo é coberto
com emissão monetária.

O governo, aparentemente, já tomou nota dessas reclamações
e, para ficar politicamente de bem com todos, anunciou
aumentos para os aposentados, para os salários dos professores, e aceitou frear
o ajuste tanto das tarifas quanto da reforma do setor público.

Muito além da análise política de cada decisão, o inegável
é que todas essas políticas levarão a um maior déficit fiscal do governo, bem
acima do originalmente planejado.  Sendo assim,
não há perspectivas de uma queda acentuada da carestia.

Ou seja, estamos reeditando os mesmos problemas que
nos trouxeram à nossa atual situação.

Nosso país já provou a receita fracassada do
intervencionismo populista.  Nos últimos
14 anos, o déficit fiscal financiado com emissão de dinheiro e com
endividamento do governo em nada melhorou a qualidade de vida dos argentinos.  Não obstante, sempre que se anuncia a intenção
de uma mudança de rumo, ainda que de maneira bem gradual e tênue, a resistência
se mostra feroz.

A continuar assim, a Argentina será, sem dúvida, um
país inviável.

0 comentário em “A Argentina é inviável”

  1. Juntar política e economia dá nisso aí, destruir a segunda é fácil, mas reconstruí-la… Não alimentei grande otimismo com o governo de Macri na Argentina, mas esperava algum bom senso e não esse inútil ajuste gradualista, me causa espanto tamanha ignorância econômica em tempos de tamanha obviedade diante do exemplo brasileiro.
    Ajuste bom mesmo foi o Fujishock de 1990 no Peru, o instituto poderia fazer um artigo sobre esse evento, um raro exemplo de bom senso econômico neste continente.

  2. Isso é a democracia, ou você se sujeita aos grupos de interesses ou você será derrubado por eles.

    Quem espera algo da democracia tem que quebrar a cara mesmo.

  3. Andre Cavalcante

    Dúvida:

    É possível uma hiperinflação na Argentina? Digo isso porque não sei se eles tem por lá lei de responsabilidade fiscal que, bem ou mal, impede que o Banco Central financie diretamente o Tesouro.

    Abraços

  4. Pelo visto aquela esperança que havia acabado de diminuir ainda mais. Agora imagine uma venezuela da vida, como vai fazer para crescer mesmo se livrando do Maduro? Porque a tropa de socialistas bandidos vai continuar lá fazendo de tudo para barrar qualquer coisa.

    Mas pelo menos o Brasil parece estar dando sinais de que não pretende chegar nesse modelo. Mas tudo vai depender desse governo temer e do que ganhar as eleições de 2018.

  5. Sociólogo da USP

    “Ou seja, na prática, o kirchnerismo praticamente obrigou as empresas a distribuir luz de brinde para os usuários.”

    Engraçado como o texto trata isso como se fosse um absurdo, como se não fosse papel do Estado(isto é, incumbido na lógica neoliberal adotado pelo mundo) fiscalizar e conter os delírios da iniciativa privada. O burguês que passa incólume na crise, não pode sequer um momento reduzir sua estratosférica margem de lucro para aliviar o bolso do mais pobre? Não há mais o saudoso sentimento de esforço em nome da pátria, não há mais empatia pelo mais abastado, não há mais a noção de que não se trata mais de dinheiro, enquanto um ser humano morre de fome. Onde esse mundo capitalista vai parar?!

    O desejo lascivo pelo lucro ainda vai destruir o homem…

  6. E Michel Temer está cedendo às pressões igualzinho a Macri. Ele pelo menos tem a desculpa de ser interino, de precisar agradar seus aliados para se manter no cargo. Mas não sei se, após o impeachment, ele terá forças para promover as reformas que realmente importam para a economia brasileira.

  7. Reclamam do estado e não batem naqueles que mantém o estado: A CLASSE POLÍTICA.

    Se queremos ficar livres dessa corja temos que aos poucos alertar a todos sobre como é danoso para o bolso das pessoas e para os cofres do país a existência dessa classe parasitária chamada político.

    Em artigos anteriores eu percebi o aumento dos interessados que gostaram da minha ideia de criar um grupo para essa finalidade: A ELIMINAÇÃO DOS POLÍTICOS COMO CLASSE.

    Eu já expus aqui um principio de como iniciaríamos essa empreitada:

    Criaríamos um empreendimento para a função de alerta aos empreendedores. Sejam eles pequenos, médios ou grandes empreendedores.

    Um grupo poderia ser criado, mostrando o nosso cartão de visita, para fazer o trabalho de divulgação entre os empresários. Assim que contratados, de comum acordo com os mesmos (troca voluntária), estabeleceríamos um preço razoável para começar a imprimir cartilhas explicando as pessoas, dentro do estabelecimento do contratante, se assim esse desejar, mais principalmente nas ruas.

    Poderíamos também criar grupos de associados para que cada vez mais a mensagem de anti-políticos ganhasse mais força através de palestras e encontros.

    Mostraríamos aos poucos para as pessoas que pagar impostos é uma falácia. Só serve para sustentar a classe política…e também mostraríamos a existência de moedas digitais, como o bitcoin, por exemplo, para o empresário e para as pessoas comuns.

    Aos poucos vamos tirar essa mentalidade estatal da cabeça das pessoas.

    Como eu sou da CIDADE do Rio de Janeiro, ficaria melhor que pessoas daqui entrassem em contato comigo.

    Trabalharíamos como se fossemos “fantasmas”. O investimento seria feito diretamente com empresários que assim solicitasse nosso serviço.

    É claro que esse grupo crescendo vamos criar e ter contato com pessoas de outros estados e até mesmo em nações estrangeiras.

    Para os interessados meu email é galenoeu@gmail.com

  8. É triste ver que um dos países mais ricos do mundo em meados do século passado, encontra-se quase arruinado por conta do populismo irresponsável de esquerda. Mas nem tudo esta perdido. A imprensa não tem sofrido os constrangimentos e a censura do período Kirchner, e certamente o povo argentino vai saber fazer escolhas no momento apropriado, por acaso ja fizeram ao elegerem Macri..

  9. Antes de sinalizar qualquer medida para liberalizar a economia, um governante precisa enfraquecer os grupos de pressão que só existem graças a privilégios ou financiamento dados pelo governo. Esses grupos são os mais ativos defensores do intervencionismo e do governo grande, portanto, sempre farão oposição aos liberais.

    Alguns exemplos para o caso do Brasil:

    Sindicatos: acabar com a contribuição/impostos obrigatórios e a unicidade territorial.
    ONGs: acabar com os repasses de recursos públicos.
    Servidores públicos: aprovar uma lei proibindo greves.
    Artistas: revogar leis de incentivo à cultura.

    Desse modo só iriam restar as organizações que realmente prestam serviços de interesse de seus membros, o que reduziria bastante seu uso político.

  10. É bem compreensível o desespero do autor do artigo. Consertar a Argentina é um trabalho árduo e que levará algumas gerações – se tiverem sorte. É frustrante. Se me permite um conselho, mude de país.

  11. De barco para Miami

    É tudo a mesma porcaria.

    Essa América Latrina é inviável.

    Dívida pública da Argentina: 48% do PIB
    Dívida pública do Brasil: 66% do PIB
    (1 x 0)

    Juros da Argentina: 30,75%
    Juros do Brasil: 14,25%
    (1 x 1)

    Crescimento do PIB da Argentina: 0,4%
    Crescimento do PIB do Brasil: -5,4%
    (2 x 1)

    Inflação da Argentina: 40,5%
    Inflação do Brasil: 9,2%
    (2 x 2)

    Desemprego da Argentina: 5,9%
    Desemprego do Brasil: 11,2%
    (3 x 2)

    Orçamento do governo da Argentina: -5,4%
    Orçamento do governo do Brasil: -10,3%
    (4 x 2)

    Dólar da Argentina: 15,03
    Dólar do Brasil: 3,23
    (4 x 3)

    Placar = 4 Argentina x 3 Brasil

  12. Cuidado com o discurso libertário. Geralmente os donos da palavra são os que se tornaram ricos às custas do estado e do povo, lançando depois o discurso da preservação da propriedade privada e do liberalismo para preservar seu poder ilegalmente adquirido.

  13. Caramba, a situação argentina é muito pior que a brasileira!!! Nós ao menos não chegamos no descalabro inflacionário, e chegaríamos se Dilma não caísse. Fica a lição: inflação depois que chega num nível tal, é muito difícil baixa la. Nós pelo menos ainda podemos fazer a inflação voltar a ficar comportada, e ao que tudo indica, faremos com Temer. E acredito que vamos continuar assim, quero dizer, creio que o risco de descontrole inflacionário foi afastado daqui pra frente, incluindo o pós Temer, e mesmo se o PT voltar, porque se esta desgraça retornar, será com Lula, obviamente, e este ainda tem algum zelo por preços comportados, nossa sorte. Dito isso, se eu estiver certo, o Brasil não vai rumar para o caos, embora a situação não será das melhores.

  14. Entendo que o Temer não possui legitimidade perante os grupos fortes do Brasil (mídia, artistas e sindicatos). Na verdade, até no meio político ele, que é bem conciliador, não desfruta de tanto prestígio assim.

    Diante dessa situação, e da sua interinidade, não é fácil propor mudanças de fato… Ele começou bem demais na primeira semana, mas ao final de um mês, já havia perdido o pouco que consideramos positivo. Aumentos ao funcionalismo público, voltou atrás em algumas decisões (como a do fim do MinC) e as denúncias semanais envolvendo seus ministros (dos quais apenas 3 ou 4 julgo como razoáveis, todos os demais são politiqueiros e sofríveis!).

    Some-se a isso tudo uma sociedade polarizada e dividida em supostos grupos minoritários salpicado com ideologias progressistas que querem enfiar guela abaixo dos demais… Nosso Brasil está estagnado e não consigo ver uma luz no fim do túnel. A do Temer, que era uma lanterninha, já está com a pilha fraca e se esvaindo!

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