Uma crítica chicaguista à Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos
Os neoclássicos, como os seguidores da Escola de Chicago, costumam criticar a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos com a alegação de que a teoria "despreza a racionalidade dos investidores e empreendedores". Afinal, dizem os neoclássicos, por que empreendedores incorreriam nestes investimentos sabendo do caráter temporário da baixa nos juros?
Respondo.
Porque, em primeiro lugar, os banqueiros irão seguramente emprestar as reservas criadas do nada pelo Banco Central, pois presumem, com razão, que o Banco Central irá socorrê-los, como sempre o fez (Greenspan and Bernanke 'put', pacotes de socorro, tranquilidade pela garantia do saldo dos correntistas etc.). Assim, o primeiro passo está criado.
Segundo, os especuladores, que sabem como funciona o ciclo, irão racionalmente exacerbá-lo para ganhar dinheiro na alta.
Terceiro, é verdade que os empresários conservadores tenderiam a não fazer projetos novos de longo prazo. No entanto, eles não podem se dar ao luxo de ficar de fora do mercado enquanto os demais empresários tomam empréstimos a juros baratos para melhorar sua produtividade. E essa é a tragédia dos ciclos econômicos gerados pela expansão do crédito. Eles obrigam mesmo os empresários prudentes e cônscios a embarcarem no desvario. Afinal, se você não o fizer, você simplesmente perderá fatia de mercado para os seus concorrentes. E como não é possível saber exatamente qual será a duração do boom (pode durar apenas alguns meses, como também pode durar vários anos), você não pode se dar ao luxo de ficar de braços cruzados.
A única coisa que você pode fazer é ir se protegendo ao mesmo tempo em que embarca na loucura.
Ademais, os empresários não são super-homens que podem adivinhar qual seria a taxa de juros de mercado sem a intervenção do Banco Central. Pior ainda, todos os preços de insumos e produtos estão distorcidos pela manipulação do crédito feita pelo Banco Central. Portanto, é virtualmente impossível o empresário determinar a realidade de lucros e prejuízos esperados expurgada dos efeitos do Banco Central.
O melhor que ele pode fazer, como ser humano imperfeito, é tomar os preços de mercado e ser conservador. Mas volta-se ao ponto anterior: ele não pode ser conservador o bastante a ponto de se dar ao luxo de se precificar fora do mercado, condenando sua empresa.
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