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Economia

Quando as drogas eram vendidas livremente

16/09/2009

Quando as drogas eram vendidas livremente

A criança está com tosse?  Nada de xarope.  Muito mais efetivo é dar-lhe um frasco de heroína produzida pela Bayer.  Muito melhor do que utilizar a morfina, pois não é viciante.



O leitor gosta de vinhos? Pois a concorrência entre os fabricantes de vinho é intensa, todos eles à base de coca.  Dentre seus fregueses fieis, o Papa.  Abaixo, uma homenagem feita pelos Vinhos Mariani - o principal vinho de coca - a Sua Santidade, cliente que sempre tem razão.  Ao lado, o rótulo do vinho rival da empresa Metcalf.

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Está com asma ou pneumonia?  A heroína funciona não só como analgésico, mas também ataca esses dois distúrbios.  Mas não se esqueça de misturar heroína com glicerina.  O opiáceo amargo fica bem mais palatável.  Eis uma propaganda de heroína da Martin H. Smith Company, com sede em Nova York.

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Ah, o leitor é receoso e não quer tratar a asma com heroína?  Utilize então o ópio.  É perfeito para atacar "a asma e outras afecções espasmódicas".  Obs: o produto deve ser aquecido em uma panela.

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Está com dor de garganta?  É cantor ou palestrante regular e a voz não está boa?  Nada de Tylenol ou outros venenos afins.  Um simples tablete de cocaína resolve tudo.

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A criança está com dor de dente?  Mal humorada?  Dropes de cocaína não apenas acabam com a dor, como também melhoram o humor dos pimpolhos.  Vai dizer que o rótulo não é charmoso?

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Seu recém-nascido é inquieto?  Você não sabe acalmá-lo com cantigas de ninar?  Então pare de perder tempo com algo para o qual você não leva jeito.  Adquira um paregórico à base de ópio e álcool (em proporção não menor do que 46%) da empresa Stickney and Poor, vendidos do mesmo modo que a empresa vende seus famosos temperos.  Atente para o rótulo: "DOSE - [Para crianças com] cinco dias, 5 gotas.  Duas semanas, 8 gotas.  Cinco anos, 25 gotas.  Adultos, uma colher cheia."

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Quer ser apenas acionista de algum fabricante?  Pois considere então essa propaganda feita pela C. F. Boehringer & Soehne, da Alemanha, empresa que se orgulha de ser "a maior fabricante do mundo de quinino e cocaína"

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Não, isso não ocorre em nenhum país atual - afinal, vivemos em uma época civilizada, certo?

Porém, tais produtos eram rotineiramente adquiridos nas farmácias e mercearias do final do século XIX e início do século XX em praticamente todo o mundo.

Era uma época em que os governos ainda não nos amavam tanto e, por isso, não faziam a gentileza de cuidar de nós.  É de se imaginar que essa ausência do estado nas questões morais e sociais - afinal, ele é o único ente formado por seres íntegros, probos e de reputação ilibada para tal função - geraria uma sociedade pervertida e amoral, certo? 

Entretanto, olhando para nossos bisavós, vemos que o mundo em que viveram era, no mínimo, tão moral e civilizado quanto o nosso.  Sem dúvida era menos violento - afinal, não havia um mercado negro para substâncias ilícitas gerado pelo estado.

Hoje, os políticos, tão abnegados, tão caritativos, proíbem até cigarrinhos de chocolate, certos que estão de que tais guloseimas transformarão seus usuários de 5 anos em futuras chaminés ambulantes.

Claro!  Eu, por exemplo, passei a fumar sete maços por dia após ter visto esta cena de 007: como não resistir à ideia de que acender um cigarro numa mesa de bacará enquanto se pronuncia o próprio nome irá lhe fazer ganhar beldades?



Aliás, é questão de tempo até que proíbam o cigarro nos filmes -- nos antigos, obviamente.  Porque nos novos a era do politicamente correto já os baniu.

Para ver o link original sobre os "remédios", clique aqui.

Sobre o autor

Leandro Roque

Leandro Roque é editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

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