Acabou o PSI – mas as idéias ruins e suas consequências inesperadas continuarão

Programas governamentais têm por costume alcançar exatamente
o oposto daquilo que é oficialmente pretendido. E, normalmente, o próprio nome
de batismo do plano já fornece indícios do que há de acontecer.

Como dizia Nelson Rodrigues, “Nome é destino”; mas, nesses
casos, ao contrário.

No governo de Dilma Rousseff, há uma galeria repleta de
planos e programas econômicos malfadados. Pacotes de estímulos, desonerações,
bolsas disso e daquilo. A lista
é longa
, e os fracassos também.

Alguém se lembra do “Plano Brasil Maior“?
Pois é, quem cresceu mesmo foram os problemas, porque a economia segue
encolhendo e sem sinais de melhora.

E o que falar da iniciativa que prometia energia
elétrica
barata e abundante “sem nenhum risco de racionamento ou de
qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo”? A
classe média que o diga, pois está tendo de desligar o ar condicionado para
poder quitar o crédito contraído para adquiri-lo. Mais um plano, digamos, de
pouca sorte.

O BNDES ocupou lugar de destaque nos pacotes de benesses do
governo Dilma, sendo o Programade
Sustentação do Investimento
, o tal do PSI, um dos seus grandes
protagonistas. Iniciado em 2009 como um programa temporário de um ano apenas,
acabou durando até o último dia de 2015, quando o governo finalmente decretou
o seu merecido fim.

Em seis anos, o PSI liberou cerca de R$ 450 bilhões. Meio
trilhão de reais. Quase um quinto de todo o crédito do sistema
financeiro
foi decorrente de um programa de governo. No pico do desespero do
Ministério da Fazenda em relação ao crescimento do PIB, por volta de 2012 e
2013, havia linhas disponíveis concedendo empréstimos
com juros nominais de 2,5%
, o equivalente a taxas reais negativas,
considerando o IPCA de mais de 6% à época.

E qual foi o resultado do PSI? Desde 2010, o investimento
como proporção do PIB não para de cair. Há oito trimestres o investimento registra
quedas consecutivas e ininterruptas
, algo inédito na história do Plano
Real.

Alguns setores beneficiados pelo PSI chegaram próximos da
insolvência, como o de veículos rodoviários, em especial o de caminhões. Uma boa
parte da cadeia produtiva orientada aos setores agraciados com o PSI está em
plena contração, demitindo, reduzindo a produção e cortando novos
investimentos.

E tudo isso não poderia ser diferente. Crédito jamais
deveria estar sujeito a políticas de estado. Subsidiar os juros de um
empréstimo é estender crédito a quem, em condições normais de temperatura e
pressão, não deveria se endividar. Quem precisa de juros artificialmente baixos
para investir é porque, provavelmente, tem projetos não lá tão viáveis.

Quando o crédito é política pública, o objetivo central é
emprestar; cobrar são outros quinhentos. Quando a capacidade de pagamento do
mutuário é secundária, a probabilidade dos beneficiários serem bons pagadores
diminui de maneira inversamente proporcional ao volume oferecido pelo programa
de governo.

Economicamente, o PSI tinha tudo para dar errado. E deu.
Faltava apenas a realidade atestar essa verdade. Se ele teve êxito em sustentar
algum investimento, foram os que não deveriam ter sido sustentados.

Politicamente, o programa pode ter sido um sucesso, pois, se
não conseguiu sustentar o investimento, ao menos contribuiu para a sustentação
do próprio governo do PT, ao seduzir o empresariado e o eleitorado com crédito
farto e barato até o fim das eleições de 2014.

O que ainda não se sabe é o quão afetado será o balanço do
BNDES por conta de empréstimos mal feitos. Ouso dizer que a frase “nunca antes
na história deste país” será repetida mais algumas vezes depois que essa caixa
preta for aberta.

O PSI é mais um capítulo do tragicômico legado na Nova Matriz Econômica.
O famigerado plano não foi o primeiro e não será o último programa de governo a
lograr precisamente o oposto do que se pretendia. Algo comum e recorrente na
história das políticas públicas, mas que a maioria dos economistas só consegue
se dar conta post facto, usando a
sociedade como cobaia de seus experimentos “científicos” (com todas as aspas
possíveis).

Quem sabe um dia consigamos convencer os governantes — e a
população — ex-ante de que as suas
políticas não apenas não atingirão seus objetivos, como também acarretarão
consequências danosas não-intencionadas.

Melhor dar ouvidos à teoria econômica do que testar na
prática políticas cujos resultados não se podem prever, muito menos garantir.

0 comentário em “Acabou o PSI – mas as idéias ruins e suas consequências inesperadas continuarão”

  1. Amigo Desenvolvimentista

    Aqui jaz uns dos melhores programas de estímulo da economia brasileira. Uma pena pois chega a ser um sacrilégio cortá-lo em plena recessão e com o dólar a R$ 3,95(uma oportunidade fantástica para bombar a competitividade nacional).

    Caixa, BB, BNDES, precisamos de vocês mais do que nunca agora, não nos decepcionem.

  2. “Quem sabe um dia consigamos convencer os governantes — e a população — ex-ante de que as suas políticas não apenas não atingirão seus objetivos, como também acarretarão consequências danosas não-intencionadas.”.

    Acho mais fácil convencer os governantes do que a população.
    É mais fácil educar algumas centenas de ignorantes do que milhões.

  3. Marcelo Souza Lima

    BNDES é a distorção da distorção que cria mais distorções. Vamos entender:

    1) o Governo brasileiro, mais do que muitos outros, é perdulário e incompetente

    2) Gasta mais do que arrecada, gasta mal e toma muito empréstimo. Sugando a baixa oferta de crédito (uma vez que não temos Poupança), promove o crowding out do setor privado. Ou seja: não há recursos para o setor privado. Soma-se a isso, aberrações tributárias como IOF e um mercado extremamente oligopolizado e temos a maior taxa de juros do mundo.

    3) o Governo Federal, através de suas distorções, impede que mercado, sozinho, desenvolva produtos de crédito de longo prazo entre Poupadores e Investidores. Não temos nem mesmo um mercado secundário de debêntures… Muitos dos títulos de Dívida Privada ficam encarteirados no Banco ou Fundos de Pensão de empresas públicas…

    4) A solução é clara, menos Estado, menos intervenção e maior disponibilidade de crédito. Mas, como todo Governo, a alternativa é MAIS GOVERNO. Assim, cria-se mais BNDES, acima de tudo um instrumento de políticos obterem apoio do empresariado através de uma aberração chamada TJLP, um subsídio para lobistas e amigos do Governo de situação. Empresas que teriam condições de acessar diretamente o Mercado de Capitais e fazer um Planejamento Financeiro para viabilizar seus projetos de forma eficiente preferem fazer o lobby com burocratas

    5) o PT aumentou o Balanço do BNDES em mais de 5 pontos percentuais do PIB, alterando drasticamente o pacto social, fazendo com que a Sociedade comum bancasse juros mais baratos pra grandes empresas

    6) muito dinheiro muito barato. A empresas não fazem contas direito e tendem a fazer bobagens… Afinal, pagar a dívida é um detalhe, afinal as garantias são frágeis, o banco é político, não precisa dar lucros, não tem acionistas. Tudo se renegocia, “se não teremos que demitir pessoal”… É tudo q qq partido não quer. E ano de eleição então…

    7) o subsídio do BNDES não aumenta o PIB e, portanto, não aumenta a arrecadação. Logo, o subsídio da TJLP aumenta o deficit nominal do Governo, o que gera inflação e instabilidade jurídica (o Governo vai ter que se ajustar cedo ou tarde, como é ruim de cortar gastos, vai chamar alguém pra pagar a conta, eu que não Investiria para depois ser taxado como um louco). Aí os juros da vida real, SELIC, sobem… A TJLP fica igual, o subsídio aumenta, o governo toma mais crédito, expulsa mais o mercado privado, a economia desacelera…

    8) As empresas fazem lobby, aumenta mais o Balanço do BNDES, mais deficit fiscal, mais Selic, menos PIB. Repita.

    9) ou seja: o BNDES REDUZ O PIB E DEIXA RICOS POUCOS EMPRESÁRIOS…

  4. É incrivel como está tão claro que esse tipo de governo populista ditador ideologico manipula o povo e pratica uma política de desconstrução de valores, entidades e pessoas para dividir o povo e assim terem cada vez mais facilidade de manipular todo mundo. O PT realmente nos surpreende com o tamanho do esquema que foi elaborado para a manutenção do poder. Graças a Deus eles são burros e ganaciosos e Lula indicou a Dilma para ter um 3. e 4. mandado presidencial. Se eles não tivessem ganho a eleição, a fraca oposição provavelmente estaria hoje no poder, com um país ao cacos e o PT e seus aliados famosos e ricos. Como foram gananciosos, algo se perdeu pelo caminho e o esquema todo foi desvendado e agora temos a grande chance de não só punir exemplarmente os culpados mas também de criar novas leis, fazer as reformas necessárias tributarias, políticas e para coibir a corrupção. Vamos ser realmente testados e vamos poder saber se o congresso e o senado após o impeachment será honesto ou se realmente daqui há 02 meses estarão fazendo a mesma coisa que o PT fazia.. Quem viver verá ! Sou a favor de mudança já para Parlamentarismo, fim da reeleição para todos os cargos políticos e penas dobradas para funcionários públicos corruptos !

  5. O PSI foi mais uma manobra politica do governo PT, com esse plano o BNDES operou no prejuízo por anos para que o governo do PT se sustentasse. Só quero ver quando abrir essa caixa preta que é o BNDES imagina o que vamos encontrar e isso é tudo o que o PT menos quer. O PT realiza planos totalmente insustentáveis outro exemplo são os seus planos sociais como bolsa familia que retira bilhoes dos cofres publicos.

  6. Vamos ver se agora com o Governo Temer as coisas começam a mudar, acredito que em breve novos ventos virão e o Brasil vai se tornar país melhor.

    Já temos bons sinais como a crise indo embora, dá pra perceber isto pela melhora no comércio, principalmente graças as vendas do último dia das crianças, na Internet as pessoas também estão comprando muito, sei disso porque as vendas do meu treino na Internet, o programa de emagrecimento desafio vip 60 aumentaram muito nos últimos 2 meses, então aparentemente a crise está indo embora, que venham tempos melhores, o brasileiro merece!

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