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Economia

Cinco maneiras de se criar um monopólio

07/11/2013

Cinco maneiras de se criar um monopólio

É muito difícil manter um monopólio se você opera em um ambiente econômico genuinamente livre, no qual não há barreiras regulatórias, burocráticas e tributárias erguidas pelo estado contra o surgimento de concorrentes.

O problema é que este arranjo em que o estado permite a existência de uma genuína livre concorrência -- e que, consequentemente, é formado por empresas cobrando preços baixos e continuamente colocando novos produtos no mercado -- infelizmente é algo do passado.

No mundo atual, políticos estão sempre prontos para oferecer a qualquer magnata ávido por controlar toda uma indústria a chance de brilhar.  Tarifas de importação, agências reguladoras criadas para cartelizar mercados e proteger empresas favoritas, leis especiais, códigos tributários indecifráveis e impossíveis de serem cumpridos pelos pequenos empresários, burocracias ininteligíveis, e subsídios aos reis -- estas são as maneiras mais garantidas de se criar monopólios e de garantir que nenhum grande empresário jamais tenha de passar aperto concorrendo no livre mercado.

A seguir, uma pequena lista contendo as cinco maneiras mais eficazes de se estabelecer um monopólio.  Todas essas medidas são alegremente defendidas pelas grandes empresas.

1. Regulamentações

Quando o custo de se empreender é alto, aumente-o ainda mais, e com isso aniquile a concorrência dos pequenos.  Pequenas empresas não conseguirão sobreviver às regulamentações impostas pelo governo, ao passo que as grandes empresas certamente serão capazes de arcar com este fardo, ao menos temporariamente.  Impostos, decretos, leis especiais e principalmente regulamentações específicas irão dizimar qualquer sombra de concorrência antes mesmo que estes coitados tenham tempo de perguntar o real significado das novas e indecifráveis leis.  As grandes empresas irão contratar lobistas para ir ao Congresso, e estes certamente serão capazes de convencer os burocratas de que aquele setor da economia em que tais empresas operam deve estar sujeito a normas mais rígidas e estritas.  Ao contrário do senso comum, agências reguladoras e grandes empresas são sólidas aliadas.

2. Subsídios

Não existe almoço grátis.  Porém, quando o governo está pagando o almoço, ele de fato tem sabor de gratuidade.  Subsídios governamentais permitem que empresas adquiram um status monopolista ao mesmo tempo em que supostamente mantêm um enfoque no consumidor.  Utilizar dinheiro do governo para aumentar suas receitas de maneira arbitrária permitirá a você reduzir acentuadamente seus preços, e ainda assim manter a sua lucratividade.  Você poderá agora dar gratuitamente um item que até então custava $10 e, com a ajuda do subsídio de $1 milhão gentilmente concedido pelo governo, continuar operando normalmente.  Seus concorrentes, por outro lado, terão de se virar dentro da crua realidade do mercado.  Ainda que eles de alguma forma consigam reduzir seus preços para $1,00 a unidade, qual consumidor irá abrir mão de um produto que está sendo literalmente dado de graça? 

Uma variante desse arranjo ocorre quando o governo utiliza agências estatais de fomento para conceder empréstimos subsidiados às suas empresas favoritas.  As consequências são idênticas.  Para os amigos do rei, as delícias dos juros artificialmente baixos; para os reles mortais, a dureza do mercado.

O subsídio não necessariamente tem de durar para sempre.  Levará apenas algumas semanas para que seus concorrentes comecem a perder receitas e a dar o calote em suas dívidas pendentes.

3. Nacionalização

Este é o método favorito dos políticos e burocratas.  A maneira mais fácil e mais direta de se criar um monopólio é simplesmente transformar o monopólio em lei.  O controle federal sobre toda uma indústria representa uma efetiva proibição à concorrência do setor privado.  Pense nos Correios e -- em vários países -- no setor petrolífero.  Quem estiver à procura de um pavoroso exemplo prático de ineficiência, déficits perpétuos e total falta de consideração pela qualidade dos serviços, apenas olhe para um monopólio estatal. 

Ainda assim, a defesa da nacionalização é onipresente: basta você dizer que um determinado setor deve ser monopolizado "para o bem do povo" e, em seguida, fazer perorações a respeito do papel de suma importância desempenhado pelo Ministério da Educação ou por outras burocracias estatais que as pessoas consideram sagradas e intocáveis, e sua argumentação será prontamente aceita.

4. Tarifas de importação

Estrangeiros podem ser um aborrecimento.  Alguns são barulhentos, outros são esquisitos.  Mas os piores são aqueles que competem conosco no mercado.  Por que permitir que eles vendam para nós os seus produtos?  Por exemplo, empresas chinesas produzem determinadas mercadorias a preços muito baixos e ainda têm a petulância de pensar que podem exportar seus produtos baratos para o nosso país.  Quem em sã consciência iria querer ter acesso a produtos baratos?

Se um chinês quer vender um pano a $2, mas a nossa indústria nacional não aceita vender por menos de $5, então o certo é proibir os chineses de satisfazer nossos consumidores.  Eles não podem simplesmente agir como se entendessem o real funcionamento do mercado.  É perigoso.  O certo é impor a eles tarifas de importação elevadas e desestimulantes.  Melhor ainda seria propor uma proibição total à venda de produtos estrangeiros dentro de um estado e dentro de uma cidade, de modo a isolar aquela localidade do resto do mundo.  Ato contínuo, ninguém poderá comprar nada de nenhum outro fornecedor que não seja o grande industrial nacional.  Esse é o caminho para a riqueza.  Para a riqueza dele, é claro.

6a00d8341c630a53ef00e54ff8d9eb8833-800wi.jpg5. Propriedade intelectual

Se você teve uma boa ideia, por que permitir que uma outra pessoa qualquer tenha a mesma ideia?  Pegue a sua ideia, escreva-a num papel com as letras mais garrafais possíveis, e peça sua imediata patente.  Ato contínuo, burocratas irão garantir a você o direito exclusivo de utilizar essa ideia.  E nem precisa se preocupar caso outra pessoa tenha essa mesma ideia apenas um dia depois, azar o dela.  Você preencheu a papelada antes.  Mesmo que outra pessoa do outro lado do globo tenha a mesma ideia, azar o dela.  Você aquiesceu com a burocracia antes.  Explore seu monopólio com júbilo.  Coloque um alto preço no produto e não mais se preocupe com a qualidade.  Você agora é livre para ignorá-la.  Afinal, o que os consumidores irão fazer: comprar seu produto exclusivo em outro lugar?

 

A todos aqueles que conseguiram se encaixar em uma das categorias acima, usufruam gostosamente seus privilégios.  Vocês merecem.


Sobre o autor

Brian LaSorsa

É colunista do Huffington Post e contribui esporadicamente para o jornal Washington Examiner

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