O
governo está alardeando
que vai cortar R$10 bilhões nos gastos orçamentários. A mídia,
obviamente, caiu no conto e o
divulga com fidelidade canina. Ninguém
questiona nada, ninguém comenta nada.
Vida que segue.
A
notícia é boa? Seria ótima se fosse
verdade. O fato é que estamos diante de
uma empulhação grotesca.
Até
onde se sabe, a palavra "corte" deveria significar exatamente isso:
cortar
gastos, reduzir o nível das despesas, fazer com que o orçamento deste
ano seja
menor que o do ano passado. Um sujeito
acostumado a gastar R$ 3 mil por mês estará cortando
gastos caso passe a gastar R$ 2 mil reais por mês. Isso, sim, é um real
corte de gastos.
E
o que o governo propõe? Simples. Reduzir os gastos previstos
para esse ano, que são maiores que os do ano passado.
A
vigarice funciona assim: no ano passado, a despesa
total foi estimada em R$ 1.664.747.856.320,00. Para esse
ano, o orçamento
previsto é de R$ 1.832.823.010.022,00. Ou seja: um aumento
de módicos R$ 168.075.153.702 de um ano para o outro.
E
o que o governo está dizendo? Que vai cortar 10 bilhões desse aumento
de 168 bilhões. Ou seja: o tão propalado corte de gastos
significa na verdade um aumento de
gastos um pouquinho menor que o previsto. E a mídia
cai na conversa!
Ora,
já que é assim, fica aqui a minha dica para o governo: planeje um
orçamento de
5 trilhões e, logo em seguida, diga que vai fazer um corte de gastos de 3
trilhões, ficando, no final, com um orçamento ainda maior que o
original, que é
de 1,8 trilhão. O governo estará
aumentando os gastos e, de quebra, ainda ganhará a fama de ser
fiscalmente
responsável e inflexível com os gastos públicos.