Pela privatização da Infraero
Deu no Estadão: "A Polícia Federal apontou superfaturamento de R$ 991,8
milhões nas obras de dez aeroportos administrados pela Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) - Corumbá,
Congonhas, Guarulhos, Brasília, Goiânia, Cuiabá, Macapá, Uberlândia,
Vitória e Santos Dumont. Todas as obras foram contratadas durante o
primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e
2006."
Pergunta: alguém está surpreso? Eis a essência das
estatais, por sua própria natureza de incentivos perversos: virar
cabide de emprego para aliados políticos; e um antro de corrupção que
faz a alegria dos "amigos do rei". Afinal, sem o escrutínio dos donos
do capital, preocupados com a lucratividade da empresa, as estatais
acabam exploradas por uma cúpula de poderosos. O dinheiro é da "viúva",
é de "todos", e aquilo que é de "todos" não é de ninguém - ou melhor, é
daqueles que controlam os ativos em nome dos outros.
Alguns
ainda vão acusar os corruptores, as construtoras, ignorando a essência
do problema. Sim, essas construtoras grandes são um câncer para o país,
pois compram todos no governo, perpetuando os problemas. Mas eles estão
usando um recurso disponível. É a existência desse recurso que deve
acabar. Enquanto houver uma fila de estatais prontas para assinarem
cheques bilionários, lá estarão grandes empresas comprando por fora os
burocratas poderosos que podem decidir o destino de tanto dinheiro. Por
que o mesmo não ocorre - ou ocorre em grau infinitamente menor - no
setor privado? Ora, justamente porque nas empresas privadas os seus
donos estão de olho no caixa, já que seus lucros dependem disso.
Por
fim, os serviços prestados pelas estatais costumam ser precários.
Novamente, isso se deve ao próprio modelo de incentivos: enquanto no
setor privado o serviço ruim é punido com a redução do lucro ou mesmo
falência, nas estatais ele acaba premiado com mais verbas públicas,
para tentar melhorar esses serviços. Cada incompetência é vista como
resultado da falta de recursos, e mais dinheiro retirado dos impostos
acaba jogado na estatal. Qualquer um que viaja bastante e é obrigado a
encarar os aeroportos brasileiros sabe disso. Predomina o caos! Se tais
aeroportos tivessem donos, se fossem empresas privadas, o foco no
consumidor seria necessário, ainda mais se estimulando a concorrência.
Não
existem argumentos decentes para se manter a Infraero uma empresa
estatal. Resta apenas uma das duas alternativas: cegueira ideológica ou
defesa de interesses. Ou estamos falando de uma "viúva de Stalin", que
acha que tudo deve ser controlado pelo governo porque odeia a
liberdade; ou então de alguém que faz parte da cadeia da felicidade
criada com esse desvio bilionário na estatal.