As duas notícias mais lidas na editoria de economia no site da Folha de
São Paulo hoje trazem dados bastante interessante para refletirmos
sobre o dilema planejamento central x escolhas individuais que são o
cerne da visão econômica da Escola Austríaca. A primeira notícia é
sobre uma pesquisa elaborada pela Federação do Comércio do Estado sobre
as vendas de Natal de São Paulo, e a segunda traz a visão econômica do
presidente do Banco do Brasil para 2010.Vejamos as duas:
Não vou transcrever os dois textos na íntegra, mas resumo-os.
1)
A primeira relata que os consumidores estão mais endividados e dando
mais calotes. Além disso, a pesquisa traz dados que mostram que o
crescimento esperado pelo comércio - de 12% mais vendas neste Natal,
comparado ao último - será impulsionado principalmente pela compra de
eletrodomésticos da linha branca que tiveram o IPI reduzido.
Resumindo: parte dos consumidores estão cautelosos. Outra parte não
consegue mais pagar as dívidas que possui. E aqueles que pretendem
comprar, optarão por produtos que estão com a carga tributária reduzida.
2)
Enquanto isso, no país das maravilhas estatais, o Banco do Brasil quer
dar mais dinheiro e baixar juros. A ideia é aumentar em 20% o volume de
empréstimos para o próximo ano. Segundo o presidente do BB, Aldemir
Bendine, a carteira cujo aumento no volume de empréstimos mais cresceu
foi exatamente a carteira de consumo. Aliás, segundo Bendine, com a
retomada dos financiamentos, "a tendência para a inadimplência agora é
de pequena queda".
É exatamente isso. Enquanto o
consumidor ou está super endividado ou está cauteloso, o presidente do
Banco do Brasil aposta na queda da inadimplência via empréstimos
maiores, com mais prazo para pagar (poupança deve ser uma palavra que
não consta no dicionário dele).
E não é só isso. A parte
mais hilária da matéria é quando, ao comentar a queda nos juros, o
presidente do BB diz que COM A CONCENTRAÇÃO DO MERCADO BANCÁRIO EM
TORNO DE SEIS PLAYERS, A CONCORRÊNCIA DEVE AUMENTAR (me perdoem o uso
da caixa alta, mas eu queria ressaltar que ele realmente disse essa
bobagem), pois os bancos estão operando de forma mais eficiente(?).
Ou
seja: o presidente do maior banco estatal do país acha que concentração
de mercado cria concorrência e que empréstimos com prazos maiores é a
solução para acabar com a inadimplência. E é isso que ele deseja para
todos os brasileiros em 2010.
Já eu desejo sorte, porque no que depender da solução para a economia do presidente do Banco do Brasil, nós vamos precisar.