Quando me casei, levava comigo a certeza de que estava
indo por um caminho onde os meus deveres não sufocariam os meus direitos de ter
meus desejos e de lutar por eles. Desejos como prosseguir lado a lado com meu
companheiro, mas ter como ele uma trajetória profissional com a melhora do meu curriculum e consequentemente da minha
qualidade de vida, buscando sempre novos desafios. Uma vida onde a LIBERDADE
caminhasse ao nosso lado.
Hoje fazendo uma análise da minha trajetória de vida,
reconheço que me deixei levar pelas promessas do meu companheiro, promessas
estas que nunca chegaram a ser cumpridas.
Enquanto casados, mudamos umas vinte e sete vezes,
sempre indo ao encontro dos anseios dele. Seu trabalho exigia estas mudanças e
eu fui seguindo-o, dando-lhe infra-estrutura, sempre com a esperança de que eu
nesta mudança teria liberdade de dar os meus passos rumo ao meu crescimento.
Hoje tento encontrar o ponto onde deixei que ele
dominasse minha vontade, porque eu sempre tive expediente para resolver
qualquer problema que surgisse. E o que se tornou agora claro para mim é que
ele usava da confiança que eu depositava nele em proveito próprio, fazia
promessas e não as cumpria, usava de uma falsa bondade para com isto ir
minando minha vontade própria. Delegava direitos que agora sei já estavam
embutidos de muitos deveres. Enfim, foi me sufocando, me anulando e ficando com
a fama de "Bonzinho", "perfeito" e qualquer resistência da minha parte seria
taxada de rebelde sem causa já que, com tantos bônus, como eu poderia ser tão
ingrata?
Enfim nosso casamento se acabou, pois ele encontrou,
segundo suas próprias palavras, seu verdadeiro amor na pessoa de uma garota com
a idade inferior à minha quando me casei com ele.
Me libertei? Imagine!
Qual não foi minha surpresa quando constatei que
querem manter a mim e a todo cidadão presos, ignorantes, nulos e adormecidos
como zumbis - zumbis sim, porque espero que acordemos todos antes que tenhamos
todos os nossos direitos violados.
Minha indignação é porque:
Após a separação, fiquei com um imóvel que já era
nosso e registrado. Ao passar para o meu nome e dos filhos, tive que pagar
tantas taxas para a transferência, por volta de uns 5% do valor do imóvel, para
que tivesse direitos de decisão sobre o mesmo - isto porque o pai dos meus
filhos doou-lhes a parte dele. Sem
contar que tenho que pagar uma taxa anual de IPTU
para que o imóvel continue sendo meu e dos meus filhos.
Com dificuldades, minha filha comprou um carro para
conseguir chegar ao término da faculdade, porque a mesma era de difícil acesso
(longe). Só que, com a tal da crise mundial, foi junto com milhares de pessoas
dispensada do emprego, ficando sem recursos suficientes por uns cinco meses e
com isto não podendo pagar o seguro obrigatório
de veículos e o IPVA. Consequentemente, ela foi impedida de
transitar com o veículo porque se fosse autuada dirigindo corria o risco de
ficar sem o mesmo até que tivesse dado a César o que o mantém no poder: IMPOSTOS.
Quando tentei abrir um pequeno negócio para meu
sustento, fui obrigada a desistir,
pois somando todas as taxas que teria de pagar para enfim ter um rendimento
mensal, descobri que precisaria primeiro ter um rendimento mensal que me
permitisse sustentar o negócio por um bom período para que depois ele me
sustentasse. E aí se foi minha esperança de contribuir com o próximo, esperança
de colocar no mercado nem que fosse uma vaga de emprego para um dos muitos
cidadãos desempregados deste país. Acho que este seria um dos papéis de um
governo - se é que precisamos de governo - que realmente quer fazer a
diferença: deixar o empreendedor livre
de tantos tributos para que possa
investir mais no empregado, que é o seu capital de giro.
Aluguei nosso imóvel para uma pessoa que vive às
custas de leis a seu favor. Exemplo: ela ocupa o imóvel com contrato e tudo mais
registrado em cartório. A partir do segundo mês passou não mais pagar nenhum dos encargos
(aluguel, luz, condomínio etc), e quando se entra com ação de despejo contra
ela, as regras da justiça são favoráveis a ela, pois a partir daí ela tem de 3
a 6 meses para desocupar o imóvel, isenta de pagamentos - e vem vivendo assim sem
se importar com as regras ditadas para pessoas de bem. E outra: se os lesados
por ela alardearem isto, ela recorre à justiça e pode ser indenizada por danos
morais. E o mais impressionante é que, nestes casos, a justiça trabalha com mais
rapidez quando o caso favorece pessoas deste tipo, mostrando como a justiça é
cega.
Mantenho os meus compromissos todos em dia, mas quando
tenho algum problema com serviços que o governo regula descubro que, os deveres eu
tenho de manter em dia, mas meus direitos, ah, aí são tão regulados e tão cheios
de brechas, que acabam auxiliando aqueles que nos lesam.
Quando os direitos que instituíram para mim são
violados, mesmo tendo cumprido com meus deveres, a indignação me visita e me
sinto tentada a escrever como estou fazendo agora e perguntar: Quem sai ganhando com tantos regulamentos
sem nos perguntar se queremos ou não ser taxados para sermos regulados? E
com minha indignação eu mesma respondo:
- Ganham aqueles que tudo fazem para que o povo não
tenha acesso ao conhecimento, o que o levaria a pensar e escolher sem medo como
melhor viver.
- Ganham os filhos adotivos do governo
sustentados por nós através das bolsas esmolas. Veja bem, no meu entender
nenhum pai tem que receber bolsa alimentação para um filho freqüentar a escola;
o próprio pai deveria se indignar com isto porque o pequeno ser que hoje o
sustenta já está fadado a ser escravo sem direito a sequer se rebelar, pois não
terá conhecimento e esclarecimento bastante para saber que nasceu livre e foi
jogado na senzala para satisfazer aos inescrupulosos que tudo fazem para se
manter no poder e que cuidam para que não
se arrebente a cerca e nenhum dos seus escravos fuja em busca da liberdade que
todo ser humano almeja e tem direito.
- Ganham os marginais presos, cujas famílias recebem
uma contribuição mensal; marginais que não precisam trabalhar para ter alimentação; que
fazem rebelião, queimam colchões e fazem com que sejamos obrigados a pagar por mais colchões novos
para eles. Digo mais: não me falta compaixão como podem estar pensando, porque
o cidadão preso injustamente (e estes existem) se mantém no seu canto sem
participar dessas barbáries; e se chega a fazê-lo é porque a turba o seqüestra e
o obriga a fazer parte do tudo sem direito de escolha.
E como neste caso nós também somos obrigados a
obedecer tantas regras feitas para nos "favorecer", acabamos confiando
cegamente em falsas promessas de indivíduos que não querem o esclarecimento da
grande maioria - aquela maioria que o elegeu. Não precisamos de quem nos faça
promessas, temos que ter o direito de termos nossas próprias aspirações e o
direito ainda maior de ter a liberdade para cumpri-las com o nosso próprio
esforço.
O modelo de governo que ai se encontra se parece muito
com o modelo usado por meu ex-marido. Só que com uma diferença: o marido eu tive
a liberdade de escolher.
Não que eu venha agora a desculpar meu ex-marido; só quero
mostrar que ele apenas seguiu o exemplo extraído do meio em que vivemos - um meio no qual
tolher a liberdade do outro parece normal.
A duras penas estou aprendendo que não podemos abrir
mão da nossa liberdade em prol da
regulamentação de nossas vidas, algo que acaba sempre coroando de louros as minorias
compostas por agentes do mal disfarçados em agentes do bem.
Chega de condicionamento!