Eu
adoro doar. E convenci todos os brasileiros a doarem. Sou um gênio.
É
fato que gostamos muito de doar. E dado que todos os problemas que precisavam ser
resolvidos já estão resolvidos, este ano todos juntos doamos R$
2,5 bilhões para os partidos políticos.
Gosto
também do fato de que esta doação garante concentração de renda e evita que o
poder mude de mãos.
Tanto
que escolhi doar R$ 330 milhões para o PT, R$ 329 milhões para o PMDB e R$ 282 milhões
para o PSDB.
Para
aqueles que estão fora da festa, mas estão tentando entrar, doei apenas R$ 1 milhão.
Muito dinheiro; acho que não vão reclamar. Mas, se reclamarem, ninguém vai ouvir
e vida que segue. Temos de trabalhar mais para doar mais.
Eu
gosto de concentrar a renda em quem já é grande, forte, poderoso. (A polêmica
do João Amoedo não
participar de debates por imposição de outros candidatos mais
conhecidos, e por isso com maior intenção de votos, é acessória; logo, todos
esquecem.)
Com
todo esse dinheiro, vai sair cada filme lindo de TV, jingles emocionantes, e várias
declarações tresloucadas para atrair atenção e fazer com que aqueles candidatos
mais "loucos" fiquem mais conhecidos (e dos quais ninguém vai se
lembrar mais tarde).
Com
esse dinheiro todo, vai parecer que estamos no filme Feitiço do Tempo:
ouvindo os mesmo candidatos de sempre, falando dos mesmos problemas de sempre (saúde,
educação, segurança). Isso vem desde 1949... e não vai mudar. Ou vai, se
resolverem estatizar a produção de alimentos, como fizeram nossos vizinhos
venezuelanos: aí, sim, vamos começar a ouvir nas
campanhas promessas de que irão cuidar para que tenhamos mais acesso a
comida...
Eu
faço questão de colocar muito dinheiro na mão dos partidos que sempre foram
poderosos, para nada mudar. Melhor um mal conhecido, como diz o ditado.
Eu
sou eu, eu sou você, eu sou o povo brasileiro. Pela lógica democrática, foi o "povo"
que quis assim.