Dizer que o dinheiro é uma espécie de régua que
serve para mensurar o valor de bens e serviços é uma noção tão simples quanto
equivocada, a qual vem enganando excelentes economistas há séculos.
O dinheiro — ou, caso prefiram, a moeda — facilita
o cálculo econômico ao servir como uma unidade de conta, isto é, um meio comum
para precificação de bens e serviços. Ou, dito de outra forma, um pouco mais
científica, o dinheiro é um denominador comum para expressar as razões de
trocas (os preços) no mercado.
No entanto, qualquer troca sempre envolve valorações
subjetivas a respeito de mercadorias.
E tanto a oferta de mercadorias quanto as valorações subjetivas sofrem
constantes alterações. Consequentemente, e por definição, as razões de troca no
mercado são cambiantes. Por definição.
E, sendo também a moeda uma mercadoria (contendo
apenas uma diferença quanto ao seu grau de liquidez perante as demais
mercadorias, pois a moeda é a mercadoria mais líquida de todas), sua demanda e
oferta também variam normalmente, fazendo com que seu preço (seu poder de
compra) seja "não fixo". Por definição.
Assim, imaginar que o dinheiro possa ser uma
"medida" de valor — como se valor pudesse ser objetivamente mensurado —
contraria os princípios mais básicos da teoria do valor subjetivo
e da ação humana.
Valor pode, sim, ser comparado, mas somente ordinalmente (na forma de um ranking de preferências) e
pelo próprio indivíduo subjetivamente.
Jamais por terceiros e jamais de forma objetiva.
Sutis, mas, cruciais diferenças.