Se pudéssemos resumir em apenas uma frase o grande
problema do sistema financeiro mundial atual (e consequentemente da economia
mundial), seria este:
A má precificação de risco generalizada. The
wide-reaching mispricing of risk.
A causa? Exatamente, as medidas extraordinárias
dos Bancos Centrais dos países desenvolvidos, que estão mascarando
deliberadamente o risco subjacente.
Por isso, governos endividados até as orelhas
conseguem se financiar ao
menor custo de toda a história.
Por isso, AB Inbev consegue comprar concorrentes
alavancando-se com uma montanha de dívida a um custo irrisório.
Por isso, os bancos italianos estão à beira do precipício
repletos de créditos podres.
Por isso, os americanos conseguem hipotecas com
juros ainda menores do que do pico da bolha imobiliária dos anos
2000.
A má precificação do risco é como aquela rede de
segurança dos trapezistas: enquanto a rede está lá embaixo, todos treinam de
forma muito mais audaciosa; mas quando o show é para valer, ele têm de ser
muito mais prudentes. Não há rede lá embaixo.
A política dos Bancos Centrais consiste em sinalizar
ao mercado que a rede está lá embaixo, e ela é forte, capaz de segurar todo
mundo. Mas a verdade é que a rede não passa de uma ilusão.