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Belluzzo: ele entende de desvalorização. E de rebaixamento.
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Você tem alguma noção do real
tamanho do estado brasileiro?
Segundo
o Balanço Patrimonial de 2014, o setor público (União, estados e
municípios) detém um ativo total de R$
6,7 trilhões — mais precisamente, R$ 6.747.551.597.956.
Algumas curiosidades:
- a União é dona de 77% dos ativos
(R$ 5,2 tri)
- a União tem participações em
empresas que alcançam R$ 307 bilhões
- a União tem um patrimônio
imobiliário de R$ 677 bilhões
- os estados e municípios têm um
patrimônio imobiliário de R$ 362 bilhões
A simples venda, por exemplo, de participações
em empresas ou mesmo de imóveis em nome do governo já serviria para levantar
muitos recursos e, com isso, resgatar grande parte da Dívida Pública.
Mas não, não é possível cortar
nenhum déficit. Não tem de onde tirar dinheiro — dizem eles, com a maior
desfaçatez.
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Assistindo ao programa Roda Viva desta segunda-feira, em que
houve um debate entre os economistas Luiz Carlos Bresser-Pereira,
Luiz Gonzaga Belluzzo,
Marcos Lisboa, Samuel Pessoa e Amir Khair, é possível fazer uma breve
constatação: com os cabelos brancos não vem apenas a experiência, mas também a
teimosia, a convicção e a retrogradação.
Pelo que entendi, segundo Bresser-Pereira, Belluzzo e demais
desenvolvimentistas da UNICAMP, "não é da benevolência do açougueiro, do
cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas do câmbio
desvalorizado, dos subsídios à indústria, das tarifas alfandegárias, do gasto
público e dos créditos do BNDES."
Ver o senhor Bresser-Pereira divagar sobre os problemas da
economia brasileira é uma viagem no tempo. É nostálgico. Todos os problemas do Brasil
são causados por um suposto "câmbio valorizado" (o qual, diga-se de passagem, sofreu
uma brutal desvalorização
desde o primeiro advento de Dilma), pela "doença holandesa" (causada pelo fictício
câmbio valorizado), pela abertura da economia de 1990 (a qual, ao trazer
melhorias aos carros nacionais, teria fragilizado a indústria
nacional), pelos déficits
em conta-corrente (ínfimos em relação a, por exemplo, México,
Austrália,
Reino
Unido e, claro, EUA,
o que provavelmente significa que tais economias vão desaparecer do planeta) e
por aí vai.
Os mesmos economistas do Cruzado, do
congelamento de preços e salários, e das demais heterodoxias ainda estão
discutindo se abrir ou
não a economia — e com isso permitir que os brasileiros comprem produtos
que não sejam os da FIESP — é ou não é bom para o país.
Qualificar tais ideias de retrocesso é um carinho. Isso é o
casamento da teimosia com a tolice.
O fato é que grande parte dos economistas brasileiros não
merecem tal designação. Na melhor das hipóteses, são meros torcedores de
experimentos sociais, bem ao estilo Plano Cruzado: "Tem que dar certo".
Mas a boa economia ensina que só pode dar errado. E deu
errado. E seguirá dando errado. E eles seguirão tentando e usando você, pagador
de impostos, como cobaia.
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Bresser-Pereira
nunca decepciona
Keynesianos não
querem assumir a paternidade da filha