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"E aí, Barbosa, pra quanto vai o dólar?"
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O novo (velho?) ministro da Fazenda Nelson Barbosa
participou de uma conferência com investidores, nesta segunda-feira. O
objetivo? Tentar acalmar os ânimos e mudar a percepção deixada pela sua
primeira passagem no governo petista.
Qual o resultado? O dólar, sempre implacável, subiu
2% e ultrapassou R$ 4.
Como esperado, Barbosa deixou o mercado receoso. Preocupado.
Desconfiado. Suas palavras dizem "ajuste", mas todos sabem que no seu
coraçãozinho keynesiano o "déficit" tem um lugar mais que especial.
O dólar vai sendo o grande termômetro da
desgovernança brasileira em 2015. É o grande indicador da credibilidade do
atual governo. É quem sinaliza o quanto o mercado confia, ou desconfia, do
ministro da Fazenda. É ele quem "mede" a qualidade — ou falta de — da
política econômica do Planalto.
Quando Joaquim Levy foi empossado para substituir Guido
Mantega, o mercado apostava para ver quanto tempo ele duraria no governo
petista. A maioria não pensava que chegaria até dezembro — acho que muitos se
surpreenderam com sua
capacidade de engolir sapos. Mas certamente muitos viam em Levy não um
ponto de inflexão à política econômica até então adotada, mas sim uma espécie
de freio à irresponsabilidade na condução da economia. Pelo menos eu o via
dessa forma.
E por algum tempo adiantou. Levy teve êxito em estancar os
descalabros que estavam sendo feitos pelo governo Dilma. Impediu mais pacotes
de estímulos à economia e conteve a farra do BNDES e dos bancos públicos.
Digamos que ele tenha conseguido colocar a heterodoxia em standby.
Mas como Dilma não acredita no receituário do bom senso —
sua afeição ao keynesianismo-marxista é inflexível —, a presidente tem agora
em Barbosa um ministro muito mais alinhado com sua ideologia e propenso a
retomar a famigerada Nova Matriz Econômica. Por mais que ele diga 'não' a novas
medidas populistas, sabemos de qual fonte ele bebe.
O pior de tudo é que basta Barbosa não fazer absolutamente
nada para as finanças públicas se deteriorarem fortemente nos próximos meses. A
inércia do governo já é garantia de agravamento do quadro fiscal. Com a total
falta de governabilidade atual, esse parece ser o cenário-base. E dado a
natural propensão do ministro ao keynesianismo, se algo fizer, o resultado será
ainda mais desastroso.
Levy era o freio. Barbosa sempre foi o acelerador. E Dilma é
a direção. Se você remove o freio e a direção está errada, qual o resultado?
E o mercado já se deu conta disso. Já está calejado. Dependendo
de como as coisas andarem, dólar a R$ 4 poderá ser visto como uma pechincha.