Não surpreendem as falas e os fatos relatados na matéria
intitulada
"Fábrica das Pedaladas",
capa do caderno "Eu & Investimentos" do jornal Valor Econômico, publicado
na última sexta-feira. Na verdade, eles comprovam os infindáveis avisos e
previsões contidas
nos artigos do IMB há muitos anos.
O keynesianismo e o marxismo habitam o Palácio do Planalto
desde que a dupla Guido Mantega e Arno Augustin tomou posse. O que é pior, essa
linha heterodoxa de política econômica reflete precisamente o pensamento da
presidente Dilma, conforme revela a matéria por meio da afirmação de um
ex-ministro: "A presidente achou no Arno alguém que pensa como ela".
Mas é interessante tomarmos ciência de que havia dissenso no
Tesouro e, ao menos, alguns servidores enxergavam que as medidas tomadas pelo
governo estavam comprometendo a saúde fiscal e, possivelmente, o próprio
crescimento econômico do país. De fato, os técnicos do Tesouro inclusive
previram o rebaixamento da classificação de risco do Brasil no relatório
sigiloso ao qual o Valor Econômico teve acesso.
Arno, porém, ignorou os avisos e manteve sua convicção.
Mantega também. Tudo com a benção da própria presidente Dilma. O desastre
fiscal está aí para todos verem e não há contabilidade criativa que conseguirá
mascarar a realidade desta vez.
Por fim, resta claro que não adianta trocar a equipe
econômica quando a crença de Dilma na heterodoxia é inabalável. Conforme
desabafou Arno: "Fizemos tudo o que ela pediu e agora ela nomeia o Levy? Isso
não vai dar certo. Eu a conheço".
A matéria do Valor retrata os bastidores das pedaladas
fiscais. Contudo, ela revela muito mais do que apenas esse episódio, pois é uma
perfeita ilustração de como toda a política econômica foi (e é) conduzida no
governo Dilma. Todos os ingredientes estão lá: o dirigismo, a desconfiança no
mercado, a fé nos estímulos fiscais, o autoritarismo, a arrogância, a
incapacidade de ouvir, e a convicção de que, especialmente para 2014, o ano das
eleições, tudo era justificável.
Alguma dúvida sobre em quem deve recair a culpa pela pior
crise econômica brasileira em quase um século?