ENTREVISTA 48 - DIOGO COSTA
O culto à carga
foi um fenômeno bastante peculiar registrado entre os habitantes de
ilhas do Oceano Pacífico. Quando os nativos travaram contato com
estrangeiros (e suas tecnologias) que lá se instalaram temporariamente e
receberam cargas com suprimentos, seja de navio ou lançados ao solo por
aviões, criaram uma espécie de ritual religioso de imitação na forma de
andar e de se vestir na esperança de que essa reprodução espelhada de
comportamento fizesse com que os deuses enviassem do céu as mesmas
cargas que fizeram diferença na vida deles, desde grandes equipamentos
aos mais simples objetos pessoais.
Numa palestra proferida em outubro, Diogo Costa, professor de Ciência Politica do Ibmec de Minas Gerais e coordenador do OrdemLivre,
usou o exemplo para estabelecer uma interessante analogia com a
mentalidade desenvolvimentista tão cara aos políticos e governos no
Brasil e a cópia sistemática de políticas de outros países sem atentar
para o ambiente e os meios que as tornaram possíveis.
Nesta
entrevista ao Podcast do Instituto Mises Brasil, Diogo observa que o
Brasil é um país com vários exemplos do que se pode chamar de culto à
carga. "Somos um país amarrado a uma obsessão por modelos internacionais
pelo desenvolvimento dos países do Norte (Estados Unidos e Europa) e,
às vezes, a gente não sabe o que produziu aquele desenvolvimento e
simplesmente copia aspectos aleatórios àquela causalidade. Outro exemplo
disso que se pode notar de forma bastante clara são as políticas de
ação afirmativa implementadas aqui. (?) Então, se cria uma cota para
resolver o problema de alguma forma e a gente acha que com isso estamos
sendo progressistas em inclusão quando, na verdade, podemos estar
criando mecanismos de exclusão e importando problemas raciais que o
Brasil não teve".
Mestre em Teoria Política pela Universidade
Columbia (Estados Unidos), Diogo também abordou neste podcast questões
relacionadas ao desejo de parte dos libertários de que a política seja
reduzida ao máximo, à sua defesa por um liberalismo eclético, à
perspectiva libertária sobre os princípios de justiça, à mentalidade dos
operadores do direito e a forma como a legislação é vista por eles e
pela sociedade.
E se a história do libertarianismo brasileiro for
registrada futuramente em livro, Diogo será um dos seus personagens
principais por ter criado o OrdemLivre.org, uma das organizações
pioneiras no Brasil na difusão, promoção e defesa das ideias
libertárias. Diogo explica por quê e qual foi a sua motivação para criar
o OL no Brasil quando ainda morava nos Estados Unidos.