Entrevista
18 - Daniel Marchi
Daniel Marchi é um
dos fundadores do Grupo de Estudos de Escola Austríaca de Brasília e talvez o
principal articulador e difusor do pensamento Austríaco na capital do país.
Economista e servidor público (é especialista em regulação na Anatel), além do
fato de morar no Distrito Federal, conhece na prática a teoria da intervenção
do pensamento Austríaco a que também dedica seus estudos.
Perguntado sobre como
é defender uma perspectiva pró-mercado e pró-iniciativa privada numa capital
onde os incentivos para ser estatista são tão poderosos, Marchi afirmou:
"Há dois grandes
obstáculos aqui em Brasília: fazer com que as pessoas recuperem a capacidade de
abstração. Mais aqui do que em qualquer lugar do Brasil, a cabeça das pessoas
foi completamente estatizada, completamente dominada pelo pensamento estatista.
Quase ninguém aqui consegue conceber soluções fora do plano estatal, soluções
que se baseiem na livre celebração de contratos, na capacidade criativa dos
empresários, até mesmo na capacidade caritativa das pessoas. O primeiro desafio
é esse. Trazer uma abordagem que faça com que as pessoas consigam abstrair,
sair do quadradinho estatista.
O segundo obstáculo é
mostrar que você não é maluco e não está fazendo nenhuma piada. Porque quando a
pessoa demonstra um pouquinho de abertura e tem um pouquinho de sensibilidade,
ela percebe que o discurso liberal, o discurso voltado para a preservação da
propriedade privada, aquilo, no limite, conspira contra o emprego dela. Você
tem que mostrar que aquilo não é uma brincadeira, mas uma defesa séria do livre
mercado e da propriedade privada."
Nesta entrevista ao
Podcast do Instituto Ludwig von Mises Brasil, Marchi conta como e quando o
grupo de estudos foi criado e comenta as lições extraídas do primeiro Encontro
de Escola Austríaca de Brasília realizado em abril com apoio do Instituto Mises
Brasil e com palestras de seu presidente Helio Beltrão e
do professor Fábio Barbieri.
Católico, ele também respondeu sobre sua perspectiva a respeito da posição da
Igreja acerca do livre mercado e da propriedade, e como concilia sua posição
conservadora com as ideias libertárias.